sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

CANTORES FRANCESES (Mes souliers sont rouges)

Mes souliers sont rouges
Mes souliers sont rouges , às vezes abreviado como MSSR , é um grupo folclórico francês . Formado em 1991 , seu estilo musical é inicialmente tradicional quebequense e francês , passando depois para a variedade francesa e experimentando diversas pausas em sua carreira.

Biografia 

O grupo começou em 1991 , em Caen , Normandia , com Emmanuel (Manu) Savinelli, Dominique (Jimi) Adrix e François Boros (Gullivan) e se especializou em canções tradicionais quebequenses 1 , irlandesas, cajun 2 . Os primeiros álbuns (incluindo Tape la galoche , o mais vendido até hoje) são compostos principalmente por canções tradicionais quebequenses (como La Poule à Colin ), francesas ( Vive la rose ) ou cajun ( L'Arbre est dans ses Feuilles ), reorganizadas . Os últimos álbuns trazem mais composições do grupo e se afastam bastante do estilo inicial. O grupo tem vasta experiência de palco e sempre incentiva o espectador a dançar e participar dos shows.

Em 2000 , lançaram seu quarto álbum, intitulado Proches , que alcançou a posição 66 nas paradas francesas, e a posição 41 nas paradas belgas 3 , 4 . O grupo aparece no episódio Voix de fête do show C'est pas Sorcerer em 2001 [ref. necessário] . 2003 viu o lançamento de seu quinto álbum, 5 , que alcançou a posição 71 nas paradas francesas 3 e a posição 48 nas paradas belgas 4 . Em 2004 , após a saída de François Boros "Gullivan", nenhum dos fundadores do grupo permaneceu: Manu Savinelli (Manu), Dominique Adrix (Jimi), François Boros (Gullivan), e Michel Thomine (Michel). Note-se que este último (Manu, Jimi e Gullivan) deu alguns concertos em 2005 , sob o nome Six Pieds sur Terre .

No mês de, o grupo anuncia, através de seu site, o fim do grupo. Vários membros desejam então se dedicar às suas carreiras pessoais e outros projetos profissionais. Assim terminam 15 anos de sucesso por toda a França e às vezes até além: o grupo fez diversas digressões na Europa ( Bélgica , Suíça , Luxemburgo , Reino Unido , Holanda , Alemanha , Dinamarca ) mas também nos Estados Unidos , Canadá e Austrália. 5 . Em março de 2008 , os dirigentes do grupo, Arno Maneuvrier e Hugues Maréchal, publicaram uma coletânea de memórias da vida do grupo, em forma de crônicas com um tom que se pretende engraçado e excêntrico, Uma página de turismo (dez anos com os sapatos do grupo Mes são vermelhos) .

O, o grupo original, Le Rouge, composto por Manu, Jimi, Gullivan, Michel e acompanhado pelo contrabaixista Jacques Jourdan está se reunindo para um concerto no Zénith de Caen para marcar o décimo aniversário do centro de entretenimento Tandem. O grupo então se apresentou em cerca de 75 datas entre o inverno de 2011 e o verão de 2016 sob o nome MSSR Retour aux Sources Em , o grupo sai em nova formação com Gullivan (fundador), Deny (único músico a ter gravado todos os discos) e três jovens músicos, cantores e multi-instrumentistas.

Em 2019 , foi lançado o álbum Ce qui nous bind 6 . Eles continuarão em turnê pela França a partir de então, incluindo data anunciada em Cenon , em Gironde , para o7 .

Périnne Diot acompanha o grupo em 2020 de forma ad hoc. Intérprete qualificada de língua gestual e cofundadora do coletivo 10 Doigts en Cavale (Coletivo de intérpretes ao serviço da música), torna os concertos acessíveis ao público surdo e com deficiência auditiva. Ela se junta definitivamente ao grupo na primavera de 2022 para a turnê do álbum “Faut Se Mêler”.

Membros 

Meus sapatos são vermelhos, durante o Festival de Canto do Mar de Paimpol em 2013  ; da esquerda para a direita: François Boros, Dominique Adrix, Michel Thomine, Emmanuel Savinelli e Jacques Jourdan.

