quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

CRONICA - WOBBLER | From Silence To Somewhere (2017)

 

WOBBLER é um grupo norueguês formado em 1999 com o desejo de perpetuar a tradição do Rock Progressivo dos anos 70 praticado por YES, EMERSON LAKE & PALMER, KING CRIMSON, JETHRO TULL, GENESIS, VAN DER GRAAF GENERATOR, GENTLE GIANT, PREMIATA FORNERIA MARCONI. Desde a sua criação, o WOBBLER acumulou muita experiência e lançou vários álbuns.

Em 2017, ao entrar em estúdio, WOBBLER está prestes a gravar seu 4º álbum. O álbum anterior,  Rites At Dawn , já data de 2011 e desde então houve uma mudança na formação do WOBBLER com a saída do guitarrista Morten Andreas Eriksen e substituído por Marius Halleland. O 4º álbum do WOBBLER, produzido pelo próprio grupo, foi finalmente lançado em 20 de outubro de 2017 e foi intitulado  From Silence To Somewhere .

As influências dos grupos de Rock Progressivo dos anos 70 mencionados no primeiro parágrafo estão muito presentes neste álbum e os integrantes do WOBBLER fizeram questão de cuidar de suas composições longas, densas e intensas. O trabalho deles é admirável, basta mergulhar em "From Silence To Somewhere", uma peça musical de 21 minutos para se convencer: cada músico se superou para colocar sua técnica a serviço da melodia, da coesão do grupo , que permite admirar as muitas mudanças de ritmo, atmosfera, temas, a alternância entre passagens mágicas e majestosas e momentos tempestuosos. Por outro lado, o canto intervém de forma suave e serena a partir dos 3'30 e o grupo oferece uma viagem multifacetada, nomeadamente através de longas faixas instrumentais que dominam os debates. Esta peça musical é bastante difícil de aceder e é preciso estar com o cinto de segurança bem apertado para suportar esta “viagem”, para a absorver bem. Em "Foxlight", composição de 13'19, o grupo norueguês gratifica o seu mundo com um soberbo trabalho de ourivesaria ao nível melódico: a peça começa suavemente com melodias encantadoras e dura 4 minutos, depois a bateria, as guitarras e os teclados aumente a pressão crescendo para endurecer o tom, o canto intervindo após 5 minutos. A peça faz então o ouvinte viajar por vários países, permitindo-se mesmo o grupo por vezes a fazer algumas piscadelas ao Renascimento italiano. Com uma duração ligeiramente mais curta (pouco mais de 10 minutos), "Fermented Hours" arranca à velocidade máxima com um ritmo sustentado, guitarras e teclados em alerta, vocais agudos mas dominados, marcados por passagens tempestuosas e algumas calmarias e a particularidade desta peça é a presença de uma passagem cantada e falada em italiano. Entre "From Silence To Somewhere" e "Fermented Hours", a instrumental "Rendered Shades Of Green" que dura pouco mais de 2 minutos serve como um momento de pausa, de transição, de calma; sobretudo porque evolui num andamento lento, baseado no piano, com melodias quase atmosféricas, permitindo prender a respiração. a instrumental “Rendered Shades Of Green” que dura pouco mais de 2 minutos serve como um momento de pausa, de transição, de calma; sobretudo porque evolui num andamento lento, baseado no piano, com melodias quase atmosféricas, permitindo prender a respiração. a instrumental “Rendered Shades Of Green” que dura pouco mais de 2 minutos serve como um momento de pausa, de transição, de calma; sobretudo porque evolui num andamento lento, baseado no piano, com melodias quase atmosféricas, permitindo prender a respiração.

Alternadamente pungente, enfeitiçante, encantador, melancólico e vigoroso,  From Silence To Somewhere  é um belo e franco sucesso no estilo Rock Progressivo. Este álbum relembra as mais belas horas do Rock Progressivo dos anos 70 e os músicos colocam o seu know-how ao serviço do seu amor pelos grupos do estilo que se destacaram nesta década. De qualquer forma, há uma boa chance de que aqueles que apreciam o Rock Progressivo dos anos 70 apreciem este álbum.

Tracklist:
1. From Silence To Somewhere
2. Rendered Shades Of Green
3. Fermented Hours
4. Foxlight

Formação :
Andreas Wettergreen Strømman Prestmo (vocal, guitarra, glockenspiel, percussão)
Marius Halleland (guitarra)
Kristian Karl Hultgren (baixo)
Martin Nordrum Kneppen (bateria)
Lars Fredrik Frøislie (teclados)

Gravadora : Karisma Records

Produtor : Wobbler

Recomendação Semanal - Troubled Mind


De Móstoles, Espanha, vem o Troubled Mind, banda que surgiu em 1992 pelas mãos de David Fernández e Carlos Aguilera. Até por volta do ano 2000, vários outros foram feitos, variando do metal clássico ao metal progressivo direto. Devido a diferentes projetos dos integrantes da banda, esta foi separada até a chegada de 2013 onde a formação da banda finalmente estaria completa. Uma última mudança de baterista em 2016 seria necessária para ter a formação atual e catapultar os espanhóis para lançar seu primeiro EP autoproduzido chamado Timeless.

