Madonna sempre foi uma campeã de vendas em toda sua carreira. Com uma obra que abrange diversos estilos, mas calcada essencialmente no Pop, Madonna conquistou o mundo nos anos 80, tornando-se a maior artista feminina de todos os tempos, e a partir dos anos 90, apenas soube administrar - com muito talento e sabedoria - sua glória. Até hoje nenhuma mulher conseguiu superar o impacto que Madonna trouxe ao mundo com álbuns como Like a Virgin (1984), True Blue (1986), Like a Prayer (1990) ou Ray of Light (1998).
Praticamente todos os seus discos bateram recordes de vendas. Um deles fez um sucesso enorme na época de seu lançamento, mas hoje é pouquíssimo comentado, apesar de grandes qualidades. Falo da trilha sonora para o filme Evita, de 1996. O álbum que irei comentar é a versão dupla, oficialmente lançada em 1996, mas também vale lembrar que foi lançada uma versão simples, chamada Evita - Music from the Motion Picture, que contém apenas as principais canções do filme, e que igualmente com a versão dupla, fez muito sucesso. Como toda trilha sonora, há altos e baixos em Evita - The Complete Motion Picture Music Soundtrack (nome original do CD), mas no geral, é um disco que para mim surpreende, não só pelas canções, mas pelas participações de Antonio Banderas e Jonathan Pryce, que destacam-se como exímios cantores.
A versão simples
Apenas relembrando de onde surge o disco, o filme Evita é baseado no musical de mesmo nome, que fez muito sucesso nos anos 70. Lançado em 1976, Evita é mais uma obra da dupla Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, os mesmos criadores do musical de sucesso Jesus Christ Superstar (com Ian Gillan, Yvonne Elliman, entre outros). Inspirada no filme Queen of Hearts (1972), que conta a vida de Eva Perón (1919-1952) e sua influência na história argentina a partir da ascensão ao poder de seu marido Juan Perón, como presidente do país, originalmente Evita é um álbum conceitual duplo, que acabou tornando-se uma produção de Teatro em 1978, em Londres, parando como um musical de extremo sucesso na Broadway em 1979.
Em 1996 foi refeita a ópera-rock no Cinema por Alan Parker, agora com Madonna como Evita, Antonio Banderas como Che, e Jonathan Pryce como Juan Perón, além de diversos outros atores / cantores fazendo a recriação da obra de 1976. É a sua trilha que narro agora, lançada no mesmo ano. A sequência musical é a mesma do álbum de 1976, começando com "A Cinema In Buenos Aires, 26 July 1952", quando uma seção de cinema é interrompida para anunciar o falecimento de Eva, levando a "Requiem For Evita", que apresenta um belo tema central na guitarra, repetido por trompas sobre um andamento marcial, e a forte presença do coral, explodindo nas cordas que repetem o tema central.
Antonio Banderas e Madonna na época de lançamento de Evita
Então, surgem os violões milongueiros de "Oh What a Circus", uma milonga bonita cantada por Antonio Banderas, que enaltece a história de Evita, com a melodia similar a da clássica "Don't Cry For Me Argentina", com uma seção central bastante rock 'n' roll, bem diferente da milonga inicial, com guitarra, bateria e piano fazendo a base para os vocais de Banderas. A canção para repentinamente, e um coral surge, trazendo a orquestra para repetir a melodia clássica citada antes, e Madonna abrilhantar o CD entoando o clássico refrão de "Don't Cry For Me Argentina".
"On This Night Of A Thousand Stars" é um tango tipicamente portenho, narrando sobre a noite de milhares de estrelas, com os vocais de Jimmy Nail. Sintetizadores e um ritmo latino apresentam "Eva and Magaldi / Eva Beware of the City", uma canção complexa, repleta de alternâncias, moderna e interpretada por Madonna, Nail, Banderas e Littman, e que é uma representação bem forte dos musicais da Broadway. Muita latinidade surge nas percussões de "Buenos Aires", mais uma faixa interpretada por Madonna, e que é um ponto mais baixo no álbum até então, até por que sabemos que a capital argentina não possui tanta latinidade rítmica assim.