Membros atuais 

Ex-membros 

  • Emmanuel "Manu" Savinelli — pés, violino , banjo , guitarra , caixa , harpa de mandíbula , vocais (fundador: 1991—1996, 2011—2016)
  • Dominique “Jimi” Adrix – guitarra, voz (fundador: 1991–1999, 2011–2016)
  • Michel Thomine — acordeão , voz (1992—1995, 2011—2016)
  • Ludovic Syffert — vocais, acordeão, apito , bodhrán (1995—2006)
  • Stéphane Devineau — voz, violino, guitarra, banjo, bandolim (1997—2006)
  • Yannick Duhamel - voz, guitarra (1999-2006)
  • Lionel Langlinay — voz, percussão , bateria (2005—2006)
  • Jacques “Jacques Le Rouge” Jourdan — contrabaixo , voz (2011—2016)




Fotos






Faixas principais

Álbuns





MUSICA PORTUGUESA

 

Beatriz Villar - Balada de Outono 2023




Martinho da Vila - Martinho da Vila (1969)

 

capa

Faixas do álbum:
01. Boa Noite / Carnaval de Ilusões / Caramba
02. Quatro Séculos De Modas E Costumes
03. O Pequeno Burguês
04. Ya Ya do Cais Dourado
05. Casa de Bamba
06. Amor, Pra Que Nasceu
07. Quem é do Mar Não Enjoa
08. Brasil Mulato
09. Tom Maior
10. Pra Que Dinheiro?
11. Parei na Sua / Nhem, Nhem, Nhem
12. Grande Amor




“Pista Livre” (Deckdisc, 2005), Cachorro Grande

 


No começo dos anos 2000, uma nova geração do rock gaúcho chama a atenção da grande mídia musical brasileira. Não chegou a ter a mesma projeção e relevância como a geração do rock gaúcho dos anos 1980, que revelou Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Os Replicantes, Garotos da Rua, TNT entre outras bandas da época. Mesmo assim, aquela nova geração trouxe bandas que ganharam alguma visibilidade nacional como Bidê ou Balde, Superguidis, Video Hits e Walverdes. Porém, daquela geração do rock gaúcho dos anos 2000, as bandas que alcançaram uma repercussão maior foram a Fresno, que virou um dos ícones do emocore brasileiro, e a banda Cachorro Grande, com seu som inspirado em Beatles e no rock de garagem dos anos 1960.

A história da Cachorro Grande começou em 1999, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, quando Beto Bruno (vocais), Marcelo Gross (guitarra), Jerônimo Bocudo (baixo), Pedro Pelotas (teclados) e Gabriel Azambuja (bateria) formaram a banda. No mesmo ano, o grupo fez os seus primeiros shows no circuito de rock alternativo de Porto Alegre, tocando covers de Beatles, The Who, Kinks e Rolling Stones.

Em 2001, a Cachorro Grande lançou o seu primeiro e homônimo álbum de estúdio pelo selo independente Stop Records. O álbum chegou a emplacar os dois primeiros hits do grupo, "Lunático" e "Sexperienced", mas teve um grande desempenho comercial. A banda gravou material para o seu segundo álbum de estúdio que seria lançado pela gravadora Universal. No entanto, a companhia rejeitou alegando que não era comercial. Mas através do apoio do cantor Lobão, o segundo álbum da Cachorro Grande, intitulado As Próximas Horas Serão Muito Boas, foi lançado e distribuído de forma independente através da revista Outra Coisa, publicação criada por Lobão e que era vendida em bandas de revista e jornais.

Apesar das adversidades pelas quais a banda passou, As Próximas Horas Serão Muito Boas emplacou dois dos primeiros sucessos da carreira da Cachorro Grande, “Hey, Amigo” e “Que Loucura”, que chamaram a atenção da gravadora Deckdisc que logo contratou a Cachorro Grande.

Em janeiro de 2005, o quinteto gaúcho entrou no estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, para gravar o seu terceiro álbum de estúdio, o Pista Livre. O disco contou com Rafael Ramos como produtor, que embora jovem, tinha uma quantidade razoável de álbuns produzidos no currículo como Admirável Chip Novo (2003), de Pitty, Kavookavala (2002), dos Raimundos, Managarroba (2002), de João Donato, entre outros álbuns. Todo o material gravado foi masterizado por Chris Blair, nos estúdios Abbey Road, em Londres, os mesmos onde os Beatles gravaram os seus discos. A escolha da gravadora em masterizar ao material e gravação de Pista Livre naqueles estúdios em Londres pegou de surpresa os membros da Cachorro Grande, pois os Beatles eram a grande influência da banda gaúcha.

Cachorro Grande, da esquerda para a direita: Marcelo Gross, Rodolfo Krieger,
Gabriel Azambuja, Beto Bruno e Pedro Pelotas. 

