quarta-feira, 3 de julho de 2024

Medeiros/Lucas – Sol de Março (2018)

 

Jacco Gardner – Somnium (2018)


Morphine – Cure for Pain (1993)

 

The Jesus and Mary Chain – Psychocandy (1985)

 

António Variações “Estou Além” (1982)

 

A notícia chegou numa manhã de Santo António. Com apenas 39 anos de idade, e uma obra discográfica editada então feita de dois álbuns e dois singles, António Variações deixava-nos a 13 de junho de 1984. Em apenas dois anos os seus discos tinham ajudado a definir uma das páginas mais marcantes e únicas da história da música portuguesa, não só estabelecendo pontes entre Braga e Nova Iorque (como ele mesmo disse) como entre gerações, num raro caso de transversalidade que ainda hoje não teve igual.

A assinalar, hoje, os 38 anos passados sobre essa manhã de junho de 1984 (numa altura em que começávamos todos a escutar as canções do álbum Dar e Receber), recordamos um dos dois temas que, apenas dois anos antes, tinham assegurado a sua estreia com um primeiro single, e que agora faz 40 anos de vida e que representou uma muito desejada estreia em disco para o músico (e barbeiro) que há muito estava ligado à Valentim de Carvalho, porém sem obra ainda editada.

Nesse 45 rotações (que tanto saiu em single de sete polegadas como em máxi) surgia uma versão – nada canónica – de “Povo Que Lavas no Rio”, canção que havido sido imortalizada na voz de Amália mas que, com ele, ganhava outra das interpretações de referência.

Na outra face do vinil, a visão pop de “Estou Além” revelava, além da música, da voz e da imagem, uma personalidade muito peculiar na escrita. E, depois, um trabalho de diálogo com outros músicos e produtores que o ajudaram a moldar as ideias.

Reinventada por outros ou na versão original, “Estou Além” na verdade nunca nos deixou. E, 40 anos depois de surgir pela primeira vez em disco, a canção transformou-se, de facto, num ‘standard’ do cancioneiro pop português.




Bananarama “Cruel Summer” (1983)

 Editado em 1983 “Cruel Summer” deu às Bananarama e à pop dos anos 80 não só uma canção com sabor a verão mas também um clássico maior da música pop. 

Apesar de ser hoje reconhecido como um dos clássicos maiores das Bananarama (e da pop dos oitentas), esta canção – que, editada em junho de 1983, representava a primeira manifestação do que poderia ser a música do grupo depois de um belo álbum de estreia, foi inicialmente apenas um caso de popularidade no Reino Unido, conhecendo depois, através da banda sonora de Karate Kid, uma plataforma de maior exposição global. 

Depois das Supremes ou de Martha and The Vandellas, e bem antes das Spice Girls, houve uma girl band a dar que falar entre o panorama da música pop dos oitentas. Formadas em 1979 em Londres entre três antigas colegas (e amigas) dos dias de escola que eram claras seguidoras dos acontecimentos em clima punk, as Bananarama começaram por contribuir com coros ou participações especiais em concertos de nomes como os The Jam, Monochrome Set ou Iggy Pop. Viviam então por cima da sala de ensaio de antigos membros dos Sex Pistols e com a sua ajuda gravaram a maquete de Aie a Mwana, canção em swahili que levaram à ronda das editoras, de lá regressando com um acordo editorial (e um primeiro single, lançado em 1981). O arranque de carreira conheceu ainda uma colaboração no single de 1982 T’ain’t What You Do (It’s the Way That You Do It) dos Fun Boy Three, uma banda entretanto nascida da separação dos The Specials.