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O referido EP de aproximadamente 22 minutos de duração é composto por 4 músicas variadas que detalharemos uma a uma.
Começamos com a música homônima do EP, Timeless. Desde o início, nota-se um frescor composicional que atribuo à mistura de diferentes gêneros dentro do metal, alimentando a criatividade e dando lugar a um início vertiginoso que me lembra os primórdios do que é o metal progressivo. De mãos dadas com o teclado chegamos ao tema principal da música para que a guitarra e o baixo sejam os protagonistas durante o primeiro verso. Um pré-refrão marcado e um refrão com o tema principal já descrito dão ao EP um vigoroso arranque. Uma parte instrumental onde a guitarra e o teclado executam alguns solos bastante técnicos que culminam no refrão. Um começo poderoso e cativante.
Continuamos com Travel, um corte mais simples em termos de estrutura onde a voz traz todo o seu destaque. Uma música alegre e bem rock, com um solo de guitarra mais que memorável que dá um toque épico à faixa. Muito boa música, simples e até o osso.
Com backing vocals e uma moeda giratória, entra The Winner, outro corte bem rock, com guitarra e órgão entrelaçados até a entrada da banda completa. O 'órgão de rock' conduz os versos. Uma pausa onde o teclado mais uma vez traz à tona sua técnica para dar lugar a uma parte mais calma e harmoniosa. O solo de guitarra não tem nada a invejar aos míticos solos extensos e completos que existem na indústria. Voltamos a algumas últimas seções vocais e nos despedimos com as mesmas vozes do início.
Em um piscar de olhos, chegamos à última música do EP, DragonLady. Um início frenético e técnico deixa clara a força da última música de Timeless. O frenesi não para nos teclados e com força entramos nos versos iniciais. A voz cumpre o papel de reafirmar a força que os instrumentos evocam. No que penso ser o refrão é onde a voz é mais valorizada e um dos momentos primorosos do EP. A parte instrumental que segue é simplesmente perfeita, onde cada instrumento coloca uma parcela de criatividade e genuinidade para que a soma seja maior que as partes separadamente. Um novo refrão nos encanta e uma pausa de piano continua a adicionar componentes positivos à mistura. Percebe-se uma espécie de construção que leva a um último refrão e ao final do EP.

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Em retrospecto, Timeless é um EP que joga pelo seguro, sem dúvida. Mas quem não faria isso se quiser divulgar sua música para gerar pessoas interessadas? E acredite, eles conseguem, com 22 minutos deixam uma essência clara e poderosa capturada. Caminhando do tecnicismo do progressivo à força do hard rock, Troubled Mind deixa-nos à espera do que conseguiriam com um LP, tomando as precauções que todo disco exige: não recair nas mesmas ideias, dar criatividade e significado único a cada música e gerar um fio condutor coerente e preciso. Se o fizeram com 4 canções (e da forma como o fizeram), não tenho dúvidas que o vão conseguir de longe, explorando o melhor que cada uma das suas influências lhes dá.
Um ponto separado é a produção do álbum. Como dito anteriormente, eles mesmos foram os responsáveis ​​pela produção de Timeless e apesar de o resultado final ser mais do que bom, ainda há muito o que trabalhar para que o frescor venha não só da composição, mas também de como essas composições são entregues a nós. .
Atemporal:
1. Timeless
2. Travel
3. The Winner
4. DragonLady

Adolfo García-Gutiérrez (Popy): Vozes
Carlos Aguilera: Teclados
David J. Fernández: Guitarras
Nacho Loras: Baixo
Javi Soriano: Bateria

Resenha: "Redshift" de Michell Guzman


Natural de Chicago, Illinois - EUA, e de raízes latinas, Cuenca - Equador, chega Michel Guzmán, músico e compositor multi-instrumentista, que se mantém na cena desde 1995 participando de bandas como Anacrusa- La Luna en el Solsticio, e colaborando com outros projetos de músicos equatorianos, com claras influências Pink Floydian e Porcupine Treean, é uma referência clara para o rock instrumental latino-americano, cheio de sonoridades espaciais, ecléticas, new age e ambientais.