Enquanto seu terceiro álbum estava em processo de finalização, a banda Cachorro Grande participou em fevereiro de 2005 das gravações do programa especial da MTV Brasil, Acústico MTV-Bandas Gaúchas. Além da Cachorro Grande, participaram outras atrações gaúchas como as bandas Bidê Ou Balde, Ultramen e o cantor Wander Wildner (ex-Replicantes). O registro gravado ao vivo foi lançado em CD e DVD em junho de 2005.

Se os dois álbuns anteriores são calcados numa sonoridade mais crua, Pista Livre possui um som um pouco mais elaborado, polido e “palatável”. Ao longo do álbum, percebe-se influências do rock de garagem dos anos 1960 (Kinks, The Sonics), Beatles (safra 1965/1966) e o britpop dos anos 1960. O repertório traz uma combinação de canções leves e delicadas (“Sinceramente” e “Interligado”), rocks velozes e afiados (“Você Não Sabe O Que Perdeu” e “Agora Eu Tô Bem Louco”) e até pop rocks dançantes (“Velha Amiga” e “Desentoa”).

Pista Livre começa com “Você Não Sabe O Que Perdeu”, um rock vigoroso e irreverente, que segue bem o estilo do som de rock de garagem que consagrou a Cachorro Grande. “Agora Eu Tô Bem Louco” mantém o vigor da faixa anterior, traz um piano “martelado” e alucinante como se Jerry Lee Lewis (1935-2022) tivesse tomado o corpo do tecladista da banda. O vocal gritado de Beto Bruno conta com a participação especial e sutil de Lobão, que apenas berra a plenos pulmões a frase “E Agora, Porra!” várias vezes.

“Desentoa” é sobre aquele tipo de amigo chato e inconveniente: “Eu nunca sento do seu lado / Eu não aguento o seu papo / Você não parece comigo / E nem parece meu amigo. Para essa música, a banda fez um videoclipe inspirado no filme Hard Day’s Night, dos Beatles. A faixa seguinte, “Bom Brasileiro”, trata sobre o jeito de ser do povo brasileiro, que trabalha duro e que não perde a alegria e o bom humor, apesar das adversidades. “Longa-metragem” possui uma levada rítmica no início, depois segue para um caminho completamente diferente quando Beto Bruno começa a cantar versos que, nas entrelinhas, seria sobre alguém que parece se tratar de um assaltante de banco.

“Interligado” é a faixa mais elaborada do álbum e a mais destoante de todas as faixas, mas que ao mesmo tempo, não se mostra deslocada do disco como um todo. A canção é um pop barroco em que os vocais de Beto Bruno são acompanhados por um belo quarteto de cordas que remetem à fase psicodélica dos Beatles. O próprio vocalista chegou a dizer que “Interligado” seria a “Eleanor Rigby da Cachorro Grande”.

A influência dos Beatles prossegue em “Eu Pensei”, desta vez a fase do período de 1965 da banda inglesa, e contém versos curiosos como “Porque eu não sei quem vai partir / Também não sei quem vai fugir / Só sei que eu não quero mais saber”. Em “Novo Super-herói”, a Cachorro Grande trata sobre aquele tipo de banda ou cantor de rock que passa por sucessíveis mudanças visuais ao longo da carreira, muito mais para “surfar” nos modismos de cada época do que por uma proposta artística e estética. Chama a atenção a semelhança do riff de guitarra de “Novo Super-herói” com o riff de guitarra de “Desentoa”.

Beatles: referência importante na musicalidade da banda Cachorro Grande. 

O rock “Super-amigo” tem um piano hipnótico e inquieto, e uma guitarra, baixo e bateria que juntos, produzem um som que beira o hard rock. O clima fica mais calmo com a ótima balada “Sinceramente”, uma canção acessível, radiofônica e que guarda influências de britpop (sobretudo, Oasis) e de Beatles (safra 1968/1969) um dos maiores sucessos da banda Cachorro Grande. 

“Situação Dramática” é um pop rock bem ao estilo pop bubblegam dos anos 1960, com direito a teclados que produzem um som hipnótico e repetitivo que simulam o som de órgão Farfisa. Pista Livre chega ao fim com “Velha Amiga”, uma canção agradável, harmonização vocal simples, e um piano melódico que dá um toque especial a esta canção que trata sobre a vida de uma banda de rock na estrada, que percorre todo o país para apresentações.

Lançado em 15 de maio de 2005, Pista Livre foi bem recebido pelo público e pela crítica. “Você Não Sabe O Que Perdeu”, “Bom Brasileiro” e “Sinceramente” foram as faixas do álbum que alcançaram maior sucesso. Porém, em meio à boa receptividade de Pista Livre, em maio de 2005 Jerônimo Bocudo anunciou que estava deixando a Cachorro Grande. Jerônimo foi substituído por Rodolfo Krieger, ex-baixista da banda Efervecentes.

