domingo, 7 de maio de 2023

A GAROTA NÃO, CHULLAGE - NÃO SEI O QUE É QUE FICA (𝗟𝗘𝗧𝗥𝗔 da música)

 

Resenha The Tipping Point Álbum de Tears for Fears 2022

 

Resenha

The Tipping Point

Álbum de Tears for Fears

2022

CD/LP

Após a gravação do bom álbum "Everybody Loves A Happy Ending", o duo britânico embarcou em várias turnês mundo afora, inclusive, vindo aqui no Brasil várias vezes. A última vez que eles vieram foi para o Rock In Rio 2017. Desde 2013, TFF estava trabalhando em um novo álbum. A antiga gravadora do duo, a Universal Music recusou esse novo álbum e pediu a banda, participação de outros artistas. Mas em 2019, com uma turnê junto com Hall & Oates, a esposa de Roland Orzaball morreu devido a um câncer e Orzaball (sendo o líder do duo) decidiu jogar esse novo álbum para o lixo. A pandemia, mesmo tenha sido um período deprimente, angustiante, artistas aproveitaram esse tempo para apresentar novos trabalhos, e isso aconteceu com Tears For Fears. Deixando a Universal e indo para a Concord Records e com Orzaball se recuperando depois da morte de sua esposa, TFF se preparou para um novo álbum, que por mim, nunca lançaria. Sempre presumi que "Everybody Loves A Happy Ending" seria o fim de álbuns de estúdio do duo, mas ainda bem que eu estava enganado.

O disco abre com "No Small Thing". A música tem um apelo folk, pop e synth. O violão e a voz de Orzaball deixam a música mais profunda e emocionante para o ouvinte. A levada dos instrumentos e a voz de Curt Smith deixam a faixa mais emocionante. A bateria e o sintetizador são dois elementos nos quais, deixam a faixa mais pesada. Mas mesmo falando sobre a liberdade sendo o tema principal, dá para sentir um peso melancólico, assim como o álbum de estreia do duo, "The Hurtling". Um início muito perspicaz. "The Tipping Point" começa de uma forma bem synth pop, mas com a elevação da bateria e os vocais deixam a faixa pesada. O tema da faixa é o fantasma. Uma entrevista de Orzaball a emissora estadunidense CBS, ele conta que viu o fantasma da esposa no início da pandemia e esse fantasma o encarou, mas logo se retirou. Uma das melhores faixas do álbum. "Long Long Long Time" é uma faixa com um apelo mais pop e flerta muito com o house. O destaque vai para o trabalho de teclados e sintetizadores. Uma faixa beirando ao genérico. "Break The Man" é uma faixa que mistura bem o folk, pop e o synth, principalmente com o pop. O violão tocado por Orzaball é um dos destaques, junto com os sintetizadores e a bateria. Uma boa faixa. "My Demons" é uma faixa com um andamento mais rápido e claramente, é uma faixa pop. Isso é tão óbvio quando se ouve a bateria eletrônica ou programada. Mas isso é um ponto positivo, que combina bastante com a temática da faixa, que fala sobre os demônios do eu lírico. Os teclados e sintetizadores são impactantes e arrebatadores. Os efeitos sonoros que são adicionados a faixa são combinatórios. Uma faixa que prometia nada e entregou tudo. "Rivers Of Mercy" é a faixa mais longa, contendo mais de 6 minutos e meio. A faixa tem um início com efeitos sonoros de sirenes de carros de polícia. No início da instrumental, temos piano e acordeão, mas logo se somem e começa uma bateria programada e o vocal de Orzaball deixa a atmosfera da música mais emocionante. É uma faixa que poderia ser mais pesada? Sim, mas poderia estragar a música. Uma faixa excelente. "Please Bê Happy" tem começo que lembra muito momentos antes de um concerto de música erudita mas feita com elementos de sintetizadores. A voz de Smith deixa o clima mais deprimente, mas no melhor do sentido da palavra. A bateria tem uma grande influência de jazz. A faixa tem de trompetes no refrão até saxofone. Uma faixa emocionante e melancólica. "Master Plan" é uma faixa com bastante influencia de post-punk, mas misturado com synth pop. A bateria é bastante referenciada por Joy Divison. Os teclados e sintetizadores ajudam na construção da faixa, acompanhando os vocais. Uma boa faixa. "End of Night" é uma faixa com bastante influencia de post-pun, mas com um toque de música eletrônica. É boa mistura. Os teclados e sintetizadores são impactantes e ajudam na atmosfera da música. A bateria, pelo que eu chuto, não é programada. No máximo, é eletrônica. Uma faixa esplêndida. "Stay" é a música que encerra o álbum. Inicia-se com um violão e o vocal de Orzaball. Depois um conjunto de cordas se aproxima lentamente e a bateria que é programada e ao mesmo tempo, eletrônica. A faixa é um apanhado de pop, New wave, parecendo por um termo que ninguém ouviu falar e que vou inventar, o pop industrial. Uma faixa esquisita. "The Tipping Point" pode ser realmente o último álbum do Tears For Fears. Uma espera de quase 18 anos que valeu a pena, e muito. As letras são melancólicas, assim como no início da banda. Os instrumentais das músicas são bem trabalhados. Um dos melhores álbuns do ano passado.

