Avril Ramona Lavigne (Belleville, 27 de setembro de 1984) é uma cantora e compositora franco-canadense, frequentemente referida por críticos e publicações musicais como a "Rainha do Pop-Punk" devido a sua conquista e impacto na indústria fonográfica. Ela é considerada um dos principais nomes que contribuíram para o desenvolvimento da música pop influenciada pelo punk que abriu espaço para a ascensão de mulheres nesse cenário.
Oriunda de uma família cristã bem rígida, Avril cresceu na cidade interiorana de Napanee, onde se apresentava em corais de igreja e concursos de talentos. Após participar de uma apresentação de Shania Twain, foi passando por experiências na música até assinar com a gravadora Arista Records, que lançou seu primeiro álbum de estreia, Let Go, em 2002. Precedido pelo single de sucesso "Complicated", Let Go atingiu grande êxito comercial e no mundo: foi o segundo disco mais vendido naquele ano. Os álbuns Under My Skin (2004) e The Best Damn Thing (2007) deram continuidade a seu sucesso internacional, sendo que o último gerou a canção com maior número de vendas digitais em 2007, "Girlfriend". Lavigne compôs "Alice" como tema para a adaptação cinematográfica de Alice no País das Maravilhas (2010). Seus álbuns de estúdio seguintes, Goodbye Lullaby (2011), Avril Lavigne (2013) e Head Above Water (2019), obtiveram um desempenho menos notável em relação aos antecessores.
Suas vendas mundiais contabilizam mais de 40 milhões de álbuns e 30 milhões de singles, convertendo-a na quarta artista feminina canadense mais bem-sucedida nesse quesito. Avril já recebeu oito indicações ao Grammy e venceu nove prêmios Juno, além de ter sido a primeira a atingir 100 milhões de visualizações no YouTube, com o videoclipe de "Girlfriend". Ademais, é notada por deter de grande dimensão e popularidade no continente asiático, especialmente no Japão, onde seus primeiros três discos de estúdio venderam cada um mais de um milhão de cópias.
Além da música, a artista também já se envolveu nas áreas da moda e perfumaria. Em 2008, ela lançou a linha de roupas Abbey Dawn, enquanto, em 2009, divulgou a fragrância Black Star, que foi seguida por Forbidden Rose e Wild Rose. Seus trabalhos mais notáveis na cinematografia foram a dublagem da personagem Heather na animação Over the Hedge e sua estreia como atriz em Fast Food Nation — ambos em 2006. A cantora foi casada duas vezes: a primeira com Deryck Whibley, vocalista do Sum 41, e a segunda com Chad Kroeger, vocalista do Nickelback. Desde que foi diagnosticada com a doença de Lyme em 2014, sua instituição de caridade, The Avril Lavigne Foundation, também tem se voltado para assuntos relacionados à infecção.
Vida e Carreira
Início da vida e primeiros passos
Avril Ramona Lavigne nasceu em 27 de setembro de 1984 em Belleville, cidade canadense localizada na província de Ontário.[1] Oriunda de uma família de classe média rigidamente cristã e ligada à Igreja Batista,[2][3] é a filha do meio de Jean-Claude Lavigne, nascido no departamento francês de Mosela, com a anglo-canadense Judith-Rosanne "Judy" Loshaw.[4] Seu primeiro nome foi escolhido em referência ao mês de abril em francês.[5] Ela possui dois irmãos: Matthew, o mais velho, e Michelle, a mais nova.[6] Seu pai trabalhava em uma companhia telefônica e sua mãe era dona de casa.[7] Seu talento foi descoberto pela sua mãe quando a ouviu a cantar o hino cristão "Jesus Loves Me" aos 2 anos de idade, enquanto voltavam da igreja.[8] Surpresa com o desempenho da filha,[9] Judy sua mãe passou a incentivá-la a cantar e a chamá-la de "passarinho".[8] Seus irmãos, no entanto, zombavam de suas capacidades vocais e diziam-lhe que suas narinas inflamariam caso continuasse cantando. "Meu irmão costumava bater na parede, porque eu cantava para dormir e ele achava muito chato."[8]