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Dono de um grande feeling e grande habilidade com o violão, ele nos mostra sua maestria em um álbum lançado em 1º de agosto deste ano intitulado redshift, álbum que demonstra seu crescimento cultural e musical ao longo de sua carreira, este é composto por 11 faixas que são maioritariamente instrumentais, a parte lírica é sobretudo proporcionada por diálogos de filmes de ficção científica dos anos 50, que pessoalmente me interessam, e conferem-lhe um certo apelo para o público que prefere as faixas instrumentais, com um certo toque cósmico e espacial .
O álbum está dividido em dois capítulos, cada canção entre capítulos é acompanhada por cortinas musicais new age e ambient, é uma obra repleta de viagens, que podem variar entre a paz e a tranquilidade, à agressividade e força desferidas por algumas paisagens equipadas. guitarras fortes e de metal.
Spotify: open.spotify.com/artist/2H8qRfBnXcYGnGOTgu2xNh
iTunes: https://itunes.apple.com/ec/album/redshift/id1247017093
Amazon: https://www.amazon.com/redshift Rojo-Michell-Guzman/dp /
B071KGP8YS
Capítulo 1 Capítulo 2
1 – Dromomania (Parte 1) 7 – O Vento do Sol
2 – Dromomania (Parte 2) 8 – Quadrantídeos
3 – Herdar as Estrelas 9 – Atlanthropa
4 – Conticinio (Parte 1) 10 – The uncanny valley
5 – A beleza da simetria 11 – Conticinio (Parte 2)
6 – Petricor
Dromomania pt, 1 e 2 são as faixas de abertura cheias de sons eletrônicos, frescos e mutáveis, de At this ponto o álbum já transborda de espacialidade, no pt.2 o artista demonstra sua habilidade no violão.
Inherits the stars é uma música um pouco mais ambiente, inicialmente dando um panorama escuro que se transforma em um panorama mais radiante graças aos teclados.
Conticinio pt.1 é uma cortina calma claramente influenciada pelo ambiente e new age, é a ponte perfeita entre a música anterior e a seguinte.
The Beauty of Symmetry é um tema um pouco mais agressivo, embora também tenha algumas paisagens suavizadas no início e no final do tema.
Petricor é um tema demasiado eclético e eletrónico, parece fresco e ao mesmo tempo rude old school, cheio de panoramas diferentes, sem dúvida um dos temas que mais me conseguiu chamar a atenção.
El viento del sol, a música que vai fazer você balançar a cabeça, tem um riff poderoso e cativante, teclados e guitarras combinam perfeitamente.
Cuadrantidas é provavelmente a faixa mais eletrônica e minimalista do álbum.
Atlantropa, essa música é na minha opinião a cereja do bolo, talvez seja pelo meu fanatismo por faixas longas, mas essa música soa ótima, muita diversidade de paisagens, fresca, psicodélica, sons espaciais, o baixo soa muito bem, é em si a conjunção perfeita entre rock pesado e ambiente.
The Uncanny Valley também é uma pista interessante, há uma mudança de cenário espetacular, um riff seco que soa bem.
Conticinio pt.2 o tema final, cheio de ecletismo, tranquilidade, escuridão e um pouco mais de todos os recursos utilizados por este grande artista.
Se você deseja saber mais sobre este artista e estar ciente de seu progresso, convido você a segui-lo nas redes sociais, com certeza seus próximos trabalhos não irão decepcionar.

João Gilberto e Stan Getz – Getz/Gilberto (1964)


 

É bossa nova? É jazz? Não, é Getz/Gilberto. Um dos discos definidores dos anos 60.

No final dos anos 50, no Rio de Janeiro, João Gilberto inventa a bossa nova, uma versão introspectiva do samba, com uma batida suave mas sincopada no violão, acordes jazzísticos e um canto quase sussurrado. O saxofonista Stan Getz foi dos primeiros americanos a apropriar-se do novo estilo, com o seminal Jazz Samba, de ’62. Mas Gilberto e Jobim escandalizam-se com a caricatura grosseira da sua refinada criação.

Lançam então o repto ao próprio Getz para um disco a meias, na condição de que a cama rítmica fique por conta dos brasileiros (João Gilberto no violão, Tom Jobim no piano, Milton Banana na bateria e Sebastião Neto no contrabaixo). Deste casamento entre Stan Getz e a fina flor da bossa nova nasce a perfeição de Getz/Gilberto.

O reportório foi escolhido a dedo: seis clássicos escritos por Jobim e dois sambas da velha guarda (“Doralice” de Dorival Caymmi e “Para Machucar Meu Coração” de Ary Barroso), como que para frisar a continuidade histórica entre a nascente do samba e a foz da bossa nova.

A estética é mais joãogilbertiana do que o costume, apurando o que já era depuradíssimo. Desaparecem os arranjos orquestrais com que Jobim ornamentou os três primeiros discos de Gilberto. A própria voz de João é agora mais contida e despojada. Para melhor degustação dos coloridos acordes tocados em bloco, o violão está tão destacado na mistura como a voz. A bateria de Milton Banana baixa o volume da batida dançante, numa estilização cada vez mais radical do ritmo do samba. O piano de Jobim é discretíssimo, pingos esparsos a cair do telheiro.

Astrud Gilberto, então mulher de João, canta nos dois singles: “Garota de Ipanema” e “Corcovado”. Foi a primeira gravação profissional da brasileira. À primeira audição torcemos o nariz ao seu quase amadorismo: o sotaque inglês é manhoso, a afinação está longe de ser perfeita. Depressa percebemos que o defeito é afinal virtude: a insegurança da voz sublinha a sua sensualidade inocente de mulher-criança.