Cachorro Grande prosseguiu a sua existência firmando-se como uma das mais importantes bandas do rock brasileiro deste começo de século XXI. Em 2013, lançou Ao Vivo No Circo Voador, álbum gravado ao vivo no Circo Voador, no Rio de Janeiro. A banda alcançou o ápice da carreira em março de 2016, quando foi a atração abertura de um show dos Rolling Stones no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. A passagem da banda britânica pela capital gaúcha fazia parte da America Latina Olé Tour 2016.

Apesar da grande proeza da Cachorro Grande em abrir um concerto dos Rolling Stones, a situação dentro da banda era turbulenta. Os desentendimentos eram sucessivos, e o fim da banda era questão de tempo. Em maio de 2018, o guitarrista Marcelo Gross, um dos membros fundadores da Cachorro Grande, deixou a banda, e foi substituído por Gustavo X. No final de 2018, a banda anunciou uma turnê de despedida que ocorreu em 2019, ano em que a trajetória de 20 anos de carreira do grupo chegou ao fim.

Cachorro Grande: Beto Bruno (vocais), Marcelo Gross (guitarra e vocais de apoio), Pedro Pelotas (piano), Jerônimo Bocudo (baixo) e Gabriel Azambuja (bateria).

Faixas

1. “Você Não Sabe O Que Perdeu” (Beto Bruno)

2. “Agora Eu Tô Bem Louco” (Beto Bruno e Marcelo Gross)

3. “Desentoa” (Beto Bruno e Gabriel Azambuja)

4. “Bom Brasileiro” (Beto Bruno)

5. “Longa-Metragem” (Beto Bruno)

6. “Interligado” (Beto Bruno)

7. “Eu Pensei” (Beto Bruno e Marcelo Gross)

8. “Novo Super-Herói” (Beto Bruno e Marcelo Gross)

9. “Super Amigo” (Beto Bruno e Marcelo Gross)

10. “Sinceramente” (Beto Bruno)

11. “Situação Dramática” (Beto Bruno)

12. “Velha Amiga” (Beto Bruno e Marcelo Gross)

  

“Você Não Sabe O Que Perdeu” 
(vídeoclipe original)

“Agora Eu Tô Bem Louco”

“Desentoa” (videoclipe original)

“Bom Brasileiro” (videoclipe original)

“Longa-Metragem”

“Interligado”

“Eu Pensei”

“Novo Super-Herói”

“Super Amigo”

“Sinceramente”
(videoclipe original)

“Situação Dramática”

“Velha Amiga”


“Living In The Material World” (Apple Records, 1973), George Harrison

 


Naquele começo de década de 1970, George Harrison (1943-2001) desfrutava de grande prestígio mundial. O ex-beatle vinha de uma aclamação pelo sucesso do seu álbum All Thing Must Pass, elogiado pela crítica e muito bem recebido pelo público. Harrison finalmente conseguiu mostrar que poderia ter o seu valor como artista e fugir da sombra de John Lennon e Paul McCartney nos Beatles. 

Além de provar o seu valor como artista, Harrison mostrou também o seu valor como humanista ao lidera o projeto beneficente Concerto para Bangladesh, evento que reuniu em duas noites no Madison Square Garden, em agosto de 1971, em Nova York, alguns dos maiores astros da música como Bob Dylan, Ravi Shankar (1920-2012), Eric Clapton, Ringo Starr entre outros artistas que se apresentaram para um público total de 40 mil pessoas. A arrecadação foi destinada para ajudar as vítimas de um ciclone que devastou aquela região em 1970, matando mais meio milhão de pessoas e levando outras milhares de vítimas a passarem fome, a perderem suas casas com as inundações e a serem contaminadas por cólera. O concerto foi filmado, gravado e lançado como filme-documentário e como um álbum triplo.

O envolvimento de Harrison com a causa de Bangladesh deixou o artista afastado da carreira artística por cerca de dois anos desde o lançamento de All Thing Must Pass. Já estava na hora do cantor lançar um novo álbum. Em 30 de maio de 1973, era lançado Living In The Material World, um álbum simples, composto por 14 canções.

George Harrison e Bob Dylan em apresentação no Concerto para Bangladesh.