Ainda na infância, mudou-se com a família para Napanee, cidade interiorana que possuía cerca de cinco mil habitantes.[3] Lá recebeu o apoio de seus pais com respeito ao campo da música.[10] Músico amador que tocava baixo em uma banda na igreja em Kingston, Jean-Claude nutriu as ambições musicais da filha, convertendo o porão da família em um estúdio.[6] Além disso, ele lhe comprou um microfone, um kit de bateria, um teclado e violões.[10] Nesse período, ela participava em corais na igreja da cidade e depois passou a cantar músicas de artistas country, como Faith Hill e Dixie Chicks, em feiras, exposições de gado e concursos de talentos locais.[9][1]
Quando criança, frequentou a Westdale Park Public School, mas sua mãe a transferiu para a Cornerstone Christian Academy — uma escola particular localizada próximo à igreja da família, o Evangel Temple — na quarta série.[11] Sobre sua vida escolar, relatou: "No começo, todos me conheciam no ensino médio como a menina cantora. Todo mundo ficava tipo 'Óhh, sim, essa é a menina que canta'. Eu tenho cantado por toda a minha vida. Em meus últimos anos escolares, comecei a andar de skate e saía com patinadores e punks, eles eram meu grupo."[12] No início da adolescência, pegou emprestado o violão de seu pai e aprendeu a tocá-lo sozinha praticando "Fly Away" de Lenny Kravitz.[9] Mais tarde, começou a escrever suas próprias canções.[13]
Um ponto pivô em sua vida ocorreu em 1998, ano em que ganhou um concurso de canto promovido por uma rádio local que concedia ao vencedor o direito participar em uma apresentação que seria realizada no Corel Centre pela cantora country Shania Twain. Na ocasião, as duas cantaram "What Made You Say That", uma canção de Twain, para um público de aproximadamente 20 mil pessoas.[14][15] Cada vez mais desejosa pela música, quando completou 14 anos passou a ser levada pelos pais para sessões de karaokê. Por outro lado, seu desempenho escolar era fraco, pois não se sentia motivada a estudar.[10] Apesar disso, sempre que possível realizava apresentações em locais ao sul de Ontário; até que certa vez, enquanto tocava no Lennox Community Theatre, foi flagrada pelo músico folk Stephen Medd, responsável por um festival local de música e artes. Ele a convidou para contribuir em uma compilação associada, na qual ela interpretou a canção "Touch the Sky", incluída no álbum Quinte Spirit, de 1999. Em seguida, gravou "Temple of Life" e "Two Rivers" para o álbum My Window to You, de 2000.[6]
Estreia profissional e sucesso mundial
2000–2003: Let Go
Avril conseguiu seu primeiro empresário, Cliff Fabri, após chamar sua atenção enquanto tocava numa livraria em Kingston em novembro de 1999. Ele enviou para executivos da indústria fonográfica cópias de um VHS com cenas de Avril cantando no porão de casa.[16][6] Por intermédio de sua empresa, a RomanLine Entertainment, Fabri arranjou-lhe uma audição com um caçador de talentos, Ken Krongrad.[12] Responsável pelo A&R da Arista Records, Krongrad demonstrou interesse depois de vê-la participar de um festival chamado North by Northwest.[17][2] Ao mesmo tempo, uma cópia VHS chegou a Mark Jowett, da Nettwerk Records,[16] que enviou a gravação em vídeo ao compositor e produtor Peter Zizzo, o qual pediu a Lavigne para ir a cidade de Nova Iorque. Para isso, ela abandonou a escola aos 16 anos e, com a aprovação de seus pais, instalou-se temporariamente com o irmão na cidade, onde ficaram num apartamento no bairro West Village, em Manhattan.[10][7] Krongrad, por sua vez, pediu a Antonio "L.A." Reid, diretor-geral da Arista, um contrato discográfico para Lavigne.[2] Numa noite em novembro de 2000, Reid assistiu a uma apresentação da jovem no estúdio de Zizzo, onde ela cantou três canções, incluindo "Why" (de sua coautoria) e "Breathe" de Faith Hill.[18] Ela terminou por assinar com a Arista um contrato de 1,25 milhões de dólares americanos para a gravação de dois álbuns.[12] Em julho de 2001, demitiu Fabri e passou a ser gerenciada pela Nettwerk.[16]