O jazz só se intromete quando o saxofone de Getz assoma, interrompendo o balanço controlado de João Gilberto com a incerteza da improvisação. Muitos acham o seu timbre demasiado doce e delicado. Nós temos outra opinião, apreciando a sua tonalidade envolvente e sensual. O seu lirismo e imaginação melódica são encantadores. Getz vem do cool jazz mas ao pé da voz-silêncio de Gilberto o seu saxofone tenor parece água a ferver.

Enquanto João Gilberto recusa com intransigência qualquer artifício emocional, acreditando no poder intrínseco da canção, Getz não é tão dogmático, fazendo bonitos sublinhados emocionais. É o caso de “O Grande Amor”, com a sua introdução chorosa, quase fúnebre, e de “Só Danço Samba”, onde Getz é bluesy e eufórico, ofendendo a sensibilidade introvertida de Gilberto. É da tensão permanente entre estas duas “vozes” que provém grande parte do charme de Getz/Gilberto.

Conta-se que num destes momentos de divergência estética, João, com o seu olímpico mau feitio, exortou a Jobim: “diz a este gringo que ele não entende patavina de samba!” Tom traduz, com a sua costumeira elegância: “Stan, o João diz que o seu sonho de sempre foi tocar contigo”.

O disco foi um sucesso tremendo, vendendo dois milhões de exemplares na América. Só não liderou a tabela de vendas porque uns tais de Beatles tinham acabado de invadir o país. É um disco que capta um momento: depois do assassinato do Kennedy, parecia que aquela brisa de Ipanema – exótica e acolhedora – afastava os traumas para longe.

Getz/Gilberto é uma daquelas raras obras onde o público em geral e a elite crítica estão de acordo (o pior dos pesadelos dos hipsters, portanto, com o seu horror histérico a qualquer democratização do bom gosto). Nós gostamos da dobradinha. O ideal de Sophia cumprindo-se: o de “uma aristocracia para todos”…


The Raincoats – The Raincoats (1979)

Álbum inquestionavelmente seminal, The Raincoats é um dos expoentes máximos da ética do it yourself, pilar base da revolução punk ocorrida no final dos anos setenta.

Há que começar a conversa por relembrar que quem escancarou as portas para as mulheres no punk foram as Slits. É a própria Gina Birch, uma das fundadoras das Raincoats, que afirma que a vontade de formar uma banda surgiu após ver um concerto da banda londrina, e pouco após a formação houve inclusive uma transferência entre bandas – a baterista Palmolive deixou as Slits para se juntar às Raincoats, altura em que ficaram uma banda exclusivamente feminina. E eram-no de corpo e alma, na sua postura, nas suas músicas e nas suas letras, que passavam uma mensagem clara de vontade de emancipação da mulher e almejavam arruinar os estereótipos que dominavam a sociedade da altura.

Para além de Gina Birch, outra fundadora foi Ana da Silva, portuguesa pois então, originária da ilha da Madeira. Uma das histórias mais marcantes e quiçá que nos faz ainda hoje em dia ouvir as Raincoats ocorreu em 1993, tendo como figura central nada mais nada menos que Kurt Cobain.

Em Maio de 1993, o vocalista dos Nirvana escreveu nas notas do álbum “Incesticide” que as Raincoats tinham sido uma das bandas que mais o influenciaram. Mais ou menos por essa altura, Kurt passa por Londres à procura de uma cópia nova deste The Raincoats, já que a sua se encontrava danificada e foi à loja da Rough Trade, onde nem ali havia. Prestável, a empregada da loja forneceu a Kurt a morada de um antiquário onde Ana da Silva trabalhava, mas nem assim teve sorte – Ana não só não tinha o disco, como não reconheceu aquele rapaz loiro e enfezado, aceitando, após insistência, ficar com a sua morada. Só mais tarde Ana se apercebeu da gaffe e enviou discos e mais material. Kurt Cobain acabou por interceder pela reedição da obra das Raincoats e estas dedicaram-lhe o “Extended Play”, o EP de reunião de Julho de 1994.

Ouvindo The Raincoats à distância de 43 anos da sua edição, a ideia que fica é que vale mais pelo impacto na altura, pela quebrar de barreiras e pela influência noutras bandas do que pela qualidade musical em si. O que é perfeitamente natural, estamos a falar de raparigas sem experiência musical, que estavam ainda a aprender a tocar os seus instrumentos. Ainda assim conseguiram que o seu disco de estreia coincidisse com o início de toda uma sensibilidade artística, de um amadorismo destemido e sem regras. Estas músicas estão carregadas com a sensação de novidade, é o som de encontrar coisas enterradas dentro de cada uma delas que elas não sabiam que estava lá e finalmente descobriram forma de o trazer à tona.

