domingo, 1 de dezembro de 2024

Discografias Comentadas: W.A.S.P. – Parte II

 

Helldorado [1999]
Com o line-up estabilizado, Lawless retornou às raizes com um álbum forte e voltado totalmente ao rock ‘n’ roll, sem firulas e sem toda aquela complexidade adquirida nos últimos registros. A sonoridade obtida aqui é uma volta ao estilo inicial, com um estilão a la “Blind in Texas”, de The Last Comand (1985). A faixa-título “Helldorado” já dá o tom do álbum, energética e descompromissada, feito os clássicos do AC/DC da década de 70. “Don’t Cry (Just Suck)”“Damnation Angels” e “Dirty Balls” trasbordam vigor roqueiro com uma levada bem criativa e despojada, muito diferente do que as bandas vinham fazendo no final dos anos 90. Outra faixa que marca toda a energia contida na voz de Lawless é a veloz “Cocaine Cowboys”, dona de grandes refrões, seguidos de ótimos solos de Chris Holmes. Creio que uma das frases de Lawless, ilustra bem o direcionamento adotado pela banda neste álbum: “Sabe quando você está andando pela rua e vê uma antiga namorada e ela olha diretamente para você? É como se você pensasse assim… Ei, porque não te como mais? Vamos relembrar os velhos tempos?”