Resenha Something Wicked Marches In Álbum de Vltimas 2019

 

Resenha

Something Wicked Marches In

Álbum de Vltimas

2019

CD/LP

Em diversos estilos encontramos seus ícones, pessoas que marcaram sua história musical e ficará lembrado como grande figura no seguimento. No metal extremo esse é David Vincent, a figura que foi central na igualmente icônica Morbid Angel, em outros projetos polêmicos e em outro ainda mais polêmico lançamento do MA, em seu derradeiro na banda: Illud Divinum Insanus. Hoje, para quem for ouvir com atenção, perceba como a ideia foi excelente, como toda ideia fora da caixa é, porém esta é sempre carregada de riscos, e aqui no caso o risco foi fatal, pois fez com que David pulasse fora do barco. 
Saiu do estilo, se aventurou no country, mas quando o cara tem o extremo no sangue, este não resiste à uma volta. Aqui foi em muito grande estilo.
Com uma máquina viva na bateria, Flo Mounier (Cryptopsy) e Rune "Blasphemer" Eriksen (ex-Mayhem) nas guitarras, David formou esse que é um dos mais brutais projetos concebidos nesta década.
A fúria e poder dessa massa sonora, Something Wicked Marches In, é indescritível. Cada um aqui destilou suas técnicas e influências em seu máximo, e a mix disso permitiu que David pudesse ter a total liberdade de criar nuances vocais que fogem de seu trivial, o que é maravilhoso. Aquele timbre gutural supremo está lá e acrescido de nuances melódicas em coros tenebrosos dando uma liga única ao caos de Vltimas. 
Flo liga seus motores infernais e faz você pensar que ninguém nesse planeta chegará à essa velocidade . É ouvir para entender.
Já constam vídeos de shows da banda, com mais um diferencial: David deixa o baixo para um músico adicional mantendo-se livre com o microfone para performar sua fúria vocal em seu topo, e isso é extasiante! Confiram abaixo. 
Peguem o disco e ouçam com atenção, para quem aprecia o estilo e quer sair um pouco do mesmo, apesar de ser o mesmo hahaha, não deixem de conferir. Brutalidade na veia!

Resenha Chaos - Chaos Álbum de Saelig Oya 2015

 

Resenha

Chaos - Chaos

Álbum de Saelig Oya

2015

CD/LP

Eu fico literalmente desapontado quando me deparo com discos dessa qualidade que são completamente esquecidos e desconhecidos até mesmo dentro da comunidade de ouvinte a qual ele pertence, sendo exatamente o que eu sinto quando estou diante de um álbum igual a esse. Entre algumas de suas influências na parte musical estão a Porcupine Tree e os seus compatriotas da banda Elora, além dos suecos da Paatos. Em relação aos vocais, além da personalidade própria que HélènePaén possui, há como perceber em alguns pontos um pouco de Bjork e até mesmo lapsos da italiana Elisa – embora essa última talvez seja uma impressão pessoal demais. Seu disco, Chaos – Chaos, é um álbum de seis peças, sendo três cantadas em inglês e as outras três cantadas em francês, onde – entre outros – a banda aborda temas como espaço, tempo e violência.  

“Visceral”, a forma com que o disco começa já está estampada no nome da sua primeira música. Inicialmente muito atmosférica, os vocais iniciais de Hélène são basicamente sussurrantes, enquanto, aos poucos, a banda vai emergindo de forma completa por meio de uma batida suave e uma guitarra repetitiva, mas apropriada. Então que somente depois de 2 minutos a música explode em uma sonoridade mais forte. Bons fones de ouvidos são essenciais para ver o quão bem as duas guitarras trabalham juntas - não apenas nessa faixa, mas em todo o disco -, enquanto a seção rítmica de forma sólida marca muito bem toda a peça. Um excelente começo de disco.  