E fizeram-no sem receios de “atacar” os clássicos – foram buscar “Lola” aos Kinks e transformaram-na numa canção expansiva, vivaça e punk. Esgalharam uma grande malha que é “Fairytale in the Supermarket”. “No Side to Fall in” será muito provavelmente das poucas músicas punk que tem o violino na condução da mesma. Não sendo marcantes em termos musicais, a verdade é que foram inventivas sem ficar mal na fotografia, misturando géneros que pareciam totalmente divergentes, criando uma espécie de folk-punk caseiro, com ritmos elásticos, vocais esganiçados e estruturas precárias. E mostraram que pode resultar. Não é essa a essência de todo o movimento punk?


BIOGRAFIA DE Rão Kyao




Rão Kyao


 Rão Kyao, nome artístico de João Maria Centeno Gorjão Jorge (nascido em Lisboa, é um músico e compositor português, famoso como intérprete de flauta de bambu e de saxofone[1].

Biografia

É o segundo de três filhos de José Duarte Ramos Ortigão Jorge e de sua primeira mulher Maria Carlota Centeno Gorjão Henriques. É bisneto de Ricardo Jorge, trineto de Ramalho Ortigão, duas vezes sobrinho-tetraneto de João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun, 5.º neto de José de Seabra da Silva e duas vezes 6º neto de Sebastião José de Carvalho e MeloMarquês de Pombal[2]

Estudou no Colégio Militar, em Lisboa, e na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi colega de turma de Marcelo Rebelo de SousaLeonor Beleza e Carlos Fino.

Cedo mostrou a sua tendência para a actividade musical participando, a partir dos sete anos de idade, em diversos grupos corais.

Na adolescência inicia os seus estudos de saxofone e de flauta de bambu.

Dá os seus primeiros passos musicais com o saxofonista Victor Santos com quem estudou teoria musical, solfejo, saxofone e flauta.

Estreou-se ao vivo como intérprete de saxofone tenor aos 19 anos de idade, tendo sido nessa fase inspirado pelo jazz. Para além de tocar em numerosos clubes lisboetas, tocou também no estrangeiro, em países como DinamarcaEspanhaFrança e Países Baixos, Índia, Japão, Canadá... Fixou-se na França.

Passou a tocar em público a partir de 1965, principalmente em sessões de estudantes e no Hot Club de Portugal, onde pôde ser visto ao lado de grandes figuras internacionais como Don Byas, Dexter Gordon, Pony Poindexter, Ian Carr, entre outros. Em 1967 trabalhou com alguns grupos da Bossa Nova e tocou pela primeira vez no estrangeiro, nomeadamente em França e na Holanda. Em 1970, Espanha escutou-o ao vivo com frequência no Whisky Jazz Club de Madrid. No ano seguinte participou no “Festival Internacional de Jazz de Cascais” com os “The Bridge” e em 1972 com os ” Status”.

No fim da década de 1970 partiu para a Índia,[3] tentando redescobrir o elo perdido entre a música portuguesa e a música do oriente. Durante esse período, estudou música indiana e flauta bansuri. Dessa experiência, resultaram o álbum Goa (1979), e novas sonoridades no seu trabalho.

Instala- se, nos primórdios da sua carreira, em França onde permanece dois anos tocando com uma série de grandes nomes de jazz e de música de carácter étnico (indiano e africano). É então que participa na gravação de dois LP’s de música de raiz africana.

Ainda em França, inicia o estudo sistemático de música indiana.

Em 1976, participou no “Festival Internacional de Jazz” de Ljubljana (Jugoslávia).

Ainda em 1976 já em Portugal, grava o seu primeiro LP "Malpertuis", que impôs Rão Kyao como um dos mais surpreendentes instrumentistas e compositores da música portuguesa. O disco de estreia contou com a colaboração do grupo de Jazz” Araripa”.

Tal facto leva-o em 1977 a gravar "Bambu", considerado, então, pela crítica o melhor álbum de música portuguesa do ano.

Em 1978 é convidado a participar no Festival Internacional de Música Jazz Yatra em Bombaim (Índia) representando Portugal. Aqui actua com a Big Band de Clark Terry e com o seu próprio grupo.

Na sequência desse Festival resolve fixar-se em Bombaim, com vista a aperfeiçoar o estudo da flauta de bambu (Bansuri) em particular e da música indiana em geral, com o mestre Raghunath Seth.

Rão Kyao, consciente da enorme influência que essa música havia tido na construção da música tradicional portuguesa, regressa a Portugal em 1979 e grava o álbum "Goa" (antiga cidade portuguesa na Índia) que reflecte precisamente essa influência.

Em 1980 edita o álbum "Live at Cascais" gravado ao vivo no” Festival Internacional de Jazz”, com um trio de músicos ingleses.

No ano seguinte, utilizando uma secção rítmica composta por músicos indianos grava o álbum " Ritual".