Unholy Terror [2001]
O W.A.S.P iniciou o novo milênio com o pé direito, isto é, mais um tiro certeiro na sua inspirada discografia. O que chama a atenção logo de cara é a bonita capa, ficando muito mais bela na versão digibook. Calcado nas influências do sensacional The Headless Children (1989), Unholy Terror empolga do início ao fim. Com grandes riffs, “Let it Roar” inicia uma avalanche sonora e impressiona pela qualidade obtida até então pelo line-up vigente. Em seguida vem a poderosa e pegajosa “Hate to Love Me”, mas é o início melancolico de “Unholy Terror” e a sequência arrastada e emblemática de “Charisma” que fazem valer o álbum, trazendo, sobretudo, muito peso e criatividade. Destaque também para a bela semibalada “Evermore”. Na minha opinião, Unholy Terror é o último grande registro do W.A.S.P..
Dying For the World [2002]
Após a turnê para Unholy Terror, Chris Holmes foi substituído por Darell Roberts. Devido aos acontecimentos de 11 de setembro, Lawless decidiu lançar mais um trabalho repleto de letras carregadas e melancólicas, bem ao seu estilo. Mantendo a mesma linha dos últimos álbuns, Dying for the World traz uma sonoridade mais sombria e acrescenta um certo peso em suas musicas, que pode ser conferido nas boas faixas “Shadow Man” e “My Wicked Heart”, essa última, uma espécie de oração onde Mr. Lawless pede perdão a Deus pela raiva guardada em seu coração. Na sequência temos a contida “Black Bone Torso” e a rápida “Hell For Eternity”, esta que, por sinal, sería o modelo adotado pela banda para próximas e vindouras composições. O último destaque fica por conta da revoltada “Stone Cold Killers”, com guitarras bem sincronizadas e um solo pra lá de contagiante, encerrando de forma decente o bom andamento do petardo.
The Neon God: Part I – The Rise [2004]
Musicalmente e contextualmente falando, The Neon God vem na mesma linha do clássico The Crimson Idol (1992). Aqui conhecemos a história de um orfão que teve uma infância terrível no orfanato onde viveu e obteve sucesso em sua vida ao se tornar um falso messias. Pois bem, os arranjos e o balanceamento do álbum são tecnicamente perfeitos, as faixas te levam pela história como se fosse uma trilha sonora de um filme épico, a interpretação de Lawless é incontestavelmente precisa e emocionante. O bom andamento do disco deve-se muito a entrada do excelente Darrell Roberts no lugar do insano Chris Holmes: podemos constatar que as guitarras estão mais precisas e sincronizadas. Com uma variedade musical impressionante, “Overture” inicia o disco de forma marcante. Na sequência, temos uma rápida passagem acustica por “Why Am I Here”, para depois cair na típica hard rock “Wishing Well”. Os destaques também estão em “Sister Sadie”, na épica “The Rise”, na emocionante e pesada “Asylum #9” e na bela balada “What I’ll Never Find”. O disco é muito bem feito e Lawless não só merece um lugar ao sol entre os melhores compositores da história da musica pesada, como também merece um prêmio Grammy pela interpretação vocal.
The Neon God: Part II – The Demise [2004]
Com os fãs ansiosos pela segunda parte da história contada e inventada por Mr. Lawless, chegou às lojas The Neon God: Part II, vindo para completar a ópera rock do personagem fictício Jesse Slane, o falso messias. A história leva a uma reflexão interessante, ou seja, faz uma dura crítica ao comportamento repugnante da humanidade; claro, com uma boa dose de sarcasmo. Fica aqui um conselho, vale a pena ler o encarte e conhecer um pouco mais desta epopéia. O lado musical não difere muito da primeira parte, ou seja, traz todo aquele metal fundido às melodias características da banda, mas bem mais direto. O álbum abre com a inspirada “Never Say Die”, com um riff e um refrão atípico e bem elaborado pela dupla Lawless e Roberts. “Ressurrector” faz lembrar um pouco a fase Still Not Black Enough (1995). Na sequência, a arrastada e cadenciada “Demise” eleva o nível do petardo. Os outros destaques estão em “Come Back to Black”“All My Life” e na surpreendente e intensa “The Last Redemption”. Mais longa canção da carreira do W.A.S.P., com treze minutos, ela possui uma variedade impressionante e encerra as duas partes desta ópera rock com pompa. Um disco merecedor de elogios.
Dominator [2007]
Três anos após a sequência hollywoodiana e conceitual da dupla The Neon God, Lawless colocou no mercado um novo trabalho. Infelizmente, o disco não trouxe novidades em relação ao estilo musical da banda, que seguiu com aquele som mediano sem o brilhantismo de outrora. Um bom trabalho que não acrescenta mas também não mancha a reputação da banda. Temos bons momentos, como as aceleradas e virulentas “Long, Long Way to Go” e “The Burning Man”. Como destaque absoluto do álbum, posso citar a excelente “Heaven’s Hung in Black” que traz duas versões, sendo uma elétrica e outra acústica, uma verdadeira obra prima, que, ao longo de seus sete minutos, conta de forma melancólica a história de um soldado morto na guerra do Iraque que, quando tenta entrar no céu, acaba se deparando com um grande anjo que lhe diz que o terreno está lotado… justamente por causa das vítimas de seu próprio exército em ação no Oriente Médio. Ele não tem asas e os portões do Paraíso estão selados para ele.
Babylon [2009]
Após o morno Domination (2007), o W.A.S.P. retornou à velha forma com o insano e despojado Babylon. Um trabalho que retomou a áurea dos primeiros registros da banda, mas com um destaque negativo, o fato de contar com apenas nove composições, sendo duas covers. Apesar disso causar um certo incômodo nos fãs carentes por novidades, pode-se dizer que não há decepção, pois o disco consegue soar bem. Não há grandes hits, mas as faixas “Crazy”“Babylon’s Burning” e “Seas of Fire” mantêm o bom nível e a integridade da banda, sendo totalmente possível a inclusão delas em qualquer disco dos anos 80. Outros destaques ficam por conta da bela e surpreendente balada “Into the Fire” e os covers “Promised Land”, de Chuck Berry, e “Burn” do Deep Purple. Essa última, por sinal, simplesmente fantástica, um dos melhores covers do Deep Purple que já ouvi. Um disco excelente e que deve passar tranquilamente pela árdua prova de fogo… o tempo!
Finalizando, podemos dizer que Lawless e cia. chega bem em seus quase 30 anos de carreira, com uma discografia irrepreensível, e além de tudo buscando criatividade e se renovando ano após ano. Vida longa ao grande W.A.S.P.!

“Profana” (RCA Victor, 1984), Gal Costa

 


Após 16 anos na Philips, Gal Costa trocou de gravadora e assinou contrato com a RCA. Desde o seu álbum Gal Tropical (1979), Gal engatou uma sequência de álbuns que foram sucesso de público e crítica, elevando a cantora baiana de musa tropicalista para cantora de massa e grande vendedora de discos. Foi com esse status de estrela da MPB campeã em vendas que Gal Costa chegou à sua nova companhia fonográfica. 

Para gravar seu primeiro álbum pela RCA, Gal Costa cercou-se de pessoas de alto calibre da música brasileira, como o produtor Mariozinho Rocha, o músico e arranjador Lincoln Olivetti (1954-2015), a banda Roupa Nova (nas faixas “Chuva de Prata” e “O Revólver do Meu Sonho”), o saxofonista Léo Gandelman, o trombonista Serginho Trombone, o baterista Sérgio Della Monica (ex-Rita Lee & Tutti Frutti), o guitarrista Rick Ferreira, entre outros músicos talentosos. 