O álbum de estreia de Lavigne, Let Go, foi considerado pela revista Entertainment Weekly a maior estreia pop em 2002.[19] Composto pela intérprete em parceira com nomes como o trio The Matrix e Clif Magness,[17] foi lançado mundialmente em 6 de junho de 2002 e estreou na 8.ª posição da Billboard 200, em resposta ao bom desempenho obtido por seu single de estreia, "Complicated", nas rádios dos Estados Unidos,[20] e terminou o ano como o mais vendido por uma artista feminina no país.[21] Além de ter superado mais de um milhão de unidades no Canadá em menos de um ano,[22] Let Go foi o segundo mais vendido em todo o mundo em 2002 e o nono em 2003,[23][24] tendo distribuído mais de 16 milhões de cópias até 2012.[25] As altas vendas se deram em razão do bom desempenho de "Complicated", que liderou as paradas musicais de 22 países,[26] e também dos singles posteriores "Sk8er Boi" e "I'm with You", os quais conquistaram respectivamente a segunda e terceira entrada da artista nas dez primeiras posições da Billboard Hot 100.[27] Houve também uma forte estratégia de divulgação pelos Estados Unidos, que incluiu aparições da cantora em diversos periódicos e programas do país,[28] bem como uma série de concertos promocionais pela Europa antes de iniciar sua primeira turnê mundial, a Try To Shut Me Up Tour, em dezembro de 2002.[29][6] Um dos concertos da turnê foi lançado no álbum ao vivo My World, quarto DVD mais vendido em 2003.[30]
Em janeiro de 2003, uma polêmica surgiu após Lavigne pronunciar incorretamente o sobrenome do cantor britânico David Bowie durante uma conferência de imprensa sobre a lista de nomeações ao Grammy.[31] Ela declarou em resposta: "Qual é o grande problema? Nasci em 1984 — por que saberia quem ele é? Meus pais não me ajudaram a ouvi-lo. Além disso, as pessoas pronunciam errado o meu nome o tempo todo."[7] Embora estivesse liderando em número de indicações a premiação com nomeações em cinco categorias, incluindo Artista Revelação e Canção do Ano ("Complicated"),[32] ela não levou nenhum prêmio.[33] Na edição seguinte do Grammy, obteve três indicações, incluindo novamente Canção do Ano ("I'm with You"), e outra vez não foi vitoriosa em nenhuma.[34] Em contrapartida, venceu quatro das seis categorias em que concorria nos prêmios Juno, incluindo Álbum do Ano e Artista Revelação.[35] Em abril, ela regravou "Fuel" de Metallica para o especial MTV Icon — terceira parte da série anual da MTV —, que prestou homenagem à banda e teve exibição em maio.[36] Em setembro, apresentou a edição daquele ano do MTV Video Music Awards ao lado de Kelly Osbourne.[37]
Continuidade do sucesso e tentativas na atuação
2004–2005: Under My Skin
Em 1.º de março de 2004, a canção "Don't Tell Me" foi lançada como o primeiro single do segundo álbum de estúdio de Avril, Under My Skin.[38] Paralelamente, a artista deu início a uma turnê promocional em centros comerciais pelo Canadá e Estados Unidos com o intuito de divulgar o disco,[6] que começou a ser gravado com a colaboração de Chantal Kreviazuk e Raine Maida; como integrante da banda Our Lady Peace, Maida inclusive abrira alguns concertos de Avril no ano passado.[39] Devido a um conflito entre os Matrix e a cantora com respeito ao seu nível de contribuição em canções de Let Go,[40] ela optou por não voltar a trabalhar com a equipe e se focou em compor também individualmente.[41] Os bons resultados de sua estreia foram usados pela sua gravadora para pressioná-la para a conclusão do álbum. "Eles [os executivos da Arista] me fizeram colocar [o novo disco] para fora antes que eu estivesse pronta", revelou.[42]
Under My Skin chegou às lojas em todo o mundo em 25 de maio.[43] Todavia saiu às vendas primeiramente no Japão, em 12 de maio, por ser um mercado promissor para a cantora; teve mais de 250 mil cópias vendidas no país assim que entrou em distribuição.[44] Na data de lançamento do disco, Lavigne se encontrava promovendo Under My Skin nos Estados Unidos e realizou uma apresentação controversa no programa americano Total Request Live: quando questionada pelo apresentador Damien Fahey a respeito dos rótulos midiáticos em torno de sua imagem, mostrou o dedo do meio em resposta. Embora estivesse cotada para tocar outra canção, a MTV, responsável por transmitir a atração, cortou a programação, e um representante da emissora chamou o gesto da cantora de "totalmente inapropriado".