Fazendo parte integrante da sua formação musical e do seu gosto, o Fado (canção popular portuguesa e a mais genuína expressão da nossa música de cidade), bebendo ao mesmo tempo a influência do Oriente através do povo árabe na nossa música tradicional, leva-o a gravar em 1983 o álbum "Fado Bailado". Nesse trabalho, interpretou ao saxofone diversas obras de Amália Rodrigues. Este disco, ainda hoje um enorme sucesso, vem a ser o primeiro LP Platina, atribuído a discos portugueses.

Volta entretanto ao Oriente, a Macau, onde o convidam a gravar um LP que relata, em termos musicais, a presença portuguesa no Oriente. Desafio que aceita. Escreve, então, esse trabalho – "Macau o Amanhecer" – no ano 1984.

Regressa a Bombaim para aprofundar os estudos de flauta de bambu e de música vocal indiana.

Foi neste LP que experimentou, pela primeira vez, uma nova sonoridade – descobre na ligação da Flauta de Bambu com a corda e a percussão. Esse facto origina já nos finais do mesmo ano, em Portugal, o seu novo LP "Estrada da Luz", outro enorme êxito e novo Disco de Platina. Eleito Álbum do ano pela Federação dos Centros de Cultura.

Em "Oásis" (1985) continua a explorar, com extremo rigor e belíssimo resultado, esta sua sonoridade que surge do cruzamento das músicas indianas com a portuguesa.

Em finais de 1986, é convidado a gravar, em Bratislava (Checoslováquia), os temas de uma série de TV, com uma orquestra sinfónica de cem figuras. Desta gravação é editado um CD.

Ainda neste ano fica disponível uma colectânea que engloba os melhores momentos de "Estrada da Luz" e "Oásis".

É igualmente em 1986 que Rão Kyao vê concretizadas as edições de "Estrada da Luz" e "Oásis" no Brasil, onde se desloca inúmeras vezes para concertos e entrevistas.

Num novo trabalho "Danças de Rua" (gravado no Brasil e em Lisboa. Misturado digitalmente nos Estúdios de Wisseloord /Holanda), Rão leva ainda mais longe toda a sua proposta anterior, uma vez que utiliza uma rítmica brasileira nordestina, música sobre a qual mais se faz sentir a influência da música tradicional portuguesa. Disco de Ouro, editado na Europa, Japão e Estados Unidos. Seguindo-se uma digressão por países como Japão, Índia e China.

Em Novembro de 1989 edita o CD denominado "Viagens na Minha Terra" (igualmente misturado na Holanda). Neste projecto desenvolve a sua concepção ao interpretar temas inspirados na riquíssima música de raiz popular portuguesa.

Grava com o grupo espanhol Ketama, em 1992, um CD com o título de "Delírios Ibéricos" em que junta a sonoridade portuguesa ao Flamenco, em composições verdadeiramente ibéricas. Assume-se como o primeiro CD a apresentar esta fusão. CD editado em Espanha, Japão, Alemanha e EUA.

Edita o álbum " Águas Livres", em 1994, sob o conceito ambiental de “Águas Livres, Águas Vivas”.

Em 1996 apresenta uma gravação realizada ao vivo, um CD com o título de "Viva o Fado", onde interpreta composições tradicionais e originais baseadas no Fado.

Em 1997 edita" Navegantes", interpretando, num ambiente totalmente acústico, vários temas que celebram os Descobrimentos Portugueses. Com influências da música indiana, jamaicana e árabe, e cuja principal inspiração veio de um dos mestres indianos da flauta, Hariprasad Chaurasia. Neste trabalho Rão Kyao inovou pela utilização de novos instrumentos, a ocarina e o saltério, e pela vocalização em alguns dos temas. Apresentou este trabalho na Expo 98 Portugal.

Em 1999 grava com a Orquestra Chinesa de Macau, composições próprias, no sentido de ilustrar, através da música, os 450 anos de presença portuguesa naquela província. É em "Junção" que se encontra o tema “Celebração da Paz”, de sua autoria, interpretado durante a cerimónia que celebrou a transição da administração portuguesa daquele território para a República Popular da China.

Com o pseudónimo de “Shrivad Pani” este CD de originais gravado em 1999, com o título “ The Music of Sound” - Musical Suite For Bamboo Flute And Processed Sounds. Esta gravação teve na sua origem o desejo ao compor este CD, numa fase em que a música meditativa era à altura ainda pouco divulgada em Portugal e de partilhar do que usufrui pessoalmente na sua prática diária, dos benefícios da meditação através da música. A base do seu trabalho neste percurso da vertente de Música Meditativa teve como início um estudo, originada por uma ligação intuitiva desde sempre com a música indiana.

Em 2000 é convidado por Carlos Avilez para musicar a peça “A Real Caçada ao Sol” que é uma das peças mais importantes na dramaturgia de Peter Shaffer, apresentada no Teatro Nacional D. Maria II em Lisboa.