Gravado entre outubro de 1972 e março de 1973, Harrison queria que o seu novo álbum tivesse uma produção mais discreta, “enxuta”, ao contrário de All Thing Must Pass, cuja produção musical foi mais robusta por causa do emprego da técnica do “wall of sound”, de Phil Spector (1939-2021), produtor daquele álbum triplo. Spector chegou a ser cogitado a ser o produtor do novo álbum, mas Harrison não só desistiu dessa opção por causa do que tinha em mente quanto à sonoridade do disco, como também quanto ao desentendimento do ex-beatle com Phil Spector muito por conta dos problemas do produtor com a bebida alcoólica.

Para as gravações de Living In The Material World, Harrison contou com o apoio de vários amigos como o seu ex-companheiro de Beatles, o baterista Ringo Starr, o pianista Nicky Hopkins, o baixista Klaus Voorman e o tecladista Gary Wright.

Três semanas antes do lançamento do álbum, era lançado o single de “Give Me Love (Give Me Peace On Earth)”. O single desbancou nada menos que “My Love”, de Paul McCartney & Wings, do 1° lugar na parada Billboard Hot 100, nos Estados Unidos. Foi o único momento em que dois singles de ex-Beatles ocuparam as duas primeiras colocações de uma parada de singles nos Estados Unidos.

Living In The Material World começa com “Give Me Love (Give Me Peace On Earth)”, canção que havia sido lançada antes do álbum como single. Principal faixa do álbum, “Give Me Love (Give Me Peace On Earth)” é uma canção que traz mensagens de amor e paz mundial em seus versos. Além de cantar os versos pacifistas, George Harrison faz os seus inconfundíveis solos de guitarra slide. “Sue Me, Sue You Blues” faz referência aos conflitos judiciais travados entre os ex-membros dos Beatles após a dissolução da banda, sobretudo os que envolveram George Harrison, John Lennon e Ringo Starr contra Paul McCartney.

Em “The Light That Has Lighted The World”, George Harrison expressa o seu incômodo com as acusações que vinha sofrendo e que afirmavam que ele havia mudado, que estava diferente do que ele era no auge dos Beatles. Por meio da canção, o cantor se defendia dizendo que as pessoas mudam, amadurecem. Além do mais, após ter abraçado a religiosidade hindu, Harrison passou a ter uma visão diferente da fama, a não ser um subordinado a ela. A canção possui é uma linda balada, mas que guarda uma melancolia nos voais de George Harrison. Destaque para a performance de Nicky Hopkins no piano.

Harrison escreveu a balada “Don’t Let Me Wait Too Long” quando sua vida passava por uma transformação. O cantor estava cada vez mais envolvido com a sua devoção à espiritualidade hindu e, ao mesmo tempo, o seu casamento com a modelo Patti Boyd estava em crise. Nos versos, Harrison se mostra como um homem apaixonado, que sofre e sente a falta da mulher que ama. “Don’t Let Me Wait Too Long” é a única faixa do disco produzida por Phil Spector, na qual foi empregada a técnica do “wall of sound”, com várias camadas de instrumentos, inclusive o uso de duas baterias.

O lado 1 do álbum termina com a faixa-título, uma canção em que George Harrison faz uma reflexão sobre a vida em uma sociedade consumista e materialista, e de como esses valorizar podem prejudicar a vida espiritual. 

Foto interna da capa do álbum Living In The Material World.

“The Lord Loves The One (That Loves The Lord)” abre o lado 2 de Living In The Material World, e é mais uma canção presente no álbum que traz uma mensagem espiritualista. Inspirada na filosofia hindu, esta canção tece uma crítica aos poderosos e aos materialistas, a pessoas que valorizam extremamente fama, poder e dinheiro em detrimento da espiritualidade. A balada folk “Be Here Now” ressalta a importância de se viver intensamente o tempo presente, o aqui e agora.

A faixa seguinte, “Try Some Buy Some”, foi composta por George Harrison, mas quem a gravou primeiro foi a cantora Ronnie Spector (1941-2009), ex-vocalista das Ronettes, em 1971, e somente dois anos depois, o ex-beatle gravou a sua versão. “Try Some Buy Some” é uma canção sobre o poder sedutor da fama e da riqueza. Os versos mostram como Harrison conseguiu superar as amarras do materialismo e da fama após entregar-se à espiritualidade.

“The Day The World Gets Round” nasceu da experiência de George Harrison com o projeto do Concerto de Bangladesh. Nos versos, Harrison se mostra esperançoso por um mundo melhor e mais solidário. No entanto, a letra traz outros versos dotados de uma crítica às lideranças políticas mundiais e às guerras que acabam arrastando milhões de inocentes para a fome e a morte.