Cena do encarte
Os violões de "Another Suitcase In Another Hall" mostram uma Madonna mais calma, em bastante contraste com o ritmo anterior, em uma bonita faixa onde exatamente os vocais de Madonna se destacam positivamente, lembrando aqueles de "Oh Father" ou "Live to Tell", além do solo de saxofone. "Goodnight And Thank You" é uma canção dançante, como uma espécie de baile, interpretada por Madonna e Banderas, que também agrega pouco à obra, apesar de ser impossível não destacar o bom trabalho vocal da dupla. Então, somos surpreendidos pelo rockzão de "The Lady's Got Potentital", onde as guitarras e o ritmo boogie balançam o esqueleto junto a uma performance vocal soberba de Banderas. Grande faixa!
Sob aplausos, Nail retoma o tema de "On This Night Of A Thousand Stars" em "Charity Concert", seguida por "The Art of the Possible", uma sequência de conversas entre Madonna, Banderas e Pryce, em uma peça bastante operística. As conversas continuam em "I'd Be Surprisingly Good For You", uma faixa que remete ao pampa argentino junto ao bolero, com Pryce e Madonna revezando-se nos vocais e um interessante solo de saxofone. "Hello And Goodbye" tem um certo ritmo de bossa nova, e apresenta os vocais de Madonna e Pryce. Madonna, em particular, carrega sua voz de sensualidade, e o solo de flauta é uma bela passagem de bálsamo aos ouvidos.
Muita orquestração surge na marcial "Peron's Latest Flame", interpretada por Madonna, Banderas e o coral, e que é repleta de variações ao longo de seus quase 6 minutos de duração. O primeiro CD encerra-se com a soturna e comovente "A New Argentina", um épico de 8 minutos onde Pryce, Madonna e Banderas revivem momentos musicais apresentados até então, com algumas novidades musicais, arrepiantes solos de guitarra mesclados com vocalizações poderosas e orquestrações igualmente arrepiantes, em uma das melhores faixas do CD de 57 minutos.
Single de “Don’t Cry for Me Argentina”
O segundo CD surge operístico, com Péron na sacada da Casa Rosada através de Pryce convocando o povo argentino em "On The Balcony of the Casa Rosada 1", e então chegamos no sucesso "Don't Cry For Me Argentina", uma das canções mais belas da história da música, e que na voz de Madonna, conquistou o mundo! Impossível não se arrepiar com uma interpretação tão tocante e comovente, o que só demonstra todo o talento de Madonna! Mais ópera retorna em "On The Balcony of the Casa Rosada 2", com a população (coral) chamando por Evita, e Madonna na sacada da Casa Rosada. "High Flying, Adored" é uma balada bem mela-cueca, cantada por Banderas, uma breve participação de Madonna, que começa a colocar a casa nos eixos após a pancada de "Don't Cry for Me Argentina".
"Rainbow High" possui um ritmo dançante, classicamente musical de Broadway, na linha de canções de Cats ou Hair, com uma pegada mais vibrante da guitarra próximo ao final, levando a "Rainbow Tour", uma faixa que começa com a ópera de Pryce, mas transforma-se em um belo rock cantado por Bandeiras, Pryce, Gary Brooker, Peter Polycarpou, John Gower, e claro, Madonna, e lembra trechos de Tommy ou Quadrophenia. "The Actress Hasn't Learned The Lines (You'd Like To Hear)" retorna à ópera, com o coral entoando as primeiras frases, e depois Madonna deliciando os ouvidos sobre um andamento orquestral muito sutil, encerrando com Banderas falando em um clima de tensão. Banderas novamente revela-se um grande intérprete no rock + ópera "And The Money Kept Rolling In (And Out)".
“Evita” no balcão da Casa Rosada, cantando para seu povo
Evita volta a falar ao povo argentino em "Partido Feminista", que possui a mesma harmonia das "On The Balcony of the Casa Rosada", com o coral fazendo a parte da população, e em "She Is A Diamond", Pryce faz sua interpretação mais importante no CD, acompanhado de um lindo dedilhado de piano e violão, e um coral de crianças entoa a santidade de Evita em "Santa Evita", mãe de todos os filhos, tiranizados, descamisados e trabalhadores da Argentina, que remete-nos a melodia de "Don't Cry For Me Argentina". O ritmo marcial leva para "Waltz for Eva and Che", uma valsa canastrona cantada por Banderas e Madonna, mas com um bonito encerramento graças ao vocal de Madonna, e entramos na reta final do CD.