Em 2001, grava" Fado Virado a Nascente", uma nova abordagem do Fado por parte de Rão Kyao que assume a ligação à música árabe convidando o violinista Gazi e o percussionista Barmaki. Juntos, com a Guitarra Portuguesa e com cantoras, criaram uma música Virada a Nascente que espelha de forma clara a dita arábica influência.

Em 2004, edita um novo disco "Porto Alto" que é descrito pelo músico da seguinte forma: “ O percurso de um sonho que se desenrola através da música de Portugal, país do pão, do azeite e do vinho”. Este disco foi apresentado no primeiro festival Rock In Rio em Lisboa.

Em 2005 grava um projecto ao vivo no "Festival Sete Sóis Sete Luas", com o Grupo de Cante Alentejano “ Os Ganhões de Castro Verde”. Com o seu quinteto e com músicos convidados de Espanha e de Itália.

Em 2006 grava o álbum "Mondego", com a Orquestra Clássica do Centro (Coimbra) e a direcção do Maestro Virgílio Caseiro. Interpreta clássicos de grandes autores portugueses (José Afonso, José Nisa, entre outros) para além de alguns temas da nossa música tradicional, principalmente daquela região, contando aí com alguns temas originais.

Em 2008 edita" Porto Interior" com uma das maiores instrumentistas da China que toca dois instrumentos clássicos chineses: a Pipa e Guzheng. É mais um retracto da integração exemplar dos povos português e chinês em Macau e que pretende fortalecer, por este meio, a amizade entre Portugal e China.

Em 2009 edita um CD Duplo: "Em’Cantado". Neste duplo CD a sua flauta aparece na companhia de um grupo de excelentes fadistas que interpretam composições e letras, na sua maior parte escritas propositadamente para o efeito, algumas de sua autoria. É mais uma incursão do músico no universo fadista que o acompanha desde que, nos anos 80, gravou "Fado Bailado". No lado B deste podemos ouvir em temas originais “cantados” pelas flautas de Bambu, piano e percussões, numa versão lírica e intimista tão querida de Rão Kyao.

Em 2011 edita " Sopro de Vida; Ao Ritmo da Liturgia" que contém a sua interpretação de vários cânticos religiosos, exclusivamente portugueses, com o propósito de revelar a grande riqueza musical e espiritual de vários compositores ligados à música litúrgica.

Ainda em 2011 edita "Pure Light", dando a sua contínua atenção musical, ao que consiste na interpretação de música meditativa (Nada Yoga) com o nome genérico de "Samadhi".

Em 2012 fica disponível "Melodias Franciscanas", cujo conteúdo é, na sua maior parte, constituído por temas do Padre Mário Silva que musicou uma série de textos litúrgicos referentes à Ordem Franciscana e celebrativos da figura de São Francisco de Assis.

Em 2012 é convidado por Luiz Avellar, pianista e compositor Brasileiro a participar para a trilha sonora de uma série infante-juvenil de grande projecção no mercado brasileiro, sendo por diversas vezes premiada em festivais do género no Brasil e América do Sul.

No final de 2012 edita o álbum de originais, “Coisas que a Gente Sente". Como o próprio nome indica “expressa vários temas originais, com um ênfase muito grande na nossa, portuguesa, sonoridade num caminho estreito e desafiante entre o respeito pela sua raiz e o desejo constante duma procura de novos caminhos seja na sua composição, na sua interpretação ou nos seus arranjos” (Rão Kyao).

Em Julho 2013 com a designação: “Orient.7Sóis.Orkestra“ com toda a produção musical liderada por Rão Kyao estreia esta apresentação na 21.ª edição do Festival “Sete Sóis Sete Luas”. Surgida do trabalho conjunto de seis prestigiosos artistas provenientes das diversas margens do Mediterrâneo, com especial destaque para as culturas musicais do Oriente do Mare Nostrum: Argélia, Croácia, França, Grécia, Portugal. Apresentada em tournée por diversos países do sul da Europa.

Em Setembro de 2013 regressa a Macau para actuar em estreia mundial com novas composições de sua autoria para a Orquestra Chinesa de Macau em colaboração com o Maestro Pang Ka Pang em apresentação de três suites denominadas “ Casas de Macau”.

Na visita da Orquestra a Portugal em Setembro de 2014 apresentou-se em Coimbra com estas suas novas composições mantendo assim o elo musical Luso-Chinês nos dois continentes.

Em Novembro de 2014 grava na Capela do Convento de Santa Teresa de Jesus em Lisboa o CD "Sopro de Vida-Maria" que, na continuação de uma série iniciada pelo anterior disco de música litúrgica, contém temas todos eles dedicados a Nossa Senhora. Foi editado em 2015. Esta versão instrumental de cânticos marianos foi apresentada na visita do Papa Francisco a Portugal no Mosteiro da Batalha em 2017, onde foi gravado um DVD que esteve no mesmo ano no comando do top nacional de DVD, com "Recital Sopro de Vida Ao Vivo no Mosteiro da Batalha". Na Rota do Património foi recentemente apresentado este recital na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos em Maio e na Igreja de Santa Engrácia no Panteão Nacional em Outubro de 2019.