Lançado em novembro de 1984, Profana é um álbum marcado por uma diversidade musical notável. Se no álbum anterior houve um certo predomínio do romantismo, em Profana ele se resume a duas das doze faixas do disco. As demais faixas se dividem entre forró, frevo, rock e marchas carnavalescas, com canções de artistas consagrados como Caetano Veloso, Moraes Moreira (1947-2020), Jackson do Pandeiro (1919-1982), Gonzaguinha (1945-1991) e Gilberto Gil. 

A produção meticulosa de Mariozinho Rocha empregou um equilíbrio sofisticado entre instrumentos tradicionais e eletrônicos, capturando com precisão as tendências musicais daquele período. 

Um dado interessante neste disco é que Gal Costa voltou a flertar com o rock, um estilo que não é estranho para a cantora. Ela já havia experimentado o estilo na época do tropicalismo, no final dos anos 1960. Contudo, ao adentrar os anos 1970, quando tomou outros rumos, o rock praticamente desapareceu de seu repertório. Em Profana, Gal voltou a se aproximar do rock com vigor, provavelmente motivada pela nova geração do rock brasileiro que vinha ganhando projeção a partir de 1982 com o estouro da banda Blitz. Caetano e Gil, seus amigos de fé e irmãos de vida, também experimentaram com o rock em seus discos lançados naquele ano de 1984, respectivamente Velô e RaçaHumana.

Detalhe da contracapa do álbum Profana.

O álbum abre com “Vaca Profana”, composta por Caetano Veloso atendendo a um pedido de Gal Costa. Caetano estava em Barcelona, na Espanha, quando compôs “Vaca Profana”, o que explica a letra ter tantas referências à cultura espanhola, como Pablo Picasso (1881-1973), Movida Madrileña, Gaudí (1852-1926) e expressões em espanhol. A letra é cheia de metáforas, simbolismos e enigmas, permitindo as mais diversas interpretações. No entanto, a canção teve sua execução pública proibida pela Censura Federal por ser considerada ofensiva “à moral e aos bons costumes” devido à citação da palavra “tetas” e ao verso “gotas de leite bom na minha cara”, considerados de teor pornográfico. Os versos complexos de Caetano, cantados brilhantemente por Gal Costa, são embalados por um rock vigoroso, como há muito tempo a baiana não cantava desde sua fase tropicalista. 

Depois de um rock, Gal emenda com o xote estilizado de “Ave Nossa”, de Moraes Moreira e Béu Machado, cuja letra faz um trocadilho com o poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias (1823-1864), escrito por ele em 1843: “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá / As aves que aqui gorjeiam / Não gorjeiam como lá”, dizem os primeiros versos. Em “Ave Nossa”, esses versos ganham uma nova versão: “Minha terra tem pauleira / Desencanta e faz chorar / Mas tem um fio de esperança / Quando canta e quando dança / No assobio do sabiá”. 

O romantismo, tão presente nos álbuns anteriores, não poderia faltar em Profana. Embora em minoria, com apenas duas faixas, está muito bem representado. “Nada Mais”, primeiro momento romântico do disco, é uma versão em português de “Lately”, de Stevie Wonder, com letra adaptada por Ronaldo Bastos. Nesta canção, Gal Costa mostra toda sua capacidade como intérprete e o porquê de ser considerada uma das maiores cantoras da música popular brasileira de todos os tempos. 

Profana traz Gal Costa numa interpretação magistral em "Nada Mais",
versão em português de "Lately", canção de Stevie Wonder.

Em Profana, Gal Costa manteve uma tendência que vinha desde Gal Tropical e se repetiu nos discos seguintes: gravar pelo menos uma canção carnavalesca. O primeiro momento momesco do álbum é “Atrás da Luminosidade”, que encerra o lado 1 do disco. É uma canção sobre uma jornada sem rumo definido, guiada pelo desejo de experimentar a liberdade e a alegria do momento. O eu lírico se sente atraído pela energia e vitalidade da cidade, buscando a felicidade em cada esquina e interação. Ele encontra satisfação na simplicidade de ser observado, como um balão que sobe ao céu, e na eletricidade das conexões humanas e celebrações coletivas. 