Single de “You Must Love Me”
A breve balada "Your Little Body's Slowly Breaking Down" apresenta Eva e Carlos se despedindo através das vozes de Madonna e Pryce, e chegamos então a mais um grande clássico de Evita, "You Must Love Me", uma balada tocante, carregada de dramaticidade na voz de Madonna, acompanhada apenas por piano, e que ganhou Oscar de Melhor Canção Original. "Eva's Final Broadcast" é Evita se despedindo dos argentinos, através da voz de Madonna sobre uma orquestração profunda e dramática, que ganham ainda mais dramaticidade com o coral entoando "Evita" enquanto a melodia vocal nos remete novamente a "Don't Cry For Me Argentina". O coral também é forte na tensa "Latin Chant", uma faixa de bastante tensão, e o encerramento da ópera se dá com "Lament", começando com um triste lamento de Madonna acompanhada por um dedilhado de violão, explodindo em uma forte orquestração (idêntica a de "Requiem for Evita"). Banderas também canta sobre o dedilhado de violões, e voltamos para o coral, para a faixa encerrar-se com um sombrio acorde de piano.
No meio das gravações, Madonna engravidou de Lourdes Leon, e assim, fez uma moribunda Eva Perón um tanto quanto roliça. Pior foram suas falas sobre o povo argentino em entrevista à revista Vanity Fair, classificando-os como não civilizados, além de trazer diversas indiretas ao ex-presidente Carlos Menem. Peronistas, fanáticos do casal Perón, picharam muros com "Fora Madonna! Viva Evita!'' e realizaram protestos durante as filmagens no país. O próprio Menem criticou o filme, mesmo tendo a diplomacia de liberar o balcão da Casa Rosada, a sede do governo nacional, para uma das filmagens mais emblemáticas de Evita. Para piorar, quando de seu lançamento na Argentina, o vice-presidente da nação, Carlos Ruckauf, propôs um boicote, levando a verdadeiros piquetes na porta dos cinemas que o exibiam. Muitas confusões aconteceram em cinemas de Buenos Aires e cidades vizinhas, como La Plata e Santa Fé.
Cena do encarte
No resto do mundo, o filme foi um verdadeiro sucesso, arrecadando uma grana preta para a época (mais de 140 milhões de dólares) assim como sua trilha. Confesso que nunca ouvi a trilha original, de 1976, e é um dos meus objetivos musicais poder comparar as obras. De qualquer forma, relativa ao que tratei aqui, para quem acha que o disco é todo igual a "Don't Cry for Me Argentina", engana-se fortemente. O que ouvimos são vários gêneros musicais que representam muito bem os grandes musicais da Broadway, sendo altamente recomendável para quem curte algo do estilo. Evita atingiu a incrível segunda posição na Billboard, sendo um sucesso nos Estados Unidos, onde recebeu platina quíntupla, e até o momento, já vendeu mais de 12 milhões de cópias ao redor do mundo.
Madonna como Evita
Track list
1. A Cinema In Buenos Aires, 26 July 1952
2. Requiem For Evita
3. Oh What A Circus
4. On This Night Of A Thousand Stars
5. Eva And Magaldi / Eva Beware Of The City
6. Buenos Aires
7. Another Suitcase In Another Hall
8. Goodnight And Thank You
9. The Lady's Got Potential
10. Charity Concert / The Art Of The Possible
11. I'd Be Surprisingly Good For You
12. Hello And Goodbye
13. Peron's Latest Flame
14. A New Argentina
15. On The Balcony Of The Casa Rosada 1
16. Don't Cry For Me Argentina
17. On The Balcony Of The Casa Rosada 2
18. High Flying, Adored
19. Rainbow High
20. Rainbow Tour
21. The Actress Hasn't Learned The Lines (You'd Like To Hear)
Can (The Can até 1970) foi uma banda de rock experimental fundada na Alemanha em 1968.
