sábado, 1 de abril de 2023

Resenha A Deeper Understanding Álbum de The War On Drugs 2017

 

Resenha

A Deeper Understanding

Álbum de The War On Drugs

2017

CD/LP

O quarto álbum de estúdio do projeto The War On Drugs de Adam Granduciel desde o título já apresenta seu objetivo. Trata-se de um conhecimento íntimo e profundo, daquilo que está lá dentro, mas também é a jornada até lá. E não poderia ter sido melhor...

"Up All Night" abre o disco com um batida descontraída e até despretensiosa. Ainda assim, ela vai crescendo e apresentando muitos elementos que estarão presentes em outras faixas.

"Pain" é o primeiro grande momento do álbum. A faixa abre com um excelente riff de guitarra, introduzir as paisagens musicais para os demais instrumentos criarem um ambiente incrível onde Granduciel irá colocar suas letras e sua voz. A letra fala diretamente do "profunda compreensão" que intitula o álbum. Após um longo período de depressão clínica que o vocalista passou durante a gravação e turnê do álbum "Lost in the Dream" (2014), Granduciel expõe toda sua dor, assim como toda a compreensão que teve durante o enfrentamento desse árdua jornada. 

"Holding On" continua na mesma potência e grandiosidade da faixa anterior. Sem esconder as influências oitentistas, Adam Granduciel em muito soa como um Bruce Springsteen. Isso poderia ser um erro, mas o compositor entende como colocar e respeitar essas influências. Com um trabalho impecável dos demais músicos, a jornada de compreensão atinge incríveis momentos nessa faixa, com uma batida extremamente envolvente e um crescimento poderoso até seu final. 

"Strangest Thing" é a faixa mais Dire Straits do álbum, o que é ótimo. Parecendo sair diretamente do lendário "Brothers in Arms" (1985), existe um equilíbrio excelente entre as guitarras elétricas e o órgão Hammond, possibilitando que mais uma vez Granduciel possa colocar suas letras e voz, lembrando o estilo de Mark Knofler, de maneira belíssima, dessa vez tratando sobre momentos estranhos entre a beleza e a dor. Os solos de guitarra que entram entre as estrofes só elevam toda a atmosfera.

"Knocked Down" é um intervalo na intensidade do álbum, mas sem perder sua qualidade. Aqui temos uma canção mais soturna, discreta e compassada, uma balada moderna bastante sólida.

"Nothing to Find" retorna a explosão de Holding On e eleva em sua máxima potência. A batida da faixa é extremamente cativante e, mesmo que sem querer, nos veremos dançando com ela. As diversas camadas de instrumentos vão se apresentando intensamente, sem jamais perder a sintonia. De sintetizadores, violões, guitarras e até gaita, tudo está exatamente em seu perfeito lugar. Destaque para o belíssimo videoclipe produzido pela banda para acompanhar essa linda canção.

"Thinking of a Place" é a faixa mais longa do álbum e sua obra-prima. Com 11 minutos e 10 segundos de duração, trata-se de uma viagem sonora que Adam Granduciel nos entrega entre atos construídos em ótimas interpretações de cada um dos instrumentos por parte dos músicos do The War on Drugs.Um perfeito exemplo de rock progressivo que surgiu nos últimos anos. Poderia escrever mais sobre a faixa, mas deixo que os leitores descubram a experiência dela ao ouvi-la. 

"In Chains" é Bruce Springsteen um pouco mais comedido. Excelente faixa, condensando tudo que ouvimos de bom durante o álbum.

"Clean Living" e "You Don't Have to Go" encerram a jornada. São o fechamento da porta ou o fim da estrada que pegamos ouvindo "A Deeper Understanding" pelo rádio do carro. 

Premiado com o Grammy Award de Melhor Álbum de Rock de 2017, a obra não merece menos. Em 10 faixas, Adam Granduciel e seu The War On Drugs chegam na maturidade, mesclando com eficiência todas as referências do Heartland Rock, da Americana, de Bob Dylan a Mark Knofler, da década de 80 e do progrock, contribuindo com personalidade e muita musicalidade. Ouvimos guitarras, baixos, bateria, Mellotron, o famoso Wurlitzer, gaita, sintetizadores, saxofones e muito mais, em harmonia impressionante. 