Em clima de folia momesca, o lado 2 começa com a provocativa “Onde Está O Dinheiro”, uma marcha carnavalesca gravada originalmente em 1937 por Aurora Miranda (1915-2005), irmã de Carmen Miranda (1909-1955). Os versos, muito bem-humorados, são na verdade uma crítica às falcatruas dos políticos mal-intencionados que enriquecem com o dinheiro público. E pensar que ela foi composta em 1937. 

O romantismo retorna em “Chuva de Prata”, um bolero “açucaradíssimo” de Ed Wilson (1945-2010) e Ronaldo Bastos, no qual Gal Costa canta divinamente, acompanhada pelos membros do Roupa Nova fazendo o coro. A canção celebra um amor romântico e idealizado, evocando a imagem poética da lua e da chuva para ilustrar a paixão e o desejo. Fala sobre a esperança e a espera por um amor intenso e duradouro, simbolizado por um beijo molhado de luz. Convida a se entregar ao amor sem medo, acreditando na beleza e profundidade dos sentimentos.

Para o álbum Profana, Gal Costa regravou "Onde Está O Dinheiro",
marcha carnavalesca que foi sucesso na voz de Aurora Miranda, em 1937.

Na sequência, Gal Costa mostra mais uma vez sua versatilidade como cantora num medley de forró com trechos de três músicas numa mesma faixa: “Cabeça Feita”, “Tililingo” e “Tem Pouca Diferença”, esta última com participação especial de Luiz Gonzaga (1912-1989). 

Composta por Djavan, “Topázio” aborda a complexidade dos sentimentos humanos. Gal canta versos que exploram temas como amor, desejo e a busca por compreensão e equilíbrio emocional. A canção revela a dualidade entre a fragilidade e a força presente nas relações humanas. Embora seja uma composição de Djavan, ele próprio gravou “Topázio” depois de Gal, em 1986, para o seu disco Meu Lado. 

O álbum termina com o rock saudosista “O Revólver do Meu Sonho”, uma parceria de Waly Salomão (1943-2003), Roberto Frejat (na época, guitarrista do Barão Vermelho) e Gilberto Gil. Nesta faixa, Gal é acompanhada novamente pelo Roupa Nova como banda de apoio. A letra mistura referências culturais e pessoais para explorar a nostalgia, ao fazer citações que remetem à juventude de Gal: Beatles, Arembepe, Woodstock e verão da Bahia. Os versos fazem algumas citações de outras canções memoráveis como “Você por acaso esqueceu a buzina do vapor barato?” (“Vapor Barato”) e “As curvas da estrada de Santos / O motor fervia, o carro rugia, meu amor” (“As Curvas da Estrada de Santos”). 

A crítica musical recebeu bem o álbum Profana. Destacou a diversidade musical e a energia renovada de Gal Costa, bem como sua qualidade vocal e sua capacidade de transitar por estilos diferentes com desenvoltura. Foi visto como o melhor álbum da cantora desde Fantasia, lançado em 1981. 

Roupa Nova, em 1984, quando fez participações especiais em
duas faixas de Profana"Chuva de Prata" e "O Revolver do Meu sonho".

Em sua resenha sobre Profana na revista Veja, o jornalista Okky de Souza saudou a volta da “intérprete esfuziante e brincalhona” depois da “fase Dolores Duran”. Rosângela Petta, da revista Isto É, afirmou que o álbum de Gal é uma “retomada impressionante do velho pique” e o “retorno à mais pura interpretação, aliada a uma fantástica miscelânea de guitarras e arranjos caprichadíssimos”. 

Das dez faixas de Profana, as que alcançaram grande sucesso foram “Chuva de Prata”, “Nada Mais”, “Onde Está O Dinheiro” e “Vaca Profana”. Duas faixas fizeram parte de trilhas sonoras de novelas da Globo: “Nada Mais” em Corpo a Corpo (1984), de Gilberto Braga (1945-2021), e “Chuva de Prata” em Um Sonho a Mais (1985), de Daniel Más (1943-1989). O sucesso dessas canções nas paradas de rádio impulsionou as vendas de Profana, que alcançou a marca de 400 mil cópias. Em meados de 1985, Gal Costa ganhou um programa especial de TV através da Rede Manchete, o Gal Costa Especial – Profana. 