[45] Apesar disso, Under My Skin obteve bons números em sua semana estreia no país, conquistando o topo da Billboard 200, um feito inédito na carreira da artista.[46] O desempenho positivo se repetiu em outras partes do mundo, e o álbum ficou no quinto lugar em vendas físicas e digitais ao final de 2004,[47] tendo mais de 10 milhões de cópias contabilizadas até 2012.[25] Boa parte do sucesso comercial de Under My Skin se deveu a seu segundo single, "My Happy Ending", que conquistou posições melhores e vendeu cerca de três vezes mais que "Don't Tell Me".[42] Além disso, tornou-se o único single do álbum a entrar às dez primeiras colocações da Billboard Hot 100.[27]
Em setembro de 2004, sua segunda turnê mundial, a Bonez Tour, foi iniciada.[48] Em sequência, ela gravou a canção-tema "SpongeBob SquarePants" para o filme de animação The SpongeBob SquarePants Movie.[49] Em 2005, concluiu-se a Bonez Tour, cujo último concerto ocorreu em setembro no Brasil (onde Lavigne esteve pela primeira vez) e teve um público de mais de 35 mil pessoas — a maior plateia de sua carreira.[50]
Por decisão própria, Lavigne também investiu na carreira cinematográfica; a experiência de gravar videoclipes a ajudou a se sentir confortável para a atuação.[51] Em novembro de 2005, após uma audição para conseguir um papel, ela viajou para o Novo México a fim de filmar uma única cena do drama policial The Flock.[52] A artista interpretou Beatrice Bell, a namorada de um suspeito criminal. A respeito de seu papel em The Flock, ela disse: "Fiz isso só para ver como era e para não saltar para a [cena mainstream] muito rápido".[51] O filme não foi lançado nos mercados estrangeiros até o final de 2007 e, devido a isso, não é considerado sua estreia cinematográfica.[53] Em dezembro, foi lançado exclusivamente em território japonês o DVD Live at Budokan, gravado em março daquele ano (fase asiática da Bonez Tour) na arena Nippon Budokan, em Tóquio.[54]
2006–2008: The Best Damn Thing
Avril apresentou "Who Knows", canção de Under My Skin, na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006, realizados na cidade italiana de Turim em fevereiro, representando o Canadá como parte da entrega a Vancouver, cidade anfitriã da edição seguinte.[55] Visto por uma plateia de cerca de 32 mil pessoas, o espetáculo conseguiu uma audiência televisiva global superior a 500 milhões.[56] Em maio, ela dublou a gambá-da-virgínia Heather no filme de animação Over the Hedge.[51] Em novembro, ela retornou às atividades musicais com o single "Keep Holding On", tema do filme Eragon,[57] e apareceu em Fast Food Nation, no qual interpretou Alice, uma estudante do ensino médio que luta pela liberdade de vacas presas em matadouros.[58] Ambos os filmes, assim como a própria a artista, estiveram presentes na 59.ª edição do Festival de Cannes, em maio daquele ano.[51] Em sua listagem anual de "celebridades poderosas", a revista Canadian Business (sem considerar o sexo) classificou Avril como a sétima melhor atriz canadense em Hollywood.[59]
Ela já se encontrava trabalhando em seu terceiro álbum de estúdio.[51] Dr. Luke se encarregou da produção de boa parte do registro, que ainda contou com Butch Walker, Deryck Whibley e Rob Cavallo como principais colaboradores.[60] Seu single inicial, "Girlfriend", foi divulgado em fevereiro de 2007,[61] e sequencialmente uma turnê promocional para difundir o álbum foi iniciada.[62] Em 17 de abril, foi lançado The Best Damn Thing,[60] que estreou em primeiro lugar na Billboard 200, com vendas superiores a 286 mil cópias. O bom desempenho do disco nos Estados Unidos se deu graças a "Girlfriend", que se encontrava no ápice da Billboard Hot 100, sendo este o único single de Lavigne número 1 no país.[63][64] A canção ainda alcançou enorme êxito comercial em diversas outras regiões, como no Canadá, onde a artista liderou pela primeira vez a principal parada do país.