Resenha Seven Ways ’Til Sunday Álbum de Steve Augeri 2022

 

Resenha

Seven Ways ’Til Sunday

Álbum de Steve Augeri

2022

CD/LP

Para os fãs de AOR, o nome de Steve Augeri não é novidade na praça. Famoso pelas suas participações em todos os grupos que passou, mais precisamente Journey, Tall Stories e Tyketto, temos aqui um vocalista talentosíssimo e com pouquíssimas pessoas que pensam o contrário. Seu timbre suave, marcante e com bom alcance é sempre um um deleite para os ouvidos quando soa pelos alto-falantes. Após ter lançado diversos singles como artista solo, temos enfim um disco completo de sua autoria. E que belo disco.

Enquanto o supergrupo Underworld não lança nada e caminha com passos lentos, nos levando a crer que não sairá nada do projeto que traz Kee Marcello, o próprio Steve, Virgil Donati e James Lomenzo, já que foi formado no agora distante 2014, Augeri seguiu adiante, juntou algumas ideias, trouxe a colaboração de alguns amigos e conseguiu enfim lançar "Seven Ways ’Til Sunday", em 2022 e como artista solo. Um trabalho influenciado por todas as bandas que passou, tendo inclusive criado material em conjunto com Neal Schon e Jonathan Cain, o que certamente é um atrativo. Mas, há muito mais a ser conferido neste excelente álbum.

Um disco sem fillers, sendo que apenas a faixa título é a que menos me empolga. Por coincidência, é a menos "rocker", uma baladinha dançante e de boa melodia, mas sem grande impacto. "Magic", "If You Want", "Beautiful" e principalmente "From The Beginning" trazem a atmosfera maravilhosa do Journey. Dá pra incluir a balada "Bated Breath" aí também, outro grande acerto. Já a deliciosa "Never Far From Home" (escrita com Jonathan Cain), a rocker "Desert Moon" (escrita com Neal Schon) e "Talking About" relembram aquele som gostoso que as bandas de AOR faziam na década de noventa, período inclusive em que foi lançado o maravilhoso disco de estreia do Tall Stories, além da fase de Augeri no Journey. Há também um toque de modernidade e também a inclusão de bons elementos do AOR mais pop, como o uso de metais. Tudo resultando em um pacote bem equilibrado de canções.

Augeri participou ativamente da composição, gravação e produção, provando o grande talento que é. Isso sem falar que, apesar de alguns exageros na produção de sua voz em alguns momentos, seu timbre segue maravilhoso e impressionante, mesmo depois de tanto tempo de estrada. Obviamente, o vocalista é o grande destaque aqui.

Não ouvi falar muito de "Seven Ways ’Til Sunday" aqui no Brasil, portanto, precisamos reparar esse erro o quanto antes. Temos aqui um álbum excelente, bem feito, bem executado e que agrada do início ao fim. O que mais fã de música boa precisa?
Curta sem moderação.

Faixas:

1  Magic  5:07
2  Never Far From Home  5:24
3  Bated Breath  3:20
4  Drive  3:44
5  Talking About  3:38
6  Unanswered Prayers  5:40
7  If You Want  4:32
8  Beautiful  5:16
9  Seven Ways 'Til Sunday  4:40
10  Desert Moon  4:53
11  From the Beginning  7:31


Resenha Kimball Jamison Álbum de Kimball Jamison 2011

 