Uma das mais importantes bandas do movimento krautrock, o Can possuía uma estilo musical baseado em bandas de rock de garagem como The Velvet Underground, com influência na música experimental.
O som do Can não podia ser definido em apenas um estilo. A arquitetura musical deles parecia singela, mas ao mesmo tempo era muito estudada. O grupo foi criado a partir de um núcleo de instrumentistas alemães interessados em jazz de vanguarda e música clássica, mas abertos às experiências com o psicodelismo, minimalismo e colagens sonoras.
Não foi à toa que eles sempre foram considerados pioneiros no uso de tapes e loops. Tudo isso a serviço de um processo de criação instantânea e espontânea, derivado do free jazz.
Em sua primeira formação, o Can tinha os quatro integrantes originais, mais os americanos Malcolm Mooney (o vocalista, negro) e David Johnson (sopros).
Na época, os shows deles podiam virar uma maratona musical de até sete horas de duração, com os caras viajando em ritmos hipnóticos e atmosferas compostas de ruídos. Nessas apresentações, inusitadas mesmo para os padrões progressivos da época, os caras costumavam tocar sentados, o que levou um jornalista mais ferino a escrever que “o Can ao invés de tocar instrumentos elétricos em cadeiras de madeira, deveria tocar instrumentos de madeira em cadeiras elétricas”.
Em 1969 o grupo gravou seu álbum de estreia, “Monster Movie”. Em seguida, Mooney foi afastado por “problemas mentais” e substituído pelo japonês Kenji “Damo” Suzuki, descoberto cantando em uma rua de Munique. Com ele, o Can registrou seus discos mais célebres: “Soundtracks”(1970), “Tago Mago”(1971), “Ege Bamyasi”(1972) e “Future Days”(1973, o único a ser lançado no Brasil).
Daí Suzuki saiu da banda (pois virou testemunha de Jeová), mas o Can prosseguiu em uma linha étnica, com um som que tangenciando o dub como a world music, antes destes termos serem conhecidos.
Czukay, Liebezeit, Karoli e Schmidt tocaram o barco, alternando as gravações do grupo com trabalhos solo e projetos paralelos. Criando um séquito de admiradores que poderia ir de Mark E. Smith (que compôs “I Am Damon Suzuki”) aos brasileiros do Akira S & As Garotas que Erraram. Sem contar grupos contemporâneos como o Stereolab e o pessoal que trabalhou em “Sacrilege”, o recém-lançado álbum de remixes do Can.
Integrantes.
Michael Karoli (Guitarra, Vocais, Violino, 1968-1979, 1986, 1988, 1991, 1999, R.I.P 2001) Jaki Liebezeit (Bateria, Percussão, 1968-1979, 1986, 1988, 1991, 1999, R.I.P 2017) Irmin Schmidt (Teclados, Vocais, 1968-1979, 1986, 1988, 1991, 1999) Holger Czukay (Baixo, Engenheiro de Som, Eletrônica, Vocal, Trompa Francesa, 1968-1977, 1986, 1988, R.I.P 2017) David C. Johnson (Juncos, Ventos, Eletrônica e Manipulação de Fitas, 1968) Malcolm Mooney (Vocals, 1968-1970, 1986-1988, 1991) Damo Suzuki (Vocais, 1970-1973) Rosko Gee (Baixo, Vocais, 1977-1979) Rebop Kwaku Baah (Percussão, Vocais, 1977-1979, R.I.P 1983)
Músicos Adicionais.