Em setembro de 1985, ano em que Gal celebrou 40 anos de vida, a cantora baiana lançou Bem Bom, mais um álbum de grande êxito comercial que emplacou sucessos como “Sorte” (dueto com Caetano Veloso) e “Um Dia de Domingo” (dueto com Tim Maia), esta última um dos maiores sucessos radiofônicos do Brasil naquele ano. Com Bem Bom, Gal Costa fechou o ciclo de álbuns com altos índices de vendas. A partir de então, seus discos seguiram vendagens mais modestas.

 

Faixas

Lado 1

1.      "Vaca Profana" (Caetano Veloso)

2.      "Ave Nossa" (Moraes Moreira - Beu Machado)

3.      "Nada Mais" ("Lately") (Stevie Wonder - versão de Ronaldo Bastos)

4.      "Atrás da Luminosidade" (Luiz Carlos Sá - Teca Calazans)

5.      "De Volta Ao Começo" (Gonzaga Jr)

 

Lado 2

6.      "Onde Está O Dinheiro?" (José Maria de Abreu - Francisco Mattoso - Paulo Barbosa)

7.      "Chuva de Prata" - Participação Especial Roupa Nova (Ed Wilson - Ronaldo Bastos)

8.      "Cabeça Feita (Jackson do Pandeiro - Sebastião Batista da Silva)/ "Tililingo" (Almira Castilho) / "Tem Pouca Diferença" (Durval Vieira)

9.      "Topázio" (Djavan)

10.  "O Revólver do Meu Sonho" (Waly Salomão - Roberto Frejat - Gilberto Gil)


Ouça na íntegra o álbum Profana.

"Vaca Profana" (Gal Costa em
apresentação de TV, em 1984)

"Nada Mais", (videoclipe
exibido no "Fantástico",
TV Globo, em 1984)


"Chuva de Prata" (videoclipe
exibido no "Fantástico", 
TV Globo, em 1985)

Classificando os 10 melhores álbuns de estúdio de George Strait

 Estreito de George

Em 1981, George Strait lançou seu álbum de estreia. Com seu visual de cowboy e seu estilo tradicional honky-tonk , sua imagem e som estavam a um mundo de distância das tendências country predominantes da época. No entanto, as pessoas o amavam. 40 anos depois, elas ainda o amam. Hoje, Strait é reconhecido como uma lenda da música country . Com mais de 100 milhões de álbuns vendidos e 60 sucessos número um em seu currículo, ele é um dos artistas mais vendidos de todos os tempos. Aqui está nossa escolha dos 10 melhores álbuns de George Strait de todos os tempos, classificados.

10. Carrying Your Love With Me

Como diz tasteofcountry.com , uma crítica ruim de um dos álbuns de George Strait geralmente começa com algo como: "George Strait nunca fez um álbum ruim, mas..." e termina com elogios efusivos ao estilo atemporal do cantor. Esse é o caso de Carrying Your Love With Me. Ele pode ter chegado apenas ao 10º lugar em nossa lista, mas não se engane - este é um álbum lindo. Lançado em 1997, três de seus quatro singles subiram para o primeiro lugar nas paradas country, enquanto o álbum em si conseguiu ganhar o Álbum do Ano da CMA e o Álbum do Ano da ACM de 1998. Desde então, foi certificado três vezes como platina.

9. Honkytonkville

Como diz Live About , Strait sempre teve um talento especial para escolher as músicas certas para seus álbuns, algo que é mais do que óbvio no Honkytonkville de 2003. Não há uma semente ruim no grupo, embora menção especial deva ser feita a I Found Jesus on the Jailhouse Floor, Tell Me Something Bad About Tulsa e o hit número 2. Cowboys Like Us. Lançado em 10 de junho de 2003, o álbum chegou ao número 1 nas paradas country e ao número 5 na Billboard 200.

8. It Just Comes Natural


Com 15 faixas em seu nome, It Just Comes Natural é muito mais longo do que a maioria dos álbuns de Strait. Mas, diferentemente da maioria dos álbuns longos, não há uma única peça de preenchimento para ser encontrada. Do emocional I Ain't Her Cowboy Anymore ao single nº 1 Give It Away e o dancehall-ready How 'Bout Them Cowgirls, cada faixa é essencial para ouvir. Lançado em outubro de 2006, o álbum disparou para o nº 1 na parada Billboard Top Country Albums e nº 3 na Billboard 200, eventualmente certificando-se como Platina.

7. Troubadour


Em 2008, Strait lançou seu 35º álbum de estúdio, Troubadour. Cada uma das doze faixas é forte, com a valsa country It Was Me e a introspectiva faixa-título se destacando como destaques particulares. O álbum subiu para o primeiro lugar na Billboard Hot 100 e Top Country Charts. Ele também conseguiu ganhar um Grammy Award de Melhor Álbum Country – o primeiro da carreira de Strait.