[65] De acordo com dados divulgados pela RCA Records, o álbum vendeu mais de 1,5 milhões de cópias internacionalmente em seu debute e estreou em primeiro lugar em onze regiões, incluindo Reino Unido, Japão, Canadá, Alemanha e Itália.[63] Tendo mais de 6 milhões de unidades contabilizadas até 2012,[25] The Best Damn Thing ficou em quarto lugar entre os mais vendidos de 2007, ao passo que "Girlfriend" foi a canção mais baixada naquele ano, com 7,3 milhões de downloads legais.[66][67] Por outro lado, os demais focos de divulgação ao disco não repetiram o sucesso mundial do primeiro, mas "When You're Gone" e "Hot" alcançaram as dez primeiras posições em território canadense.[65]
Em maio de 2007, Lavigne assumiu um ponto de "reviravolta" em sua carreira ao supostamente aparecer de topless para a capa da revista Blender.[68] Depois, no entanto, ela declarou que não estava de topless na capa: "Eu estava usando um top de tubo, e meio que colocam um banner em cima dele."[69] No mesmo mês, a banda americana The Rubinoos acusou Lavigne e Dr. Luke de terem copiado trechos de uma canção deles chamada "I Wanna Be Your Boyfriend" e os adicionado em "Girlfriend";[70] o caso foi resolvido de forma confidencial em 2008.[71] No mês seguinte, Kreviazuk alegou que enviou a Lavigne uma versão da canção "Contagious" dois anos antes de aparecer em The Best Damn Thing sem dar a ela crédito, mas se travavam de obras homôminas, e Kreviazuk pediu desculpas pelo equívoco.[70]
Após promover o álbum com aparições em premiações e eventos, apresentações televisivas e concertos promocionais, Lavigne embarcou na The Best Damn Tour em março de 2008.[72] Na turnê, a cantora se mostrou diferente de suas apresentações anteriores não somente em seu visual mas também pelas coreografias com o apoio de dançarinas.[73] A parada em abril no Air Canada Centre, em Toronto, foi lançada em setembro como o álbum de vídeo The Best Damn Tour - Live in Toronto.[74] O governo da Malásia tentou proibir um concerto em agosto em Kuala Lumpur após protestos de um partido conservador pan-islâmico que julgou os movimentos de Lavigne como "muito sensuais".[75] Por fim, ela conseguiu aprovação para realizar o concerto.[76] Ao final do ano, abandonou a gestão da Nettwerk, que a acompanhava desde o início da carreira.[77]
Queda na popularidade e enfermidade
2009–2012: Goodbye Lullaby
Em agosto de 2009, Avril participou do programa American Idol em sua 9.ª temporada: foi jurada convidada por um dia em Los Angeles. Após a exibição do episódio pela Fox no início do ano seguinte,[78] a cantora foi massivamente criticada e acusada de apenas zombar dos concorrentes, no entanto se justificou culpando a edição feita pela direção da atração e dizendo em resposta: "Fiquei realmente impressionada com muitos dos cantores e dei opiniões positivas e muito encorajadoras. Mas o material que realmente foi ao ar me mostrou principalmente fazendo caretas e rindo — então os espectadores só viram esse lado de mim."[79]
Em janeiro de 2010, ela novamente retornou a música por meio de uma canção temática: "Alice" foi tocada nos créditos finais da adaptação de Tim Burton para Alice no País das Maravilhas e serviu como um single da trilha sonora do filme.[80] A cantora se apresentou na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010, sucedidos no BC Place Stadium, Vancouver, em 28 de fevereiro, com uma plateia de mais 55 mil pessoas. Usando um vestido vermelho em homenagem a seu país, ela cantou as canções "My Happy Ending" e "Girlfriend".[81] Em novembro, o álbum Loud de Rihanna saiu às vendas, com "Cheers (Drink to That)" interpolando trechos de "I'm with You"; Lavigne fez uma participação no videoclipe quando a faixa foi lançada como um single no ano seguinte.[82]