Manni Löhe (Vocais, Percussão e Flauta, 1968) Duncan Fallowell (Letras, 1974) René Tinner (Engenheiro de Gravação, 1973-1979, 1986, 1991) Olaf Kübler (Saxofone Tenor, 1975) Tim Hardin (Vocais & Guitarra, 1975, R.I.P 1980) Thaiga Raj Raja Ratnam (Vocais, 1976) Michael Cousins (Vocais, R.I.P 1976) Peter Gilmour (Letras, Mixagem de Som ao Vivo, 1970) Jono Podmore (Engenheiro de Gravação, Baixo, 1999), Engenheiro de Processamento de Som e Edição, 1999, 2003, 2011-2012)
Hoje temos o imenso prazer de apresentar o mais recente álbum do mestre STEVE HACKETT, intitulado “Under A Mediterranean Sky” e publicado pela gravadora Inside Out Music em 22 de janeiro, em co-produção com a própria gravadora de HACKETT, Wolfwork Records. Este é o seu 26.º álbum de estúdio e marca um regresso à sua vertente acústica, adotando parcialmente a dimensão orquestral que no passado forjou os contornos dos seus álbuns conceptuais "A Midsummer Night's Dream" (1997) e "Metamorpheus" (2005). . O álbum a que nos referimos agora teve origem em março do ano passado de 2020, após o encurtamento forçado da sua digressão pelos Estados Unidos devido à atual pandemia, que o obrigou a regressar à sua terra natal inglesa sem o seu arsenal de guitarras elétricas. Motivado a compor novas músicas e inicialmente contando com seus instrumentos acústicos (especialmente seu violão clássico favorito), Aproveito o facto de já ter algumas peças compostas com este formato para expandir o conceito de actuação musical de vários países de países com costa mediterrânica; enquanto isso, seu colega de longa data, o tecladista Roger King, teve ideias para novos samples orquestrais em afinidade com o conceito mencionado. Claro, Hackett recuperou suas guitarras elétricas depois de um tempo, mas para este álbum em particular, elas não foram úteis para ele. Além do violão clássico, HACKETT assumiu o violão de 12 cordas, o violão de aço, o charango e o oud iraquiano. Além do já citado King nos teclados, seu irmão John Hackett (flauta), Malik Mansurov (tar), Arsen Petrosyan (duduk), Christine Townsend (violino e viola), Franck Avril (oboé) e Rob Townsend (flauta e saxofone soprano ). O álbum foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Siren, que é HACKETT e King's; algumas mixagens adicionais ocorreram no Grammy Studio em Budapeste (Hungria) para o alcatrão que aparece na oitava faixa do álbum. Como dissemos antes, o álbum que hoje analisamos foi editado em Janeiro deste ano, e foi tanto em CD como em vinil duplo, utilizando neste último edições limitadas a várias cores: azul, verde, amarelo, branco e translúcido. Bem, agora vamos ver os detalhes estritamente musicais de “Under A Mediterranean Sky”. O álbum que hoje analisamos foi editado em Janeiro deste ano, tanto em CD como em vinil duplo, utilizando neste último edições limitadas de várias cores: azul, verde, amarelo, branco e translúcido. Bem, agora vamos ver os detalhes estritamente musicais de “Under A Mediterranean Sky”. O álbum que hoje analisamos foi editado em Janeiro deste ano, tanto em CD como em vinil duplo, utilizando neste último edições limitadas de várias cores: azul, verde, amarelo, branco e translúcido. Bem, agora vamos ver os detalhes estritamente musicais de “Under A Mediterranean Sky”.
'Mdina (The Walled City)' dá o pontapé inicial e o faz em grande estilo: para começar, é a peça mais longa do repertório com seus 8 ¾ minutos de extensão. A exuberância árabe, a candura mediterrânica e o esplendor do romantismo fundem-se numa unidade sonora através da imponente sequência orquestral inicial, que será elegantemente interrompida por um breve fraseado apaixonado da guitarra, que, após alguns segundos de silêncio, retoma a sua posição para se desenvolver um foco temático rico em eflúvios e ondulações. Seu humor permanentemente extrovertido se expande por vários estados que vão do mais exultante ao mais circunspecto. Quando a orquestração inicial regressa a meio, projeta-se um novo espaço onde a guitarra explora com mais nitidez caminhos líricos, com camadas orquestrais evocativas que efetivamente as reforçam; o que começou em um tom vigorosamente pródigo levou a uma atitude de nostalgia imponente. Após esta monumental peça de abertura, chega a vez de 'Adriatic Blue', uma peça mais calma que, através do seu dinamismo decididamente classicista, exala uma sensação de alegria contemplativa. Depois dessa demonstração de serenidade sistemática que penetra em sua própria alegria interior, 'Sirocco' se encarrega de exibir uma caminhada musical mais heterogênea no manejo dos grooves, incorporando percussões exóticas e orquestrações solenes à trilha sonora. As árias árabes voltam, desta vez de forma mais sutil, como se o guitarrista estivesse observando algo misterioso sem querer violar seu segredo guardado a sete chaves. Com a dupla 'Joie de Vivre' e 'The Memory Of Myth', HACKETT continua a expandir suas perspectivas musicais. O primeiro dos temas referidos faz jus ao título e apresenta uma série de alegres arpejos que despertam eflúvios cintilantes, enriquecidos por uma eloquente sensualidade. Quanto a 'The Memory Of Myth', tem uma aura mais séria e formal, apostando numa atmosfera bastante sóbria.