Resenha

Kimball Jamison

Álbum de Kimball Jamison

2011

CD/LP

Nós, desbravadores e amantes do mágico estilo, temos as vezes a chance de ajoelhar e agradecer a junções de supremos mestres para um projeto que chega à luz, e graças à todos os deuses esse teve tempo de acontecer.
Bobby e Jimi eram amigos de longa data e com a saída do primeiro do Toto e o tempo de folga do segundo, entraram em estúdio para gravarem uma supra mestra obra prima do AOR, cheia de peso e explodindo em emoção.
Com a produção de Mat Sinner, um baita músico e produtor de Heavy Metal, esse petardo nos traz toda a glória do que foi a carreira de ambos esses monstros sagrados, essas duas lendas incontestáveis.
Peso na produção, as vozes alternando e se cruzando com leveza e poder, tudo no universo se alinhou para que esse álbum desse certo.
As duas fantásticas peças de início, Worth Fighting For e Can't Wait For Love ganharam videoclips, e mostram os mestres se divertindo em paisagens montanhosas e em estúdio detonando.
Joias como Sail Away e Find Another Way, lotadas de melodia, lindas baladas, cheias de emoção.
Hearts Beat Again, onde um piano suave inicia e Bobby entra lindamente, para a seguir explodir em um petardo AOR de chorar de joelhos...
Enfim, não há destaques nessa hoje nostálgica obra. Nostálgica pois Jimi nos deixou em 2014 e Bobby está diagnosticado com demência, e portanto, com a carreira encerrada, mas nada mais iria superar o que viesse a fazer posteriormente, porque aqui deixaram todo seu corpo e alma, tudo que esse caras sabiam fazer, e com um peso do Heavy Rock como deveria ser.
Uma obra maestra digna do panteão máximo AOR.
Você é fã do estilo? É correr atrás desse tesouro agora mesmo!

Resenha Mourning Has Broken Álbum de Sabbat 1991

 

Resenha

Mourning Has Broken

Álbum de Sabbat

1991

CD/LP

A saída de Martin Walkyier é o motivo da raiva sobre Mourning Has Broken, nisso enxergamos o termo : meias verdades, pois encontramos outros buracos na estrada.
O vocal está aquém, sim, não nego. As letras mudaram a direção, mais pé no chão e menos paganismo, bom, sem problemas quanto ao último fator, assuntos diversos devem ser postos a mesa.
Tenho uma cópia do vinil, encontrei por um preço justo e corri para casa, ao colocar sobre o toca discos, meu estomago embrulhou. Diabos ! A agulha deve ter imantado blocos de poeira e preciso assoprar ou pegar uma escova macia para resolver.
Não, estava errado, a produção soa tétrica, como a decepção de escutar Witch Hunter do Grave Digger.
Algo errado com a caixa da bateria, mal equalizada. O contrabaixo soterrado tenta respirar, pobre coitado.
Uma pena tantos empecilhos para o nobre instrumental intrincado e levado a cabo para esse. São construções fantásticas perdidas em captação de garagem e um vocalista esforçado, mas ... não convincente.

Os clássicos History of a Time to Come e Dreamweaver estão em seu trono. Pregado pelos críticos, o bobo da corte ficou para Mourning Has Broken.
Não devemos esquecer a gravadora noise e a insatisfação causada, um dos responsáveis pelo prematuro enterro. Houveram problemas financeiros também. O papo de divergências de letras pode ser observado como cortina de fumaça.
Reforço, é um produto de bons temas e arranjos, poderiam contornar a situação e aprender com erros, chamar um produtor.
Não posso dizer mais. Os bastidores e a cruz, pertencem a eles.

Disco imortal: The Stone Roses (1989)

 

Álbum imortal: The Stone Roses (1989)

Silvertone Records, 1989

Em julho de 1987, Johnny Marr deixou os The Smiths e a banda que, para muitos, havia sido a salvação da música durante uma época muito triste no Reino Unido comandada por uma figura paternalista e conservadora como Margaret Thatcher acabou. . A juventude buscava no som do House e no êxtase alguma fuga do vazio deixado pelo grupo do qual Morrissey fazia parte.

No entanto, uma nova onda estava se formando em Manchester, que transformaria a cena indie iniciada pelos Smiths em um estilo mais psicodélico. Os Stone Roses assumiram a liderança e com seu álbum autointitulado lideraram as bandeiras de uma nova invasão britânica. O LP lançado em abril de 1989 mostrava que o rock também pode ser dançante, e que as inspirações de grupos como Led Zeppelin, The Kinks e Beatles poderiam ser o antídoto para remodelar a Inglaterra.

“Somos apenas um grupo rítmico, simples folk pisoteado” , Ian Brown descreveu – com ar altivo e desafiador – no final dos anos oitenta, o som da sua banda. E como ele estava certo! Bem, os mancunianos provocaram desde o início, já que a capa do álbum - do guitarrista John Squire - foi inspirada no expressionismo abstrato do americano Jackson Pollock e nos acontecimentos ocorridos durante maio e junho de 1968 na França quando os protestos estudantis de jovens esquerdistas que eles colocou o governo do veterano Charles de Gaulle nas cordas.