6. Pure Country

Em 1992, George Strait fez sua estreia como ator em “Pure Country”. Não contente em apenas estrelar o filme, ele também forneceu sua trilha sonora inteira. O filme ficou aquém das expectativas, mas o álbum as superou, vendendo mais de 6 milhões de cópias e se tornando um dos álbuns de maior sucesso de Strait até hoje. Como curiosidade, foi o primeiro álbum de Strait a ser produzido por Tony Brown, que desde então passou a produzir todos os seus álbuns subsequentes.

5. The Road Less Traveled

Quando chegou a hora de gravar seu 21º álbum, Strait estava com vontade de misturar as coisas, aumentando a percussão, adicionando alguns sintetizadores e até mesmo se envolvendo com algum aumento vocal estilo Cher. Os críticos não gostaram da saída de seu estilo country direto e usual, mas os fãs gostaram, enviando The Road Less Traveled para o primeiro lugar nas paradas country e o nono lugar na Billboard Hot 100. As faixas de destaque incluem Good Time Charley's e My Life's Been Grand, escrita por Merle Haggard.

4. Does Fort Worth Ever Cross Your Mind

Por anos após fazer sua estreia impressionante, Strait provou que estava nisso para o jogo longo com seu quarto álbum, Does Fort Worth Ever Cross Your Mind. Os singles – The Cowboy Rides Away e o contagiante The Fireman – foram todos grandes sucessos, mas a verdadeira magia está em cortes profundos como o dedo do pé I Should Have Watched That First Step e o alegre Any Old Time. Lançado em setembro de 1984, o álbum alcançou o primeiro lugar nas paradas country e foi certificado como Plantinum após exceder as vendas de álbuns de 1 milhão nos EUA.

3. Ocean Front Property


Em janeiro de 1987, Strait lançou seu 7º álbum de estúdio, Ocean Front Property. Repleto de músicas fortes como Am I Blue, All My Ex's Live in Texas, Burning Flames e My Heart Won't Wander, não poderia falhar - e certamente não falhou. Descrito pela All Music como "um replayer perfeito" e "ótimo se você gosta de cantar junto", consolidou a reputação de Strait como alguém cuja música poderia se conectar tanto com os críticos quanto com os fãs. Desde que estreou em primeiro lugar na parada Billboard Top Country Album's (seu primeiro álbum a fazê-lo), foi certificado 2x multiplatina pela RIAA.

2. Strait Country


Na virada da década de 1980, os artistas country foram consumidos pelo sucesso crossover , com o resultado de que a produção exagerada e os sons pop tomaram conta. Mas então apareceu um artista desconhecido chamado George Strait com um som honky-tonk e uma abordagem assumidamente de volta ao básico. Graças à combinação da formidável composição de Dean Dillon e do maravilhoso barítono de Strait, a estreia de Strait foi um sucesso, alcançando a posição 26 na Billboard 100 e certificando-se como platina pela RIAA.

1. Blue Clear Sky


O 16º álbum de estúdio de Strait, Blue Clear Sky, o encontra em ótima forma. A lista de faixas é incrivelmente forte, com o estilo Western I Can Still Make Cheyenne, o reflexivo She Knows When You're On My Mind e o irresistivelmente divertido Do The Right Thing se destacando como destaques principais. Lançado em abril de 1996, o álbum alcançou o primeiro lugar nas paradas country, o sétimo na Billboard Hot 100 e, eventualmente, recebeu 3x multiplatina após vender mais de 3 milhões de cópias.

Yello “One Second” (1987)