'Scarlatti Sonata' é exatamente o que o título diz, uma das muitas sonatas compostas pelo mestre barroco italiano Domenico Scarlatti na primeira metade do século XVIII. HACKETT segue bem o roteiro e mostra (pela enésima vez) sua combinação de precisão técnica e sensibilidade na hora de abordar peças acadêmicas. Viajamos até Pompéia para conhecer 'Casa del Fauno', peça marcada pela dualidade do clima impressionista da introdução orquestral e dos ares palacianos renascentistas que emanam do corpo melódico criado pelo violão. É quase como um retorno ao esquema de trabalho de 'The Memory Of Myth', mas com um colorido mais marcante, algo para o qual a presença dos ventos ajuda muito a potencializar algumas instâncias do desenvolvimento temático. 'O Dervixe e o Djin', enquanto isso, ele retorna ao exotismo do Oriente Próximo e do Norte da África, e o faz com uma reformulação da abordagem suntuosa que já apreciamos na peça de abertura do álbum. Destilando uma magia peculiar por todos os poros, o esquema melódico e o suingue percussivo concentram-se na fusão sob a orientação inspirada das nuances fornecidas simultaneamente pelo oud e pelo alcatrão. 'Lorato' retorna a uma expressividade alegre e luminosa. Embora seja a faixa mais curta do álbum, deixa uma marca como continuação da espiritualidade comum que tem com a faixa #2. O belo Sul de Espanha não pode ficar de fora destas viagens mediterrânicas do maestro HACKETT, por isso é a vez da penúltima música do álbum: 'Andalusian Heart'. O Flamenco não foi alheio à trajetória de HACKETT, como mostra um dos itens instrumentais de seu terceiro álbum “Spectral Mornings”, para dar o exemplo mais antigo, só que agora não é Córdoba, mas Granada que é a fonte de inspiração (a Alhambra, para ser mais específico). Não se trata aqui de uma exploração do folclore flamenco per se, mas sim de um desenho de uma atmosfera acadêmica onde, após o impulso ocasionado pela introdução de orquestrações de teclado e sopro, o violão elabora uma série de exercícios cativantes de padrões flamencos sob uma estilização refinada. linha de trabalho. Possivelmente a influência do imortal ISAAC ALBÉNIZ está operando aqui. Não se trata aqui de uma exploração do folclore flamenco per se, mas sim de um desenho de uma atmosfera acadêmica onde, após o impulso ocasionado pela introdução de orquestrações de teclado e sopro, o violão elabora uma série de exercícios cativantes de padrões flamencos sob uma estilização refinada. linha de trabalho. Possivelmente a influência do imortal ISAAC ALBÉNIZ está operando aqui. Não se trata aqui de uma exploração do folclore flamenco per se, mas sim de um desenho de uma atmosfera acadêmica onde, após o impulso ocasionado pela introdução de orquestrações de teclado e sopro, o violão elabora uma série de exercícios cativantes de padrões flamencos sob uma estilização refinada. linha de trabalho. Possivelmente a influência do imortal ISAAC ALBÉNIZ está operando aqui.