“Os sinos tocam na manhã de domingo / Hoje ela partiu para roubar o que nunca poderia ter / Uma carreira desse buraco que foi seu lar até agora”, Brown começa a gaguejar com “Waterfall”, uma música co-escrita com Squire. e que ostenta aquele som psicodélico da costa oeste, mas com o ar da presunção de Manchester. Este hino é seguido por sua irmã gêmea “Don't Stop” que tem a mesma sonoridade, mas feita ao contrário e com letra bastante modificada.

“I Wanna Be Adored” é uma música que nos teletransporta para aquela música dos anos sessenta onde nos deixamos levar pela sinestesia (percepção alterada do tempo e sentido de identidade) juntamente com a literatura de Aldous Huxley ou Jack Kerouac. A sementeira de The Birds ou The Beatles concentra-se fortemente nesta peça musical e que possui letras bíblicas dignas de adoração para os ingleses. “ Eu quero ser adorado / Você me adora” (“Eu quero ser adorado / Você me adora”) . Alguma dúvida sobre o que Ian e companhia querem nos expor com essa música? Deixamos ao livre arbítrio do leitor e claro, do ouvinte.

"Me rasgue e ferva meus ossos / Não descansarei até que ela perca seu trono / Meu objetivo é verdadeiro, minha mensagem é clara / São cortinas para você, elizabeth, minha querida" perdeu seu trono / Meu objetivo é certo, minha mensagem é claro / É o fim para ti, minha querida Elizabeth») , é o que diz na íntegra a peça acústica de “Elizabeth My Dear”, que expõe fielmente o espírito antimonárquico dos músicos.

Porém, há outra peça que também exibe essas raízes contra o que está estabelecido e que foi expresso na capa, já que sua antecessora “Bye Bye Badman” faz um pedido de desculpas pelos acontecimentos de Paris em 1968 e ataca diretamente de Gaulle. . Para muitos especialistas, essas ideologias expressas pelos manchesterianos eram apenas populismo pela arrogância que demonstravam em suas apresentações e pela ostentação que faziam de suas roupas e cortes de cabelo, mas para os torcedores era uma declaração de princípios dos artistas.

rosas de pedra

Passando a fazer shows em pequenos bares, os Stones Roses apostaram quando as canções de mesmo nome começaram a se popularizar e no mesmo ano em que o álbum foi lançado, eles deram um recital na cidade de Blackpool, que poderia muito bem tê-los enterrado. .como banda, pois em Manchester era difícil para eles lotarem as locações para suas apresentações, mas a recepção ao quarteto foi prodigiosa.

“Para nós, fazer shows era como andar na corda bamba. Você pode cair a qualquer momento, mas gosta do perigo. Queríamos melhorar a nós mesmos, para ver até onde poderíamos ir. Alugamos lugares que sabíamos que não conseguiríamos lotar só para ver se conseguiríamos”, disse em entrevista o baixista 'Mani', mais conhecido como Gary Mounfield e que atualmente participa do Primal Scream. E cara, eles conseguiram, porque havia mais de três mil pessoas naquele show.

“Não desperdice suas palavras. Eu não preciso de nada de você” , diz uma das estrofes da música que fecha este álbum e que também foi o ponto alto de suas apresentações ao vivo: “I Am the Resurrection”. Uma música que foi tomada como um hino por seus fãs e na qual o próprio Ian declarou sua divindade aos seus seguidores por meio de uma rave (termo cunhado para festas caseiras dos anos 80), mas com toques celestiais. “Eu sou a ressurreição e eu sou a luz. Nunca consegui odiar tanto quanto queria” , recitou Brown antes de dar lugar a uma das marcas registradas da banda, o rock dançante, que continha um solo de guitarra que crescia ao máximo que depois caía mas subia, novamente, de forma constante.