“He Walks”, diferentemente da anterior, aqui a banda opta por um começo mais enérgico de música, porém, quando os primeiros vocais aparecem, a sonoridade cai para uma linha instrumental mais amena, marcada apenas pelo baixo e bateria, tendo a companhia das guitarras apenas um pouco mais a frente. Riffs de guitarra elevam a música para um som mais pesado, sendo que essa troca de atmosfera acontece mais vezes durante a peça. É possível perceber, tanto o uso de teclados, quanto alguns backing vocals - não só aqui, mas em outras partes do disco -, porém, em nenhum dos dois casos é creditado a alguém.  

“Remember Each Day” começa por meio de um bonito dedilhado de violão e alguns lamentos de guitarra ao fundo, antes dos vocais reconfortantes aparecerem pela primeira vez. Por volta de 1:10 a música ganha alguns ataques instrumentais mais efusivos e que redirecionam a peça para uma linha de rock quase crua, momentos esses que é onde se encontram os seus excelentes refrãos. Assim como aconteceu na faixa anterior, também há uma troca de energia na música e que varia entre refrão enérgico e versos suaves.  

“Dancing Queen”, novamente, a banda opta em começar a peça por meio de um dedilhado de violão que logo ganha a companhia da voz doce de Hélène. Quando citei a cantora italiana, Elisa, mais acima, é principalmente pelos vocais dessa música. Uma guitarra cheia de sutileza e teclas melancólicas, aos poucos também se juntam à peça, até que por volta dos 2:20 a bateria entra através de batidas suaves. Mais uma faixa belíssima.  

“La Vieille au pas lent”, vocais sobre uma base atmosférica de teclado, inicia a peça por alguns segundos, antes dos demais instrumentos entrarem, criando assim, uma música de sonoridade enérgica. A peça cai para uma linha suave, onde apenas um arpejo e vocais a mantém viva, então ela repete o mesmo tema enérgico feiro anteriormente antes de ser direcionada por alguns segundos para talvez o momento mais pesado do disco. O ritmo muda completamente entre os 3:10 até por volta dos 4:25, quando a peça regressa para seu tema instrumental central.  

“Chaos-Chaos", a faixa título também é a maior – passando dos 8 minutos – e a que encerra o disco. Seu início é atmosférico, além de mais uma vez ter uma entrega vocal cheia de melancolia. É uma peça que vai emergindo aos poucos até ganhar a sua primeira forma por meio de batidas médias, linha de baixo simples e guitarras adequadas, então que por volta dos 3:05 ela atinge o seu pico em termo de peso e intensidade vocal antes de regressar novamente para uma atmosfera branda e acalentadora. Novamente, a bateria entra na música, mas agora, diferentemente da passagem anterior, tem como companhia uma linha de baixo mais presente e forte para criar uma seção rítmica sólida. Um riff de guitarra antecipa um solo que me passa um sentimento de bastante angústia.  

Chaos – Chaos é um disco que conseguiu acertar até mesmo em seu tamanho, sendo uma coleção de 6 faixas, onde juntas, entregam um álbum com pouco menos de 40 minutos, não deixando qualquer espaço para passagens irrelevantes.  Chaos – Chaos é cheio de drama e melancolia, mas que de repente pode entregar instrumentais e vocais poderosos. Resumindo, é um disco cheio de intrigas emocionais e sedutoras aliadas a ligações musicais bombásticas e ardentes.


MARIANA REIS e JOÃO PEDRO PAIS - LADO A LADO (𝗟𝗘𝗧𝗥𝗔 da música)

Resenha Power, Corruption & Lies Álbum de New Order 1983

 

Resenha

Power, Corruption & Lies

Álbum de New Order

1983

CD/LP

É mais ou menos um consenso que um disco comemorar seu quadragésimo aniversário de lançamento tendo envelhecido bem é, em si mesmo, um grande êxito.

Mas é um êxito ainda maior quando esse mesmo álbum, além de resistir à prova do tempo, provou ter sido capaz de antecipar estilos e tendências. Fora o “extra" de ter uma das capas mais icônicas da história do pop.