 Quando se fala dos pioneiros da pop eletrónica há que juntar aos primeiros experimentadores alemães os ecos imediatos que geraram no Reino Unido (através de primeiras bandas como os Human League ou Orchestral Manouvevers in the Dark) ou no Japão (sobretudo por via da Yellow Magic Orchestra). Contudo, a história da geração pop eletrónica surgida ainda antes da viragem para os anos 80 contou com outros pioneiros em diversos outros polos, sobretudo na Europa continental. E aí há que juntar nomes como os belgas Telex ou os suíços Yello. Formados em 1979, os Yello são um dos nomes mais marcantes (e longevos) da primeira geração pop electrónica. Contudo, muitas vezes, injustamente esquecidos… Dupla suíça constituída por Dieter Meier e Boris Blank, na origem contando ainda com Carlos Perón (que deixou o grupo em 1983), os Yello demarcaram cedo um terreno muito próprio ao estabelecer, além de um trabalho vocal baseado na exploração rítmica dos sons, um diálogo, de personalidade sempre vincada, entre as electrónicas e um evidente interesse por músicas de geografias menos comuns, dos grandes universos das culturas latinas ao mundo árabe e outros. Tudo isto, mais um inevitável tempero de algum nonsense e bom humor… Os Yello devem muito do seu carisma (e identidade) à conjugação das personalidades do vocalista e conceptualista Dieter Meier (industrial milionário e membro da equipa nacional de golfe do seu país) e do compositor e arranjador Boris Blank e, sobretudo na década de 80, criaram algumas das mais desafiantes composições pop definidas sobre ferramentas electrónicas do seu tempo.

Depois de um conjunto de três álbuns “Solid Pleasure” (1981), “Claro Que Si” (1981) e “You Gotta Say Yes to Another Excess” (1983), pelos quais tatearam os fundamentos de uma linguagem e da identidade que esta ajudou a demarcar, revelaram em “Stella” (1985), o primeiro momento de afirmação plena de um caminho encontrado. O álbum, que representou o primeiro após a saída de Carlos Perón, iniciou uma etapa que, sem a carga mais exploratória dos discos anteriores, mas firme na afirmação de uma série de elementos que esses três primeiros álbuns tinham ajudado a encontrar, aproximou a música dos Yello de formas mais próximas da canção pop, usando a seu favor nova tecnologia e as potencialidades de um estúdio digital. O álbum incluía “Oh Yeah”, canção (re)descoberta pouco depois em bandas sonoras de vários filmes, entre os quais a comédia “O Rei dos Gazeteiros,” de John Hughes (com Mathew Broderick como protagonista). Editado em 1987, um ano depois do filme, o quinto álbum dos Yello não só aprofundou os caminhos experimentados em “Stella” como aprofundou o desejo do grupo em alargar a paleta de vozes nas suas canções, contando com presenças como as de Shirley Bassey (no elegante “Rhythm Divine”), Billy McKenzie (dos Associates, em vários momentos) ou Farida (a voz falada em “Le Secret Farida”). O álbum abre em clima latino com “La Habanera”, baralha geografias em “Santiago”, sugere climas cinematográficos em “Hawaian Chance”, mergulha num inesperado twist hardcore em “Si Senor The Hairy Grill”, brilha com eloquência em “Call It Love” ou o já citado “The Rhythm Divine” e encontra em “Goldrush” o mais perfeito desenho de canção pop à la Yello. A música dos Yello tinha evoluído, com sucesso, de um terreno mais experimental para, sem cedências descaracterizadoras, evoluir para um novo patamar que os colocou sob atenções de uma plateia mais alargada. Na verdade só por uma vez, e no álbum seguinte (“The Flag”, em 1988), os vimos num Top 10 de singles no Reino Unido. Mas, em vários terrenos da Europa continental, os Yello alargaram e cimentaram então uma base de admiradores que, ainda hoje, 45 anos depois dos primeiros passos, ainda os acompanha. 



Philip Glass “Songs From Liquid Days” (1986)

 É pop, mas não é pop. É clássico, mas não é clássico. Os jogos de paradoxos que eventualmente possam morar na identidade da música de Philip Glass, sobre os quais o próprio graceja no episódio a si dedicado pela série “Four American Composers” (de Peter Greenaway), ganharam expressão maior em “Songs From Liquid Days”, um ciclo de canções que o compositor criou para edição em disco em meados dos anos 80. Por essa altura Philip Glass tinha há alguma experiência na criação de música vocal, não só através dos seus primeiros trabalhos para os palcos da ópera, mas também na canção “A Gentleman’s Honour” integrada em “The Photographer”, valendo a pena referir que datam de finais dos anos 70 e inícios dos 80 colaborações suas em estúdio com bandas indie como os Polyrock ou Raybeat. Mas a ideia de trabalhar mais a fundo a canção era um desafio a enfrentar.