O álbum chega ao seu final com o rock balada “That Is All”, que traz nos uma mensagem um tanto quanto dúbia nos seus versos, que tanto pode ser dirigida a uma mulher amada do eu lírico da canção como também a alguma divindade espiritual. A interpretação vocal de George Harrison é carregada de sentimento e melancolia nesta canção.

Lançado em 30 de maio de 1973, Living In The Material World chegou ao 1° lugar da parada de álbuns da Billboard, nos Estados Unidos, duas semanas depois de lançado, desbancando do topo da parada o álbum Red Rose Speedway, de Paul McCartney & Wings, lançado em abril daquele mesmo ano.

Assim como seu antecessor, All Thing Must Pass, primeiro álbum de Harrison após o fim dos Beatles, Living In The Material World foi um marco na carreira do ex-beatle ao se tornar um ponto de virada não apenas na carreira profissional do artista, mas também na sua vida pessoal. Living In The Material World foi um trabalho que ratificou a qualidade de Harrison como artista solo, podendo assim alçar voos mais longos e distanciar-se da sombra da antiga e antológica banda de rock que integrou.

Faixas 

Todas as faixas compostas por George Harrison. 

Lado 1

  1. "Give Me Love (Give Me Peace on Earth)"
  2. "Sue Me, Sue You Blues"
  3. "The Light That Has Lighted the World"
  4. "Don't Let Me Wait Too Long"
  5. "Who Can See It"
  6. "Living in the Material World" 

Lado 2

  1. "The Lord Loves the One (That Loves the Lord)"
  2. "Be Here Now"
  3. "Try Some, Buy Some"
  4. "The Day the World Gets 'Round"
  5. "That Is All" 

Ouça na íntegra o álbum 
Living In The Material World


"Living In The Material World"
(videoclipe)

“Os Cães Ladram, Mas A Caravana Não Pára” (Sony Music, 1997), Planet Hemp

 


O Planet Hemp vinha do sucesso comercial e de crítica do seu primeiro álbum de estúdio, Usuário, lançado em 1995. A banda não chamava a atenção apenas pelo seu som, mas também pela causa que defendia: a legalização da maconha. O título do seu álbum de estreia e o conteúdo das letras de algumas canções como o hit “Legaliza Já”, deixavam muito claro o posicionamento da banda carioca. É evidente que isso causou polêmica. A Planet Hemp foi alvo de críticas pesadas de setores mais conservadores da sociedade que chegaram a criar um movimento para impedir as apresentações do Planet Hemp nas cidades em que a banda passava. Mesmo com toda essa confusão, protestos e ações judiciais, o primeiro álbum da Planet Hemp vendeu mais de 150 mil cópias.

No final de 1996, após terminar a turnê do álbum Usuário, a Planet Hemp entrou em estúdio para gravar o seu segundo álbum, que contou com a produção de Mário Caldato Jr., produtor brasileiro que tinha no currículo produção e mixagem de trabalhos de artistas consagrados no exterior como Beastie Boy, Björk, The Cult, Beck entre outros.

Intitulado Os Cães Ladram, Mas A Caravana Não Pára, o segundo álbum da Planet Hemp foi batizado com esse nome em resposta àqueles que achavam que a banda não resistiria aos processos judiciais e às prisões por defender a liberação da maconha. O título do álbum seria baseado num antigo provérbio árabe.

Assim como no álbum anterior, em Os Cães Ladram, Mas A Caravana Não Pára, a Planet Hemp prossegue com o seu discurso em defesa da liberação da maconha e toca em assuntos delicados como a violência policial e os problemas sociais vividos pelas camadas mais carentes da cidade do Rio de Janeiro. O álbum traz uma soma sonora de rock, rap, funk, hardcore, jazz, bossa-nova e samba.

“Zerovinteum” abre o álbum com colagens sonoras de trechos de “Veneno da Lata”, de Fernanda Abreu. Com um balanço funk cadenciado e irresistível, o título da música faz referência ao DDD (Discagem Direta à Distância) da cidade do Rio de Janeiro, onde a banda foi formada em 1993. A letra trata sobre as mazelas sociais da cidade do Rio de Janeiro: “Rio, cidade-desespero / A vida é boa mas só vive quem não tem medo / Olho aberto malandragem não tem dó / Rio de Janeiro, cidade hardcore / Arrastão na praia não tem problema algum / Chacina de menores é aqui 021”.