O toque final do repertório vem da mão de 'The Call Of The Sea', que com seu espaço de 4 ¾ minutos, estabelece uma reflexão geral sobre o impacto do mar na imaginação humana. O seu desenvolvimento temático é genuinamente majestoso, alternando momentos marcados por oscilações impetuosas com outros onde impera a serenidade reflexiva. Tudo isto é o que o genial STEVE HACKETT nos deu com “Under A Mediterranean Sky”, na companhia de vários músicos talentosos que contribuíram, ora cores sinfónicas, ora nuances étnicas para várias das composições aqui captadas. 11 odes ao mar Mediterrâneo e aos povos que vivem as suas respectivas histórias olhando para ele como uma extensão de si mesmos. Sendo o criador incansável que é, HACKETT anunciou recentemente que lançará um novo álbum de estúdio em setembro próximo. Até então,
Eu criei um termo que quero compartilhar com você - Guit'aria'ists. Da guitarra um subconjunto de instrumentais que tratam de um pequeno número que canta com seis cordas (às vezes com mais). Raramente são essas canções, por si só, em que não há, ou muito poucas palavras - ou as letras são incidentais. Apesar de ser um sujeito articulado, Jeff Beck prefere falar através de uma guitarra.
Eu estava lá em 1980 no Paramount em PDX. Comprei o novo lançamento. Eu já possuía o BlowBy Blow & Wired e ouvia de forma limitada os Yardbirds (eu aprenderia mais tarde que o que eu gostava era tudo sobre Jeff). apenas sorrindo para o álbum mundial.
Este é um item obrigatório para os fãs de Jeff. Cada álbum é um vislumbre da cabeça do homem. Cada um é um pouco diferente do que veio antes. Cada um é tópico e representa ESSE tempo.
Meus ouvidos estavam zunindo depois do show - amplificadores com overdrive cortando. . . A partir disso, sei que Jeff atrofiou sua audição como muitos músicos. É um crédito para seus produtores e engenheiros que o capturam com clareza. . .
Eu tenho mais Beck do que qualquer outro artista, exceto possivelmente várias peças e versões de JSBach.
Não há dois lançamentos de Beck na mesma linha até os últimos quatro ou mais e as opiniões divergem.
O que Miles Davis é para o Jazz-Fusion. . . Jeff Beck é para Rock-Fusion. E não, não há divisões claras -- é por isso que é Fusion!
Indiscutivelmente, ele é o instigador dos riffs modernos qua modernos na performance e pode-se dizer que ele. . . estava na vanguarda do rock psicodélico, mas. . .
Existem outros argumentos de que ele é o primeiro a entrar em distorção intencionalmente - hmmm, não. Dick Dale foi o primeiro. Ele foi o primeiro a usar amplificadores Fender de 50 watts. Ele foi o primeiro a aumentá-lo muito alto. Mas ele nunca foi o virtuoso que Jeff Beck é.
Como Neil Young, Jeff Beck deu um dos primeiros grandes saltos do 'folk' rock para o rock direto e estava surfando na primeira onda de brit-rock fretboardists trabalhando com heavy metal - daí a distorção como um recurso, não um erro. Contrastando aqui com Les Paul, Chet Atkins e Southern California Surf Music *em geral*.
É duvidoso que alguém que se considera fã de guitarristas não coloque Jeff Beck no Top 5 de todos os tempos, considerando sua contribuição. Há muitos que podem competir com um único hit ou dois e menos ainda com um número comparável de álbuns notáveis de significado semelhante - Ninguém tem um corpo de trabalho na guitarra como Jeff Beck. . . Ainda...
Neste post, coloquei mais um video do canal do youtube ,com algumas da melhores músicas de rock na minha opinião, que foram lançadas em filmes. Não levando em consideração somente músicas que fizeram sucesso em filmes, mas que foram primeiramente lançadas em filmes. Algumas ficaram de fora, então diga nos comentários se desejam uma parte 2 desse vídeo e se souberem dêem sua sugestão nos comentários.
Em 1967, antes da entrada de David Gilmour para o Pink Floyd, o primeiro guitarrista cogitado a substituir Syd Barrett foi Jeff Beck, mas a banda acabou julgando ser muita pretensão por parte deles, e acabou desistindo de contatá-lo.