As pessoas entenderam perfeitamente a mensagem dos nativos de Manchester e desse novo movimento que mais tarde seria conhecido como Britpop. A semente do que hoje conhecemos como Indie tem muito neste trabalho de 1989. O homônimo do Stone Roses junto com Happy Mondays Pills 'N' Thrills e Belyaches , fez uma geração dançar novamente e deu a eles um estilo único que dura até um tempo em que o fugaz e transitório é algo mais usual. Sem mais o que escrever, mas citando 'Mani', este disco foi ao som dos “brancos mais negros do planeta” .

Disco Imortal: Blind Faith (1969)

 

Disco Inmortal: Blind Faith (1969)

Polydor Records, 1969

O que poderia acontecer entre a união do guitarrista dos Yardbirds, do baterista do Cream, do vocalista e tecladista do The Spencer Davis Group e do baixista do Traffic A resposta pode soar familiar para você, você pode até imaginar, mas se deixarmos que nossas suspeitas e nosso coração nos digam, podemos facilmente concluir que se trata de um supergrupo.

Eric Clapton (vocal e guitarra), Ginger Baker (bateria), Steve Winwood (vocal, órgãos e guitarra) juntamente com Rick Grech (baixo e vocal) deram vida a este grupo que lançou apenas um álbum, mas surgiu com um trabalho que permaneceu nos anais do rock psicodélico e, acima de tudo, da música. Mas nem tudo era música nesse quarteto, já que a capa do disco homônimo que ali veio à tona em agosto de 1969, foi cercada de polêmica, já que a capa original foi promovida com uma foto bastante marcante.

Bob Seidmann, que era muito próximo de 'Slowhand' e já tinha vários trabalhos com bandas e solistas desde os anos 60, foi o criador do instantâneo que iria para o álbum. Uma garota seminua, que tem nas mãos -aparentemente- uma nave espacial ou também a decoração de um Chevrolet dos anos cinqüenta.

A imagem causou alvoroço, pois era marcadamente sexual e com a qual foram feitas várias conjecturas sobre o objeto e, claro, sobre a garota em questão. Para muitos, a peça do carro significava um símbolo fálico e a menina criava infinitas questões, a começar por ser uma espécie de escrava sexual ou por ser filha de algum integrante do grupo. A refutação de todas estas incógnitas foi respondida pelo próprio autor da obra, que referiu que «a imagem simboliza a realização da criatividade humana e a sua expressão através da tecnologia de uma nave espacial. A inocência seria a portadora de ideais através de uma moça. Uma garota tão jovem quanto a Julieta de Shakespeare. A nave seria o fruto da árvore do conhecimento e a menina, o fruto da árvore da vida»A jovem que apareceu na capa é Mariora Goschen, que tinha 11 anos quando a fotografia foi tirada, anteriormente em conversa com os pais. Diz-se mesmo que pediu um animal como preço, mas recebeu 40 libras de compensação. Depois de tanta polêmica sobre a imagem frontal, a gravadora optou por substituí-la por uma da banda. Porém, hoje é possível encontrar a versão original em lojas de discos do mundo todo.

Deixando de lado a capa, a música que abre as fogueiras desse álbum que foi produzido por Jimmy Miller, é a ótima "Had to Cry Today" que foi composta por Steve Winwood e que mostra toda a psicodelia característica do final dos anos sessenta. "Já tá escrito que hoje vai ser pra lembrar/ A sensação é a mesma de estar fora da lei/ Tive que chorar hoje"/ Tive que chorar hoje"), a letra fala de um redemoinho de sentimentos e sinestesias junto com uma melodia que não deixa de nos levar a um voo imaginário e que -de resto- é bem acompanhado por uma guitarra mais que virtuosa de Clapton durante quase nove minutos.

“Estou aproveitando para ver o vento em seus olhos enquanto ouço”

"Can't Find My Way Home" é aquela balada acústica para raciocinar, questionar e chegar às respostas do que a vida e o universo nos preparam. A canção de Winwood detalha os seguintes versos para nós: "Desça do seu trono e deixe seu corpo em paz / Alguém deve mudar / Você é a razão de eu ter esperado tanto tempo / Alguém tem a chave" ("Venha, desça do seu trono e deixar seu corpo / alguém deve mudar / você é a razão de eu ter esperado tanto tempo / alguém tem as chaves na mão"). A afirmação é sublime, mas também deixa uma mensagem nas entrelinhas aberta e deixada para o ouvinte interpretar:"Mas estou perto do fim e simplesmente não tenho tempo / E estou perdido e não consigo encontrar meu caminho para casa" encontre meu caminho para casa.