A provocativa “Queimando Tudo” é a faixa mais conhecida do álbum, e nela a Planet Hemp ratifica a sua defesa da ligação da maconha. “Hip Hop Rio” ressalta a diversidade musical do Rio de Janeiro e do Planet Hemp, e como a banda assume a sua identificação com aquela cidade apesar de todos os seus problemas sociais:  “A cidade, eu tenho certeza, só tem gente bamba / Lugar de rock, reggae, hip hop e samba / Na minha bocada, mermão vacilão não cola / Rio de Janeiro, cidade maravilhosa / Não entendeu, te explico em um minuto / O novo estilo carioca invadindo o mundo”.

“Bossa”, como o próprio título diz, é inspirada na bossa nova e possui uma musicalidade bastante retrô. É uma faixa curtíssima, cerca de trinta segundos, está mais para uma vinheta doque para uma música propriamente dita. “100% Hardcore” é veloz e pesada, mostra a veia punk do Planet Hemp. Com um balanço dançante e envolvente, a faixa instrumental “Biruta” traz uma linha de baixo presente e um órgão com ares de anos 1970 “forrando” a base instrumental. “Mão Na Cabeça” é um misto de rock e rap, de andamento arrastado e pesado onde a Planet Hemp discorre nos seus versos a violência policial no Rio de Janeiro: “Mão na cabeça, assalto? Não, é a polícia / Mas dá no mesmo se você não tem um pingo de malícia / São pagos pra proteger, mas te tratam como ladrão / Quem é que vão proteger, então”.

“O Bicho Tá Pegando” guarda um parentesco com “Malandragem Dá Um Tempo”, samba de grande sucesso de Bezerra da Silva nos anos 1980 ao tratar do “dedo-duro”, o sujeito que entrega a malandragem para a polícia. Além do tema, a música do Planet toma emprestado alguns versos do samba gravado por Bezerra. No entanto, diferente do samba de Bezerra que tem humor e irreverência, a música do Planet Hemp é crua, agressiva e direta.

Planet Hemp, da direita para a esquerda: Formigão, Ricardo Crespo,
Marcelo D2, Black Alien e Bacalhau.

Na próxima faixa, o Planet Hemp surpreende o ouvinte com “Adoled”, que é na verdade uma versão veloz, pesada e insana de “The Ocean”, do Led Zeppelin. Para a versão em português, os membros da Planet Hemp adaptaram a letra para tratar da violência policial nas favelas cariocas. O hardcore “Sem Amigos” é um cover da banda Serial Killer, do Rio de Janeiro, e fala das falsas amizades, enquanto que “Paga Pau” alerta sobre o perigo de brigas por motivos banais terminar em tragédia.

Com participação do rapper Skunk (1967-1994), “Rappers Reais” é um recado de Marcelo D2 e seus companheiros de Planet Hemp aos fãs de rap que ouvem apenas rap americano, mas desprezam os artistas de rap brasileiro que retratam a dura realidade brasileira nas suas músicas. Composta nos anos 1940 por Rubens Soares e David Nasser, “Nega do Cabelo Duro” foi regravado pelos mais diversos artistas, desde o Bando da Lua a Emicida. O Planet Hemp fez uma versão samba-rock de “Nega do Cabelo Duro”, com direito a vocal cheio de malandragem imitando o saudoso Noriel Vilela (1936-1975).

“Hemp Family” é um tributo do Planet Hemp às bandas da cena musical brasileira daquele momento, cuja letra cita nomes de algumas delas como Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, The Funk Fuckers entre outras. O Planet Hemp volta a acelerar alucinadamente no hardcore “Quem Me Cobrou?”, mais uma faixa que tem a maconha como tema e traz versos em português e espanhol.

Fechando o disco, “Se Liga”, uma faixa que tem uma base rítmica lenta e que remete à capoeira sobre a qual Marcelo D2 faz o seu canto cheio de marra e autoconfiança. Curiosamente, assim que “Se Liga” termina, ouve-se o som de telefone tocando e alguém falando a frase: “Eu já disse que não quero você nesses lugares”. A partir daí começa uma música instrumental interessante que não aparece na lista de faixas do disco.

O lançamento de Os Cães Ladram, Mas A Caravana Não Pára foi sucedido por uma turnê que percorreu o Brasil, e contou com uma apresentação especial do Planet Hemp em conjunto com os Raimundos como atrações de abertura para os Beastie Boys e Cypress Hill no Metropolitan, no Rio de Janeiro, para um público estimado em sete mil pessoas.