Em Janeiro de 2016 é editado o CD "Earth & Wings" Healing Dance Journey. Com temas originais, em que através desta sonoridade deseja criar “uma viagem sonora de cura e expansão”

O seu mais recente CD com o título" Aventuras da Alma", novamente de originais, foi editado em Maio de 2017.

Em Outubro de 2019 Rão Kyao foi convidado a criar um espectáculo numa triangulação musical mediterrânica feita de múltiplas pontes e influências civilizacionais, entre Portugal, Espanha e Marrocos, no âmbito de um desafio artístico para que se juntasse com músicos espanhóis e marroquinos num concerto inédito que acolheu este ano, pela primeira vez em Portugal, a Bienal Ibérica de Património Cultural em Loulé.

Do convite surgido através de uma organização ligada ao Instituto Cultural de Macau, começa em 2019 a escrever a música para um bailado denominado "A Trança Feiticeira" baseado no romance homónimo de Henrique de Senna Fernandes, romance esse que descreve a relação difícil e atribulada de um português e de uma chinesa nos anos 30 do século passado.

É para ser estreado em 2020 e celebra os vinte anos da administração chinesa em Macau e os 40 anos do reatamento de relações diplomáticas entre Portugal e China.

O Ministério das Relações Exteriores (MEA), através das embaixadas de cada um desses países, lançou uma iniciativa única de missões indianas em 124 países, para a participação de músicos e grupos locais. Rão Kyao criou um rearranjo para o tema "Vaishnava Jana To".

O arranjo foi concebido e gravado com a utilização da flauta de bambu, a guitarra portuguesa, o harmonium (família do acordeão e muito utilizado na Índia) e a guitarra clássica.

Nesta sequência o músico português quis homenagear mais profundamente esta figura ímpar da humanidade.

Em 2020 começa na Índia uma tournée nacional com o recital "Um Português Homenageia Gandhi" no qual apresenta um reportório original e inédito composto para louvar, pela música a extraordinária filosofia espiritual deste gigante da humanidade do qual se celebram, este ano, os 150 anos do seu nascimento.Portugal é um dos muitos países que integram o Bapu@150.


A 8 de Junho de 2007 foi feito Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[4]

Em Junho de 2010 foi condecorado pela Société Académique des Arts, Sciences et Lettres de Paris.



Discografia

  • 1976 - Malpertuis
  • 1977 - Bambu
  • 1979 - Goa
  • 1980 - Live At Cascais
  • 1982 - Ritual
  • 1983 - Fado bailado
  • 1984 - Estrada da luz
  • 1986 - Oásis
  • 1987 - Danças de rua[1]
  • 1987 - O som mágico da flauta
  • 1989 - Viagens na minha terra
  • 1992 - Delírios ibéricos[1]
  • 1994 - Águas livres
  • 1996 - Viva o fado
  • 1997 - O melhor de Rão Kyao
  • 1997 - Navegantes
  • 1999 - Junção
  • 1999 - Melhor dos tempos
  • 2001 - Fado virado a nascente
  • 2004 - Porto Alto
  • 2006 - Rão Kyao Tour Sete sóis sete Luas - Live
  • 2007 - Mondego (Rão Kyao & Orquestra Clássica de Coimbra)
  • 2007 - Antologia 83/2001 (em dois CD) publicado pela Universal Music Portugal.
  • 2008 - Porto Interior (Rão Kyao & Yanan)
  • 2008 - Em Cantado (Universal Music)
  • 2011 -Pure Light Samadhi
  • 2011 - Sopro de Vida; Ao Ritmo da Liturgia" 
  • 2012 - Rão Kyao em Melodias Franciscanas (Rão Kyao & Mário Silva, ofm) publicado pela Província Portuguesa da Ordem

Franciscana[5]

  • 2012 - Coisas Que a Gente Sente (Get Records)
  • 2013 - Orient.7Sóis.Orkestra
  • 2013 - Casas de Macau
  • 2014 - Sopro de Vida-Maria
  • 2015 - Earth & Wings Healing Dance Journey
  • 2017 - Aventuras da Alma
  • 2017 - DVD ao vivo Mosteiro da Batalha. Recital Sopro de Vida
  • 2021 - Gandhi - Um Português Homenageia Gandhi

Prémios

  • 2013 - Prémio Carlos Paredes
  • Prémio: PEDRO OSÓRIO; Atribuído por a SPA. Fevereiro 2013 ao CD: “ COISAS QUE A GENTE SENTE”.

Destaque

Cássia Eller - Veneno Antimonotonia (1997)

  Álbum lançado em 1997 e é uma homenagem ao cantor e compositor Cazuza, com regravações de algumas de suas canções. Faixas do álbum: 01. Br...