Em 1983, depois de mais um single de sucesso – Really Saying Something (onde os Fun Boy Three participaram em jeito de retribuição) e Shy Boy – o álbum de estreia Deep Sea Skiving, com capa com sabor a maresia, confirmava as potencialidades de uma visão pop que, nos anos seguintes se afastaria de terrenos pós-punk para rumar a uma carreira de sucesso mainstream. Este disco que cruzava uma certa dose de maresia tropical com os espaços da canção pop, é como uma pérola algo esquecida (porque ofuscada) pelo brilho mais polido de criações posteriores, nomeadamente os êxitos pop que a as projetaram globalmente depois do impacte da sua versão de Venus, editada em 1986. Cruel Summer nasceu ainda nesse mesmo 1983 como o passo imediatamente a seguir a  Deep Sea Skiving e ainda transporta ecos do que ali acontecia. Contudo, à luminosidade com maresia que a própria capa do álbum de estreia sugeria, este novo single cantava o verão, mas de uma forma diferente das mais frequentes celebrações para praia, calor e mar…

Cruel Summer é, na verdade, uma visão atípica do modelo temático da canção de verão já que, mesmo sob calor e a luz do sol, aqui se fala antes de perda e do vazio que fica depois de uma separação. A canção traduz, como a própria banda reconheceu, a face mais assombrada da música que retrata o verão, sublinha o sufoco do calor extremo e lança metáforas que depois transportam o clima para uma dimensão mais pessoal. 


Para acompanhar o lançamento do single as Bananarama rumaram a Nova Iorque (e quem lá passou dias de verão sabe que é tudo menos cenário ameno), representando essa a sua primeira viagem à “big apple”. A meteorologia estava pelos vistos atenta à canção a cenografar e os momentos da rodagem fizeram-se sob um sol intenso, como que a captar um sentido de verdade para as imagens que assim materializaram esta canção.

Cruel Summer teve depois outras vidas, umas delas em remakes pelas próprias Bananarama, outras em versões que vão das visões pop dos Ace of Base ao rock dos Superchunk.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Wham! “Club Tropicana” (1983)

 Editado em 1983 “Club Tropicana” foi o quarto single extraído do álbum de estreia dos Wham!. O teledisco em tons de veraneio e o sabor mais suave da canção abriu caminho para o rumo que, em 1984, levaria o grupo a um maior patamar de popularidade. 

Olhares críticos tinham habitado algumas das primeiras canções da dupla que em 1982 colocara discograficamente em cena George Michael e Andrew Ridgley. Wham Rap falava sobre sobre o desemprego (sobretudo dos mais jovens) e Bad Boys tecia  retratos sobre o conflito de gerações. Coube ao quarto (e último) single extraído do alinhamento do seu álbum de estreia – Fantastic! (1983) – abrir espaço à expressão de uma visão mais festiva, e podemos mesmo dizer hedonista, que carecterizaria a etapa seguinte na vida dos Wham! e que faria do álbum Make It Big (1984) um sério fenómeno de popularidade global, chegando mesmo a fazer deles a primeira banda pop ocidental a fazer uma pequena digressão na China, três anos depois de uma primeira abertura de portas com a música eletrónica instrumental de Jean Michel Jarre.

Club Tropicana correspondeu à segunda canção composta por George Michael e Andrew Ridgley para os Wham!. Logo depois de Wham Rap, a ideia original tinha sido lançada em 1981 e deixada inacabada por algum tempo até que a necessidade de entregar uma maquete com alguns temas a várias editoras os levou a terminar a canção, sendo por isso uma das responsáveis pelo acordo inicial com a Innervision que assinaram em 1982. Gravada nas sessões que conduziram à criação do álbum Fantastic, Club Tropicana nasceu com um arranjo distinto dos olhares com tempero de costela funk que alimentavam a alma de parte das canções do álbum. Pelo contrário aqui havia uma exuberância diferente, buscando o requinte de quem, pela música e pelas palavras, sugeria um retrato de dias de férias. Na verdade, nas entrelinhas da canção podemos ler um possível olhar crítico aos modelos de “escapadelas” rápidas e mais baratas para jovens solteiros que então ganhavam espaço nas agendas turísticas, tendo por destino rotas de calor e festa.





Destaque

Autoramas

  Banda formada no Rio de Janeiro, em 1997, por Gabriel Thomaz na guitarra, Nervoso na bateria e Simone no baixo, com a ideia de fazer ...