A canção, que o compositor identifica nas notas que acompanham o disco como a “mais básica das formas de expressão musical”, era, em meados dos anos 80, um objectivo na sua linha do horizonte. E o ponto de partida foi encontrado em palavras pedidas a David Byrne, com quem já antes havia trabalhado. A ele juntou as colaborações (na escrita) de Paul Simon, Suzanne Vega e Laurie Anderson, figuras com experiência em campos pop/rock que admirava não apenas pelo seu trabalho de composição mas também pela carga poética expressa nas respetivas canções. Só depois de encontrados os poemas avançou a composição. E, no fim, as vozes. Assim se juntaram num mesmo disco, nomes como os acima citados e ainda os de Linda Rondstat, Douglas Perry, The Roches ou o Kronos Quartet. 

“Songs From Liquid Days”, que precede futuras composições e arranjos para as vozes de Marisa Monte, Pierce Turner, Mick Jagger, Natalie Merchant ou Ute Lemper e, mais tarde, um novo ciclo de canções com poemas de Leonard Cohen, é um herdeiro directo da relação próxima com a cultura popular partilhada por algumas figuras da “vanguarda” nova-iorquina dos anos 70 e, ao mesmo tempo, um fruto do progressivo trabalho para lá dos fundamentos básicos do minimalismo nos quais nascera a linguagem musical de Philip Glass. Notam-se não apenas sinais de um mais largo espectro de soluções nos arranjos (que o projeto para disco “Glassworks”, de 1982, já havia sugerido) e ainda ensinamentos colhidos em primeiras experiências na ópera.

Disco que revela assim uma ideia algures numa aparente terra de ninguém entre mundos distintos, “Songs From Liquid Days” pode ser hoje encarado como um marco fundamental na história da abolição progressiva de velhas barreiras de género na música que, entretanto, tanto levou um Sufjan Stevens a desafiar os horizontes da linguagem pop/rock num “Age of Adz” ou um Osvaldo Golijov a integrar as novas electrónicas em “Ayre”.



Grace Jones “Slave To The Rhythm” (1985)

Uma única canção para o alinhamento de um álbum? Ou, para sermos mais precisos, um álbum inteiro feito de variações de uma mesma canção? Essa era a ideia e assim se materializou “Slave To The Rhythm”, álbum de 1985 que partilha com “Nightclubbing”, de 1981, o estatuto de ser referência maior na discografia de Grace Jones.

A ideia na verdade nascera para os Frankie Goes To Hollywood na sequência de “Relax”. E podemos aqui recordar que tanto esse single como o seguinte, “Two Tribes”, conheceram também versões e variações que sugeriam já uma possível abordagem deste teor entre o espaço de desafio pelo qual a ZTT, editora então fundada pelo produtor Trevor Horn e pelo jornalista Paul Morley e nessa altura dava também já que falar pelos discos dos Art of Noise e Propaganda.

Depois de um primeiro tríptico disco lançado em finais dos anos 70 (já lá regressaremos) e de um segundo registado nos Compass Point Studios nas Bahamas, no qual experimentou com sucesso uma nova relação com os espaços do reggae, o dub, o funk e as electrónicas, Grace Jones tinha alcançado um novo patamar de visibilidade no cinema com papéis de algum relevo na sequela de “Conan, O Bárbaro” e “007: Alvo em Movimento”, o filme da série James Bond que teve canção assinada pelos Duran Duran (ou seja, “A View To a Kill”). Foi de resto dessa vivência que terá eventualmente nascido a colaboração com o projeto Arcadia no single “Election Day”.

É assim que, no auge da fama, Grace Jones se alia à equipa de Trevor Horn para criar “Slave To The Rhythm”, uma sinfonia pop em oito andamentos – ou oito canções, se preferirem – entre elas surgindo excertos de uma entrevista conduzida por Morley na qual a cantora, atriz e modelo passa por memórias. A mesma voz surge depois em variações possíveis dos mesmos versos, entre abordagens instrumentais distintas promovidas como mais que simples manobras de remistura ou novos arranjos. Há de facto em “Slave to The Rhythm” uma busca de caminhos possíveis tendo por ponto de partida uma só canção pop – a que dá título ao disco. Ideias moldadas e unidas entre si pela a produção de fôlego épico com a assinatura de Trevor Horn e da equipa que com ele então dava forma a visões que então marcavam a identidade do som da ZTT Records.

É depois impossível não referir igualmente o brilhante trabalho gráfico concebido a partir da manipulação, pela fragmentação e repetição, de uma foto de Jean Paul Goode, que definiu aqui uma das mais icónicas imagens de Grace Jones. No fundo a imagem acolhia as mesmas sugestões de multiplicidade de visões e leituras que o álbum revelava a partir de um elemento inicial comum.



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