domingo, 8 de janeiro de 2023

Cansei de Ser Sexy – Cansei de Ser Sexy (2005)


 

O primeiro disco da banda Cansei de Ser Sexy foi uma autêntica pedrada no charco, um cometa em fúria que misturou rock, pop e eletrónica pelo mundo inteiro. Muitos se renderam ao seu aparecimento, à sua passagem e à criação de uma cena única.

Eram cinco garotas e um garoto, todos nascidos entre os finais dos anos 70 e o início da década seguinte. As meninas davam pelos nomes de Lovefoxxx (voz), Ana Rezende (guitarra), Luiza Sá (guitarra), Carolina Parra (guitarra, bateria, teclados), Iracema Trevisan (baixo) e o menino respondia por Adriano Cintra (bateria, guitarra, teclado, baixo e voz). O nome que os levou ao Olimpo foi uma escolha de génio: Cansei de Ser Sexy (CSS). Já existiam desde 2003. Tocavam em múltiplos lugares sem terem qualquer disco gravado. Usaram a internet como forma de se catapultarem para o sucesso e eram amados e odiados por milhares de pessoas. O jeito I don’t give a fuck colou-se-lhes à pele e por isso havia quem os achasse ridículos. Outros, presos à estupefacção surgida por via desta nova cena, endeusaram a banda e os seus frenéticos temas. O primeiro álbum (homónimo) surgiu em 2005 e causou bons estragos no mundo da música indie. Foi o primeiro lançamento da etiqueta Trama Virtual, espaço muito importante para a promoção de novos artistas e de novas bandas que apenas existiam, digamos assim, em formato mp3. Os próprios CSS foram surgindo desse mesmo caldeirão. E, em pouco tempo, conquistaram o seu lugar na música.

A edição original do álbum comportava 14 temas. O primeiro single foi “Let’s Make Love and Listen Death From Above”. Seguiu-se “Bezzi” e “Superafim”, tema importantíssimo para o salto desejado pela banda. Todos os temas são autênticas fontes de energia, mas sobretudo “Superafim”, canção que parece ter nascido da mente de um qualquer demónio dançante de  depósito bem cheio de eufóricas anfetaminas. Uma bomba excitação com rastilho curto! Curioso é percebermos que perante toda esta inusitada onda nova há claramente ecos de uma banda marcante do chamado rock brasileiro (Brock) dos anos 80, os Blitz. Algumas das sua aventuras podem ser sentidas em muitos dos temas dos CSS. O álbum em apreço foi muito bem recebido pela malta da eletrónica e a razão desse namoro quase imediato não é difícil de entender, bastando para isso ouvir qualquer um dos temas que o integram. As ondas rock electroclashianas não enganam. É daqueles discos que tem de ser ouvido alto, com o volume a incomodar a vizinhança de todo o prédio ou quarteirão. Obrigatoriamente. De outro modo, perder-se-á o impacto festivo, a graça ululante que reside na sua génese, no seu claríssimo embrião.

Cansei de Ser Sexy (o disco), como já se percebeu, é um autêntico convite à alegria e ao regozijo. Para isso, e para além das canções já referidas, outras há que ficaram igualmente na memória das salas dos bares e discotecas do mundo inteiro. “Alala”, “Meeting Paris Hilton”, “Off The Hook”, entre outras, poderão servir como exemplo daquilo que dizemos.

Todo o tempo tem os seus fenómenos e os CSS tiveram o seu tempo. A sua carreira, verdadeiramente, ainda não teve fim anunciado, mas há já algum tempo que não são notícia. Entre este primeiro álbum e o último (Planta, de 2013), a banda foi lançando discos com algum impacto, mas foi-se esfumando a novidade e o interesse da sua mensagem sonora. No entanto, Cansei de Ser Sexy é um marco que ainda hoje se ouve e se recorda com muito agrado. É um disco jovem (dá-nos a impressão que terá sempre essa idade, digamos assim), repleto de um efervescente entusiasmo. Ainda hoje vale a pena ouvi-lo. Ainda hoje vale a pena dançá-lo!


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