No dia 02 de maio de 1983 saía na Inglaterra, pela gravadora independente Factory Records, o segundo LP do New Order, “Power, Corruption and Lies”. Aqui temos um outro consenso: é o disco que virou em definitivo a página de uma história trágica. Uma história que, a essa altura do campeonato, não é mais desconhecida por ninguém. No começo, não havia New Order. Existia, sim, um grupo pós-punk cult chamado Joy Division cujo talentoso vocalista e letrista, Ian Curtis, um epilético de mente deprimida e com o coração dividido, tirou sua própria vida em maio de 1980. Seus colegas de banda, Bernard Sumner (guitarra e teclado), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) decidem seguir em frente, mas, surpreendentemente, resistem à ideia de buscar um substituto para Ian. E fazem mais: mudam de nome e saem a procura de um novo som, de uma nova identidade musical. 

Agora como New Order, a banda seguiu por um curto período como um trio e com seus integrantes se revezando na função de vocalista. Para ajudá-los, recrutaram a então namorada de Morris (hoje esposa) Gillian Gilbert, ex-Inadequates, para dividir com Sumner os teclados e as guitarras. E Bernard assumiu em definitivo o protagonismo ao microfone. O New Order “clássico" estava, enfim, formado. “Movement”, o álbum de estreia, lançado em novembro de 1981, já trazia os lampejos dos novos caminhos que almejavam percorrer: um som com forte presença de sintetizadores, ou seja, mais eletrônico. Mas o disco ainda soava sombrio, depressivo e dark, como o Joy Division. Era, nas palavras de Peter Hook, “um disco do Joy Division com os vocais do New Order”. Duas coisas foram decisivas para que finalmente alcançassem o som que desejavam: (1) terem se embriagado com o melhor da recém nascida cena de black music eletrônica norte-americana durante suas primeiras turnês pelos EUA; (2) a demissão do produtor Martin Hannett, com quem vinham trabalhando desde o Joy Division.

A mudança logo se fez sentir no single “Temptation”, de 1982, e, principalmente, em “Blue Monday”, lançada apenas dois meses antes de “Power, Corruption and Lies” e gravada nas mesmas sessões de estúdio que deram origem ao álbum. Essas sessões ocorreram nos estúdios Britannia Row, em Londres, e foram produzidas pelo próprio New Order. Além dos tradicionais guitarra, baixo e bateria, a banda trouxe para o estúdio uma nova gama de instrumentos eletrônicos: um sintetizador Sequential Circuits Prophet 5, dois sequenciadores analógicos (um Powertran ETI 1024 e um Polysequencer), um sintetizador de baixo Moog Source, uma bateria eletrônica Oberheim DMX e um sampler EMU Emulator I. Sem a ajuda de MIDI ou computadores, criaram algo sem paralelos entre os pares da época (OMD, Yazoo, Depeche Mode): riffs de bateria metronômicos, linhas de baixo melódicas, guitarras simples e econômicas, ritmos e grooves sequenciados robóticos, timbres futuristas e um toque erudito (com sons de cordas e instrumentos de sopro sintetizados). Você podia tanto dançar quanto ouvir com fones de ouvido e as luzes do quarto apagadas. Aqui cabe colocarmos em relevo o papel de Bernard Sumner na produção do álbum. Fora o fato de que foi em “Power, Corruption and Lies” que ele finalmente encontrou sua maneira própria de cantar, ele também foi o principal arranjador das canções do disco. E Sumner foi igualmente uma peça-chave na utilização da eletrônica e teria dedicado muitas horas em estúdio à programação dos sintetizadores. Em entrevista concedida à “Q Magazine” em 2015, o então já ex-baixista Peter Hook disse o seguinte: "Eu não acho que qualquer pessoa chegaria onde ele chegou. Ele fez milagres. Ele é um fantástico programador de sintetizadores, um visionário da música eletrônica, e o que ele fez nesse disco era equivalente a transformar uma roda pré-histórica em um foguete espacial”. As letras, ao contrário, ainda eram nessa época fruto de um processo colaborativo que não apenas envolvia os quatro integrantes, como também, eventualmente, o empresário da banda, Rob Gretton. Apesar do uso de sequenciadores e programações, o disco soa bastante orgânico e isso se deve ao fato de que o processo de composição se baseava em jam sessions. Os elementos eletrônicos entravam apenas no final, quando já tinham pronto algo já mais estruturado e elaborado. Algumas canções já nasceram clássicas, mesmo sem terem sido hits no rádio ou na TV: a irresistível “Age of Consent” (conduzida de modo brilhante pela dupla Hook/Morris), a futurista “5-8-6” (uma espécie de faixa-irmã de “Blue Monday”), a ainda obrigatória nos shows “Your Silent Face” (uma homenagem a “Trans-Europe Express” do Kraftwerk) e a bela, e triste ao mesmo tempo, “Leave Me Alone”. Mas há outros destaques em “Power, Corruption and Lies”, como “The Village”, “Ultraviolence" e a instrumental “Ecstasy”, esta última um exemplo concreto da razão pela qual Stephen Morris ficou mundialmente conhecido como “a bateria eletrônica humana”. Assim escreveu Michael Butterworth em seu livro “Blue Monday Diaries: In the Studio With New Order” (Plexus, 189 páginas): "Outros artistas vêm fazendo música sintetizada sequenciada há alguns anos, mas esta é talvez a primeira vez  que uma banda de rock usa essas técnicas no coração de sua música”. Aí está o grande mérito de “Power, Corruption and Lies”: ele fez mais do que dar à luz ao que hoje conhecemos como o som clássico do New Order. Ele uniu dois mundos e duas tribos diametralmente opostos. Pôs um pouco de rock nas pistas das discotecas e levou a música eletrônica dance para os roqueiros. Provou que esses dois universos não apenas podiam conviver em harmonia, mas, também, se polinizar um ao outro, fazendo surgir dessa síntese algo novo (e que se tornou lugar-comum anos depois). Certamente não foram os primeiros a cruzarem o rock com a música eletrônica, mas provavelmente foram um dos poucos a levarem essa mistura para as massas - e, vale lembrar, fazendo isso de dentro da cena independente. Se você curte rock e ainda torce o nariz para música eletrônica e dance music, pode apostar que esse álbum tem tudo para fazê-lo mudar de ideia.