Mais tarde, numa entrevista durante a década de 80, Jeff disse que provavelmente teria aceito a proposta.
Em 1974, após a morte de Mick Taylor, Beck foi procurado pelos Rolling Stones, mas rejeitou o trabalho oferecido pelo vocalista Mick Jagger e pelo guitarrista Keith Richards,
Jeff explica: Tinha algo que me dizia, não faça isso, você nunca será como Mick e Keith musicalmente, pois você segue um rumo diferente. Se eu tivesse agido diferente, eu teria sido um multimilionário Rolling Stone e estaria morto.
Hoje aos 78 anos Jeff Beck está em plena forma e é considerado por David Gilmour como o melhor guitarrista em atividade, os videos abaixo são de 2008 com o mestre Gilmour e 2022 em ainda tocando muito.
Em San Francisco, a antiga Travel Agency (uma combinação psicodélica que lançou um álbum em 1968), ou seja, o guitarrista/cantor Steve Haehl e o baterista Franck Lucipa, bem como o baixista Steve Leach e o guitarrista Neil Seidel se encontram em 1970, dois músicos hindus então populares em seus país, mas desconhecido nos EUA: Zakir Hussain em tablas, dholaks (percussão) e naal (violino pregado) e Aashish Khan em sarod (cítara). Sendo todos seguidores da meditação transcendental, eles decidem juntos criar um grupo chamado Shanti que significa "paz interior". O objetivo era fundir o rock psicológico com a música hindu, então muito popular na época. Rapidamente o sexteto assinou com a Atlantic Records para lançar um Lp homônimo em 1971.
Composto por 7 faixas, este disco é uma bela mistura de acid rock e raga. Mais ou menos como Ravi Shankar se juntou ao Grateful Dead. Começa com o folk rock "We Want To Be Free" que os fãs de Santana podem apreciar, feito de harmonizações entre a guitarra solo e o sarod. A instrumentação hindu reduz-se a uma magnífica decoração e encontramos esse estado de espírito nas baladas "Out Of Nowhere" e "Good Inside" que não hesitam em mudar os andamentos, "Lord I'm Comin' Round" mais rock faz belos vôos vocais, bem como o breve "I Do Believe" para uma conclusão sonhadora.
Mas este 33 rpm se distingue por suas duas longas faixas instrumentais, "Innocence" excedendo 10 minutos e "Shanti" beirando os 15 minutos. "Innocence" é a peça onde a influência das Índias é mais evidente, apenas os tambores nos remetem um pouco para o Oeste. Em "Shanti" as fronteiras explodem para um título com aromas prog que mistura géneros e ritmos, entre raga, folk, acid rock e bluesy jazz onde o baterista e os percussionistas se entregam ao luxo de um solo por sua vez.
Pouco depois a Atlantic quebra o contrato com Shanti que vai para a Apple Records. Mas Ravi Shankar aparentemente aconselhou George Harrison a não assinar com o grupo que causou a separação deste último. Steve Leach, também conhecido como Steve Wold, mais conhecido como Seasick Steve mudou-se para a Noruega e depois voltou nos anos 90, onde se envolveu com a cena grunge, tornando-se amigo de Kurt Cobain antes de lançar seu primeiro álbum em 2006. Confidencial, sua carreira musical segue atual. Aashish Khan retomou sua carreira solo que começou em 1967. Ao longo do caminho, Zakir Hussain conheceu o guitarrista John McLaughlin com quem formou o Shakti. A última vez que ouvi, ele é membro do baixista Dave Holland do Crosscurents. Quanto aos outros, foram esquecidos. Para ouvir sem moderação.
Títulos: 1. We Want To Be Free 2. Innocence 3. Out Of Nowhere 4. Lord I’m Comin’ Round 5. Good Inside 6. Shanti 7. I Do Believe
Músicos: Frank Lupica: Bateria Neil Seidel: Guitarra Steve Haehl: Vocal, Guitarra Ashish Khan: Sarod Pranesh Khan: Tabla Zakir Hussain: Tabla Steve Leach: Baixo, Vocal