quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Review: Demons & Wizards – III (2020)



O Demons & Wizards chacoalhou as estruturas do metal quando lançou o seu primeiro disco, em 2000. Afinal, a banda era a união do vocalista alemão Hansi Kürsch com o guitarrista norte-americano Jon Schaffer, ambos as cabeças criativas de dois dos principais ícones do metal dos anos 1990: o Blind Guardian e o Iced Earth.

O debut da dupla é excepcional e um dos melhores discos da década de 2000. Seu sucessor, Touched by the Crimson King (2005), não alcançou o mesmo impacto, apesar de ser um bom disco. E agora, quinze anos depois, Hansi e Jon unem forças novamente em III, álbum lançado dia 21 de fevereiro. Vale informar que, assim como relançou os dois primeiros discos em edições especiais em 2019, a Hellion Records já confirmou que irá disponibilizar o novo trabalho também no Brasil.

Avaliar III passa por avaliar também o que tanto o Blind Guardian quanto o Iced Earth produziram nos últimos quinze anos. Enquanto a banda alemã mergulhou ainda mais na abordagem barroca de sua música, que ficou ainda mais grandiosa e cheia de detalhes e acabou culminando no álbum orquestrado lançado em 2019, o impressionante Legacy of the Dark Lands, o grupo norte-americano viveu tempos conturbados com a rápida passagem de Tim “Ripper” Owens, o retorno e a nova despedida do vocalista Matt Barlow e a efetivação de Stu Block como frontman, tudo isso acompanhado por uma intensa troca de integrantes, o que acentuou ainda mais a sensação de que o Iced Earth é muito mais um projeto solo de Schaffer do que efetivamente uma banda. E no meio disso deu aos fãs discos que variaram entre decepcionantes (o retorno à saga Something Wicked em Framing Armageddon e The Crucible of Man, de 2007 e 2008) e revigorantes (Dystopia, de 2011).

III é vítima disso. Enquanto traz Hansi Kürsch mais uma vez cantando de maneira surreal, do outro lado mostra um Jon Schaffer sem a mesma inspiração de outrora. Essa dicotomia, logicamente, acaba refletida no resultado final do álbum. Some-se isso a uma produção que imprimiu um timbre discutível nas guitarras, que soam um tanto sem força, e percebe-se claramente um dos principais pontos a serem discutidos no disco. Schaffer vem repetindo ideias e dando voltas ao redor da sua abordagem do instrumento já há alguns anos, e isso se repete aqui. Os riffs em alguns momentos soam familiares aos ouvidos, para não usar outros adjetivos. E há uma grande diferença entre soar repetitivo e ter um estilo próprio, que isso fique bem claro.

No outro lado da moeda, Hansi puxa tudo para cima. A abertura, com a sombria e climática “Diabolic”, é um dos destaques do disco, assim como a linda e arrepiante acústica “Timeless Spirit”. “Children of Cain” fecha o trio de grandes canções de III. Temos outros bons momentos em “Split” e “Dark Side of Her Majesty”, e até mesmo uma inusitada influência do AC/DC nos riffs de “Midas Disease”. No entanto, canções fracas como “Invincible” e “New Dawn” mostram o lado não tão positivo do disco.

No geral, III está no mesmo nível de Touched by the Crimson King. É um disco que não chega aos pés da estreia, mas mesmo assim gera momentos de alegria e bateção de cabeça durante a audição. A produção poderia ser melhor e corrigiria alguns problemas, mas se você é fã do projeto e das bandas de seus integrantes certamente irá, como eu, achar o resultado final mais positivo do que negativo.


 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Classificando todos os álbuns de estúdio dos Tears for Fears

  Em outubro de 2021,  Tears for Fears  anunciou planos para lançar seu primeiro álbum de material novo em 17 anos. Intitulado The Tipping P...