Resenha The Key Álbum de Strangers On A Train 1990

 

Resenha

The Key

Álbum de Strangers On A Train

1990

CD/LP

Andei cadastrando algumas bandas e artistas aqui no site nos últimos dias, foi quando me lembrei desse projeto, porém, já estava cadastrado. Havia tempo que eu não o ouvia, então decidi fazer isso hoje e acabou que até nasceu essa resenha nos moldes mais compactos. Me lembro que, antes de ouvir esse disco, só o fato de saber que se tratava de um trabalho liderado por Clive Nolan, já parecia me garantir que algo de muita qualidade seria feito, porém, ao ler que era uma música introspectiva e sequer usaria de uma bateria, sendo apenas os vocais femininos – e belos – de Tracy Hitchings, Karl Groom no violão, guitarra e baixo e Clive Nolan nas teclas (e vocal principal em “From the Outside) os responsáveis para dar vida às peças do álbum, confesso que fiquei um pouco apreensivo.  

Como é de se imaginar e por ser claramente um esforço pessoal do músico, foi Nolan quem compôs e arranjou todo o disco por meio de um claro domínio de teclado e piano durante todo o álbum. Tanto Tracy, quanto Karl, são muito mais artefatos adicionais dentro das composições de Nolan do que colaboradores igualitários. Quando ouvi The Key pela primeira vez, inicialmente eu estava gostando muito do que estava acabando de conhecer, mas conforme ele foi se desenvolvendo, parecia que eu estava percorrendo uma estrada sem fim, enquanto ouvia uma trilha sonora que não variava, sendo assim, foi difícil prestar atenção nos seus mais de 60 minutos.  

Quando escuto um disco igual a The Key, logo percebo onde está o seu maior pecado, no caso, foi Nolan querer fazer um trabalho que soasse muito mais como ideias solo de um tecladista do que uma ideia de banda. Falando rapidamente de Rick Wakeman, pois é uma referência, até mesmo quando o assunto é o – pra mim – melhor e maior tecladista da história do rock progressivo, seus melhores e mais aclamados álbuns foram gravados ao lado de uma banda, por isso, Nolan poderia muito bem se manter dentro de um protagonismo, sem necessariamente ter que limar os demais instrumentos para que isso ocorresse.  

Apesar de eu vê-lo como um disco que segue uma forma linear de composição, e com isso, não sendo um material muito difícil de ficar enjoativo, existe algumas peças de destaque, como a sequência, "Silent Companion", "Crossing the Wasteland" e "Perchance to Dream" que não soam tão pálidas como outras que chegam a atingir o status de maçante, por isso, não posso dizer que o considero um álbum completamente descartável. Considero que sua música, ainda que uma vez por ano, pode envolver meus fones de ouvidos e até me fazer bem, mas não mais que isso, pois sua monotonia deve ser consumida apenas em doses homeopáticas.  

Destaque

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