Porém, nem tudo foi alegria após o lançamento de Os Cães Ladram, Mas A Caravana Não Pára. Em novembro de 1997, os integrantes do Planet Hemp voltaram a ter problemas com a Justiça ao serem presos após uma apresentação em Brasília. A prisão da banda motivou o protesto de fãs e de alguns artistas em apoio ao Planet Hemp. Toda a repercussão da prisão do Planet Hemp despertou setores da sociedade para a discussão sobre a despenalização dos consumidores de drogas leves como a maconha. Depois de cinco dias na cadeia, os membros do Planet Hemp foram libertados através de uma habeas corpus.

Faixas

01 - “Zerovinteum” (Marcelo D2/BNegão/Black Alien/Formiga) Participação: Fernanda Abreu

02 - “Queimando Tudo” (Marcelo D2/Black Alien/Zé Gonzalez)

03 - “Hip Hop Rio” (Marcelo D2/Rafael Crespo)

04 - “Bossa” (Marcelo D2/Rafael/Appolo/Formigão/Ronaldo Caldas)

05 - “100% Hardcore” (Marcelo D2/BNegão/Rafael)

06 - “Biruta” (Formigão)

07 - “Mão Na Cabeça” (Marcelo D2/Ulisses Cappelletti)

08 - “O Bicho Tá Pegando” (Marcelo D2/BNegão/Zé Gonzalez)

09 - “Adoled (The Ocean)” (Jimmy Page/Robert Plant/John Paul Jones/John Bonham/Vrs. Marcelo D2/Vrs. BNegão)

10 - “Seus Amigos” (Katinha/Fábio Barreto)

11 - “Paga Pau” (Marcelo D2/Marcelo Lobato)

12 - “Rappers Reais” (Marcelo D2/S. Kunk)

13 - “Nega do Cabelo Duro” (Rubens Soares/David Nasser)

14 - “Hemp Family” (Marcelo D2/Rafael/Zé Gonzalez)

15 - “Quem Me Cobrou?” (Marcelo D2/Rafael)

16 - “Se Liga” (Marcelo D2/Zé Gonzalez)

 

Planet Hemp: Marcelo D2 (vocais), Black Alien (vocais), Rafael Crespo (guitarra), Formigão (baixo) e Bacalhau (bateria)

Ouça na íntegra o álbum
Os Cães Ladram, Mas A 
Caravana Não Para

Crítica: "Blue" o novo single de Kafod, banda chilena da família de rock progressivo.

 

Kafod, a banda familiar da região de La Araucanía, Chile, continua sua notável jornada musical com o lançamento de seu último single, “Blue”. Este projeto, formado por Carlos Cruz Barros, Paula Demarco Vergara e seu filho Juan Salvador Cruz Demarco, representa mais que uma proposta musical; é uma fusão única de arte e música enraizada na natureza que transcende as fronteiras convencionais da cena progressista latino-americana.

Produzido, gravado e mixado por Carlos Cruz B. no home studio da Kafod Producciones, e masterizado por Carlos Barros nos Estudios Triana, Santiago do Chile, "Blue" representa a contribuição única de cada membro do Kafod: Carlos Cruz nos vocais, baixo e guitarras; Paula Demarco no piano e sintetizadores; Juan Salvador Cruz Demarco na bateria.

O novo single, que se apresenta como a única composição em inglês do próximo álbum “Ciclos”, tem uma história de anos por trás de sua criação. Inicialmente, a música da canção foi concebida no segundo semestre de 2018, logo após a família da banda se mudar para o sul do Chile. Motivada por diversas experiências pessoais que entristeceram o autor e compositor Carlos Cruz, esta balada foi criada com uma cadência melancólica, que permaneceu sem letra durante cerca de dois anos. Durante a pandemia de 2020, Cruz retomou a composição, inspirado na situação mundial, e decidiu chamá-la de “Blue”, escrevendo a letra em inglês para se dirigir a um público mais amplo e global. 

Referindo-se à cor azul como símbolo de tristeza, e apesar de um forte tom melancólico, a música tem uma essência calmante que se reflete na sua intensidade crescente, revelando um vislumbre de esperança que acompanha a letra. Essa canção agridoce busca um grito de esperança em meio à tristeza. Começa de forma simples com um violão, ao qual se somam o piano e a voz feminina, fechando com um poderoso solo de guitarra elétrica.

Com “Blue”, Kafod nos oferece uma prévia imperdível de seu próximo álbum, “Ciclos”, que já está no horizonte. Cheia de nuances e com uma história que lhe confere relevância, a música encarna uma expressão autêntica da ligação emocional que Kafod procura estabelecer com o seu público. Prepare-se, pois a chegada do novo álbum está chegando e a Nación Progresiva estará presente para mergulhar na experiência completa.

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