Em parceira com Whibley, Avril começou a gravar o material num estúdio caseiro um mês após o fim da The Best Damn Tour.[83] Mesmo que mais da metade do registro estivesse finalizada, ela se deslocou para a Suécia, onde trabalhou com Max Martin e Shellback, os quais coescreveram e produziram o primeiro single do álbum, "What the Hell".[84] Estreada em janeiro de 2011,[85] a faixa logrou a 2.ª colocação na Hot 100 japonesa e 8.ª na canadense,[86][65] mas ficou de fora das dez primeiras posições em território britânico e americano.[87][27] Em 2 de março seguinte, o álbum Goodbye Lullaby foi lançado;[88] sua data inicial estava programada para novembro de 2009, mas foi adiada várias vezes por decisão da RCA,[85] uma vez que a gravadora não o considerava comercialmente apto.[42] Algumas faixas presentes no alinhamento foram compostas e produzidas somente por Avril, pela primeira vez produtora musical de um disco seu.[89] Embora tenha debutado no topo na Austrália e no Japão,[90][91] onde terminou o ano na segunda posição entre os ocidentais com vendas mais altas no país,[92] o disco estreou em quarto lugar na Billboard 200 e segundo no Canadá — os menores picos de Lavigne em ambos os países até então.[46][93] Ela foi novamente afetada pela RCA quando esta lançou "Smile" como o segundo single de Goodbye Lullaby em vez de "Push", sua sugestão.[94]
Em outubro de 2011, Lavigne foi creditada em "Best Years Of Our Lives", dueto com Evan Taubenfeld, ex-guitarrista de sua banda de apoio.[95] Em novembro, anunciou sua saída da RCA Records e assinatura com a Epic Records, sob a presidência de "L.A" Reid, contudo ainda permaneceu sob o selo da Sony Music, da qual a Epic faz parte. Logo, o terceiro single de Goodbye Lullaby, "Wish You Were Here", foi posteriormente distribuído pela Epic.[96] Ela disse ao jornal The Globe and Mail à época: "[Os executivos da RCA] realmente não tentaram me entender. Eram pessoas de negócios tentando me desencorajar".[97]
Para encerrar a turnê em apoio ao álbum, The Black Star Tour, e agradecer aos fãs pelo carinho, ela gravou um videoclipe para a canção "Goodbye", o qual foi divulgado em março de 2012. Sobre o material, no qual a cantora aparece vestida de lingerie, o blogue HuffPost comentou que "parece uma tentativa desesperada de relançar Lavigne não apenas como adulta mas como uma gatinha sexy".[98] Mais tarde, suas regravações de "How You Remind Me" de Nickelback e "Bad Reputation" de Joan Jett apareceram na trilha sonora do filme One Piece Film: Z.[99]
2013–2015: Avril Lavigne
O quinto álbum de estúdio de Avril foi lançado em 5 de novembro de 2013.[100] O disco, autointitulado Avril Lavigne, começou ser desenvolvido três meses após a publicação de Goodbye Lullaby,[101] principalmente com a colaboração de Chad Kroeger, David Hodges e Martin Johnson, e tem a participação de Kroeger em "Let Me Go", dueto lançado como single.[102] Divulgados meses antes, os singles "Here's to Never Growing Up" e "Rock N Roll" repercutiram positivamente apenas em países asiáticos, como o Japão.[103] O álbum estreou no número 5 da Billboard 200, com mais de 44 mil cópias, seu pico de vendas mais baixo nos Estados Unidos até aquele momento.[104] O mesmo desempenho mediano decorreu no Canadá e no Reino Unido, onde estreou fora dos dez primeiros postos, saindo do gráfico após mais duas semanas.[105] No entanto, atingiu bons índices no continente asiático, a exemplo do Japão, onde foi certificado com disco de ouro (por mais de 100 mil cópias) ainda no mês de lançamento.[106]
Como parte da divulgação do álbum, a cantora iniciou a turnê em apoio ao álbum em janeiro de 2014.[107] Sua passagem, em abril, por cidades brasileiras repercutiu na imprensa, uma vez que os fãs foram proibidos de tocá-la ou abraçá-la durante o meet & greet.[108] Depois de ser alvo de diversas críticas, ela publicou uma montagem com várias fotos com os fãs em seu Twitter, mas voltou a gerar polêmica, devido ao uso de edição digital.[109][110] Em maio, "Hello Kitty" foi lançada como single no Japão apenas.[111] A faixa, inspirada no J-pop, foi amplamente criticada,[42] enquanto o videoclipe acompanhante foi criticado pela imprensa ocidental por sua representação estereotipada da cultura japonesa;[112] fãs japoneses demonstraram apreço pelo conteúdo.[113] À mesma época, Lavigne abriu concertos dos Backstreet Boys com a In a World Like This Tour.[114][115] Depois de ter finalizado sua própria turnê em agosto,[116] ela começou a sentir-se constantemente exausta.[42] Em dezembro, foi revelado que se encontrava com problemas de saúde e,[117] após isso, surgiram rumores de que estaria em reabilitação, o que foi negado em seu Twitter.[118]