Erick 'Slowhand' Clapton escreveu “Presence of the Lord” e é aquela peça celestial em que os ritmos são muito cuidadosos, mas sempre com a psicodelia pertinente que este supergrupo nos oferece. Cada um dos membros aumenta em sua proporção. Porém, o teclado de Winwood é o que leva este trabalho um pouco mais longe, sim, sem descurar a guitarra de Clapton e as letras, pois é neste último ponto que se mostram as realidades que estes génios viveram naqueles anos. Nos parágrafos são dadas as máximas divinas e sagradas que muito bem adornam a composição do violonista para questões religiosas.«Finalmente encontrei um lugar para morar como nunca pude antes / E sei que não tenho muito para dar, mas logo abro qualquer porta / Todo mundo sabe o segredo, todo mundo sabe o placar / Finalmente encontrei encontrei um lugar para morar na presença do senhor / Na presença do senhor" / Todo mundo sabe o segredo, todo mundo sabe o placar / Finalmente encontrei um lugar para morar na presença do Senhor / Na presença do Lord") , lê-se parte da letra composta pelo britânico de 71 anos.

A música que fecha o álbum é "Do What You Like" de autoria de Ginger Baker e segue a mesma linha temática e editorial do que foi este álbum, já que por muitas passagens ele trabalha pela unidade, por fazer as coisas bem feitas e sempre usando a consciência através do mensagem de uma voz sagrada mas com um percurso sonoro de mais de 15 minutos, deixando claro o quão ambiciosos foram com este trabalho. Tudo o que foi escrito anteriormente fica evidente em "Faça certo, use a cabeça, todos devem se alimentar / Juntem-se, partam o pão, sim juntos, é o que eu disse / Façam o que quiserem" ("Façam as coisas bem, usem a cabeça, todos deve ser alimentado / Reúna-se, parta o pão, sim juntos, foi o que ele disse / Faça o que quiser») .

A obra composta por esses quatro virtuoses da música é um álbum que reúne o melhor de suas habilidades, pensamentos e crenças. O simples fato de ter lançado um único álbum e de ter causado tanto impacto tanto pelo som quanto pela polêmica capa, é um incentivo para se exibir entre as cópias discográficas. Ainda, esta placa reúne vários estilos ao nível da black music, destacando-se o jazz e o blues. A edição de luxo deste LP traz, além das seis canções originais, nove faixas adicionais divididas em dois discos. Em suma, um disco atormentado pela psicodelia que chegou ao topo das paradas e onde a Blind Faith se destacou em primeiro lugar na parada da Billboard nos Estados Unidos.


O que 2022 trouxe para a minha coleção

 


Em 2020, durante os dias solitários, intermináveis e incertos da pandemia, fiz algo que deveria ter feito há tempos: cadastrei todos a minha coleção no Discogs. E, ainda que o trabalho seja longo e cansativo para quem, como eu, possui um razoável número de itens, a recompensa é grande. São muitas funcionalidades na palma da mão, e, no meu caso específico, uma ajuda imensa na hora de lembrar se tenho ou não tal título na estante.

Uma dessas funcionalidades é entender quantos itens entraram na coleção durante o ano. E foram muitos. Em 2021, mais de 450 novos CDs entraram no meu acervo, incluindo duas grandes doações que recebi. Já em 2022, o número foi maior e confesso que um pouco assustador: ao todo, 564 novos títulos entraram na minha coleção, entre CDs e DVDs, durante o ano.

Foram ao todo 252 CDs usados comprados ,  e tenho encontrado muita coisa boa . Os itens dos sebos geralmente são títulos fora da catálogo, muitos deles difíceis ou raros de serem encontrados atualmente, e que preenchem lacunas da minha coleção. Além disso, vai aí uma história: comecei a colecionar LPs em 1985 e mantive a coleção até o início dos anos 2000. Aos poucos fui trocando os discos de vinil pelos CDs, meu formato preferido de mídia física. E essas visitas aos sebos têm proporcionado com que eu encontre alguns álbuns do meu antigo acervo de LPs no formato que mais gosto – que são os CDs -, e sempre que isso acontece o prazer é enorme. Nessa categoria de itens usados, muitas vezes acabo pegando bastante CDs em um sebo, e o valor cai ainda mais na hora de fechar a compra. 


E aconteceu um fato marcante que foi a chegada em uma loja específica aqui da Florianópolis de uma grande quantidade de itens de um colecionador que faleceu, muitos deles lacrados, a maior fora da catálogo e todos em excelente estado, foi responsável por um belo upgrade no acervo. Entre os itens usados, destaque para o retorno de títulos que faziam parte da minha antiga coleção de LPs e agora voltaram em CD, como o excelente Fisherman’s Blues do The Waterboys, raridades como a estreia da Crazy Horse (uma das bandas que acompanha Neil Young), vários álbuns solo de Stevie Nicks, diversos discos do Bon Jovi e do Red Hot Chili Peppers, a quase totalidade dos álbuns de Jack Johnson e do Dire Straits, e muito mais.

Em relação aos itens novos, adquiri um total de 89 CDs durante o ano. A grande maioria foi comprada na Amazon, mas vieram também itens das lojas oficiais da Universal, Warner e outras online, e também da Roots Records, única que vende itens novos na capital catarinense. Esses títulos foram, em grande parte, lançamentos e novidades, além de alguns CDs de catálogo. Aqui, o grande destaque foi encontrar a discografia quase completa do Pearl Jam totalmente lacrada, além da chegada de discos que marcaram o ano como os novos do Ghost e do Machine Head, as edições especiais do Kiss, o maravilhoso novo álbum do Tears For Fears, um box dos Eagles, a edição tripa do Black Album do Metallica, a único álbum de estúdio do Mad Season, o incrível Live do Fleetwood Mac e a edição tripla importada de Goin’ 50, do ZZ Top, que a Amazon anunciou por pouco mais de R$ 30 em certo momento.



Vamos agora para os itens enviados por gravadoras e parceiros, que respondeu por um total de 66 títulos. E, em uma categoria que é uma espécie de irmã dos “recebidos”, fui presenteado com 64 itens – incluindo CDs e DVDs – que foram enviados por pessoas que admiram o meu trabalho e decidiram retribuir enviando presentes sensacionais. Aqui, destaque para a dupla de novos álbuns do Red Hot Chili Peppers, para discos raros do Scorpions e do Kiss, os novos álbuns do Behemoth e Arch Enemy, o novo do Wizards, raridades do Tokyo Blade e do Picture e do Urchin, o retorno do Caravellus, álbuns clássicos e boxes do The Who, CDs incríveis de Sammy Hagar e os novos do Jethro Tull e de Tony Martin.


Chegando agora aos filmes, decidi retomar a coleção de DVDs e blu-rays cinematográficos e de shows, e isso resultou na entrada de 40 novos títulos no acervo, todos usados e todos comprados em sebos. Destaque para itens como os dois volumes da Use Your Illusion World Tour do Guns N’ Roses, No Quarter de Page & Plant, o acústico do Nirvana, Live at Budokan do Dream Theater, edições especiais do U2, entre outros.


E fechando, adquiri em sebos duas grandes coleções de música erudita. A primeira foi a Coleção Folha de Música Clássica com a Royal Philharmonic Orchestra interpretando as obras de grandes nomes da música, e que conta com um total de 36 títulos. Consegui quase completa, com exceção do CD número 34, dedicado a Frédéric Chopin. A segunda atende pelo título de Coleção Folha Mestres da Música Clássica, e também está quase completa, com 18 dos 22 números. Faltam apenas as edições 5 (novamente sobre Chopin), 15 (Haydn), 16 (Bernstein) e 17 (Bach). O legal dessas duas coleções é que ambas trazem os CDs em formato digibook, com encartes longos que funcionam como fascículos que contam a história dos músicos. Isso ajuda bastante alguém como eu, que está entrando em um novo universo musical e quer saber mais sobre ele.

Foi um ótimo ano, com grandes discos entrando no acervo e tornando a minha coleção ainda mais completa e abrangente, objetivo que sempre permeou minha busca por aquisições desde que comecei a adquirir CDs. Que os próximos anos sejam como 2022 foi: repleto de boa música e muita mídia física.


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