Em abril de 2015, após cinco meses acamada e distante da vida pública, Lavigne declarou, por meio de uma entrevista com a revista People, que contraíra Lyme.[119] Inicialmente, os médicos que visitara sugeriram que estivesse com síndrome da fadiga crônica ou ansiedade.[120] Com o diagnóstico correto — feito depois de passar mal em Las Vegas, onde comemorou seu aniversário em outubro do ano passado —, ela passou a tratar-se com antibióticos e a repousar.[121][120] Em agosto, juntou-se a Taylor Swift no palco da parada da The 1989 World Tour em San Diego, onde cantaram "Complicated", o que foi notado como um fim para o mal-entendido ocorrido entre as duas quando Swift curtiu uma publicação no Tumblr que desfavoravelmente comparou seus próprios cumprimentos às fotos de Lavigne com os fãs brasileiros.[122][123]
2016–2020: Head Above Water
Em 2016, a cantora não se dedicou à carreira tampouco realizou aparições públicas em eventos, com exceção de quando compareceu na festa que antecedeu a cerimônia do Grammy em fevereiro e durante os prêmios Juno em abril; em ambos, acompanhada de seu ex-marido, Chad Kroeger.[124][125] Em janeiro de 2017, apareceu na canção "Listen", incluída no álbum Ambitions da banda de rock japonesa One Ok Rock.[126] Em março, sua assinatura com a gravadora BMG foi anunciada, sendo que o contrato colocou-a como uma "artista legada", com a necessidade de sucesso comercial em segundo plano.[127] Em setembro, seus vocais em conjunto com os de Anthony Green foram creditados em "Wings Clipped", canção do duo americano de música eletrônica Grey que apareceu no EP Chameleon.[128] Em fevereiro de 2018, ela compareceu ao Women In Harmony, um jantar organizado por Bebe Rexha que reuniu artistas musicais femininas.[129] Enquanto isso, a trilha sonora do filme de animação Charming, para o qual Avril dublou a personagem Branca de Neve, incluiu a canção "Trophy Boy", interpretada por ela juntamente com Demi Lovato e Ashley Tisdale.[130]
Head Above Water, seu sexto projeto de inéditas, foi lançado em 15 de fevereiro de 2019.[131] A faixa-título do disco, single de retorno de Avril após mais de três anos afastada do cenário musical,[132] conquistou resultados intermediários, mas surpreendeu a mídia pela boa aceitação em rádios cristãs americanas.[133] "I Fell in Love with the Devil", último single do álbum, causou polêmica dentro da comunidade cristã por seu videoclipe e conteúdo lírico.[134] Em 24 de abril de 2020, Avril regravou a faixa "Warrior" de seu sexto álbum de estúdio e a lançou como single, intitulado " We Are Warriors ". Os rendimentos do único apoio aos esforços de socorro do Projeto HOPE na pandemia de COVID-19.[135]
2021–presente: Love Sux
Em 8 de janeiro de 2021, "Flames", uma colaboração entre Mod Sun e Avril, foi lançada.[136] No mesmo mês, Avril confirmou através de suas redes sociais que novas músicas seriam lançadas para o primeiro semestre de 2021, confirmando posteriormente que a gravação do seu novo álbum havia sido concluída.[137][138]
Depois de anunciar em 3 de novembro de 2021 que havia assinado com a gravadora DTA Records, a cantora voltou as batidas de rock com o single "Bite Me", acompanhada do baterista Travis Barker da banda Blink-182.[139][140] Em 13 de janeiro de 2022, Avril anunciou seu sétimo álbum de estúdio, o aguardado Love Sux.[141] O segundo single do álbum, "Love It When You Hate Me", foi lançado no dia seguinte e contou com a participação do cantor americano Blackbear.[142] O álbum foi posteriormente lançado em 25 de fevereiro de 2022.
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