quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Classic Rock - Curiosidades (Em 12/11/1971: Nazareth lança o álbum Nazareth )
Classic Rock - Curiosidades (Em 30/11/1982: Sammy Hagar lança o álbum Three Lock Box)
Crítica Beirut: “Hadsel”
Em meados de 2019, enquanto excursionava para divulgar o álbum Gallipoli, Zach Condon foi acometido por uma laringite severa e teve de cancelar o restante da turnê que estava marcada. Como forma de se tratar, o cantor e compositor norte-americano se isolou na região de Hadsel, na Noruega, onde alugou um chalé e foi autorizado a ter acesso ao órgão da igreja local. Vem justamente desse período de isolamento o estímulo para o repertório do sexto e mais recente trabalho de estúdio do Beirut, obra que leva o título da cidade onde foi composto e mostra uma nova abordagem no tipo de som produzido pelo instrumentista.
Como indicado logo na imagem de capa do trabalho, com uma ilustração minimalista da igreja onde o músico compôs parte das canções, Hadsel (2023, Pompeii) é uma obra marcada pelo reducionismo dos elementos. Tendo no órgão o principal instrumento de criação, Condon deixa de lado ao direcionamento grandioso dos primeiros registros da banda, caso de Gulag Orkestar (2006) e The Flying Club Cup (2008). Em geral, são composições que avançam em uma medida própria de tempo, destacando a sobreposição das teclas em uma abordagem lenta, porém, nunca desinteressante, evidenciando o refinamento do artista.
É como um regresso aos temas incorporados pelo músico em obras como The Rip Tide (2011) e No No No (2015), quando Condon passou a incorporar os sintetizadores em primeiro plano e não mais como um componente de base. A diferença está na forma como o compositor deixa de lado o caráter festivo de outrora para investir em um trabalho de essência contemplativa, como uma representação do período de isolamento na Noruega. Exemplo disso fica mais do que evidente na melancolia fina e sutileza que ganha forma na já conhecida The Tern, composição que se revela aos poucos, sem pressa, cercando o ouvinte.
Se por um lado esse direcionamento contido favorece a construção dos versos e sentimentos expressos por Condon ao longo do trabalho, por outro, prejudica o andamento rítmico dado ao disco. São canções que partem sempre de uma base estrutural bastante similar, causando a sensação de um material que custa a avançar ou que se estende para além do necessário. O próprio encontro entre composições puramente instrumentais e faixas que seguem em ritmo lento parece contribuir para essa forte morosidade. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida na sequência formada por Melbu e Stokmarknes.
Não por acaso, sobrevive nos momentos de maior euforia e fuga desse ambiente comum o estímulo para algumas das principais composições do disco. É o caso de Arctic Forest, música que preserva o caráter atmosférico do registro, porém, estabelece na construção das batidas, reforço das vozes e percussão a passagem para um novo território criativo. Surgem ainda preciosidades como So Many Plans, faixa que mais se aproxima dos antigos trabalhos do artista, vide o destaque dado aos arranjos acústicos e metais que surgem de forma complementar, como um indicativo do meticuloso processo de criação de Condon.
Toda essa combinação de elementos resulta na entrega de uma obra que preserva a identidade criativa do músico norte-americano, porém, longe de esbarrar nas mesmas repetições estilísticas que marcam os dois registros que o antecedem. Com exceção do ritmo lento que soa como um bloqueio na porção central do trabalho, Hadsel se projeta como o álbum mais complexo e musicalmente atrativo de Condon nos últimos dez anos. Um exercício poético e instrumental que parte de um período de melancolia para estimular o nascimento de composições que mais uma vez destacam a riqueza do repertório produzido por Beirut.
Crítica Aysha Lima: “Ín.ti.mo”
Ano: 2023
Selo: Undersoil
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Duquesa e Karen Francis
Ouça: Amor e Som, 24 Horas e Segredos e Amor
Ín.ti.mo (2023, Undersoil), escrito assim mesmo, ressaltando a divisão silábica, serve de passagem para um universo guiado em essência pelas emoções. Primeiro álbum de estúdio da cantora e compositora carioca Aysha Lima, o registro dividido em três partes funciona como um delicado estudo sobre as diferentes fases de um relacionamento. Instantes em que a artista, sempre acompanhada pelo produtor André Miquelotti, responsável pelo meticuloso cruzamento de estilos e referências que rompem com o R&B tradicional, se entrega por completo, confessa sentimentos e acaba encontrando no amor a principal fonte de inspiração.
Partindo dessa abordagem fracionada, com três atos bem definidos, a cantora sustenta no bloco inicial a descoberta de um novo amor. Em geral, são composições marcadas pela fluidez das batidas, como uma representação do desejo explícito nos versos. “Essa energia que me faz dançar / Invade meu corpo feito ar … Vem cá, que eu quero sentir o seu corpo no meu / Sinta, o calor da batida entre você e eu“, canta em Amor e Som, música que sintetiza a euforia que move o trabalho nesses primeiros minutos. Canções que destacam a entrega sentimental de Lima na mesma medida em que evidenciam a riqueza de elementos explícita na produção caprichada de Miquelotti, sempre interessando na colorida combinação de ritmos.
Passado esse momento de maior exaltação que ainda conta com a colaboração de nomes como Negalli, Duquesa e Izy Castelano, Lima abre passagem para a porção seguinte do disco. A partir desse ponto, o desejo passa a se misturar com a incerteza dos sentimentos vividos pela artista. E é aqui que o trabalho cresce. Enquanto os versos transitam por diferentes sensações, temas e experiências emocionais, batidas desaceleram de forma a valorizar a construção dos arranjos. Da linha de baixo suculenta e destacada, passando pela sobreposição dos teclados e bases atmosféricas, tudo ganha novo e delicado tratamento.
O resultado desse processo está na entrega de músicas como Segredos e Amor, parceria com Torres e OriginalDé, mas que em nenhum momento diminui o brilho e permanente entrega de Lima em estúdio. Esse mesmo refinamento no processo de criação fica ainda mais explícito com a sequência de faixas entregue logo em sequência. Enquanto PFP (Para Fazer Pretinhos) parte do R&B para mergulhar em uma doce combinação entre reggae e rock, 019 e Estar No Amanhã destacam o reducionismo dos elementos. Canções que se revelam ao público em pequenas doses, reforçando o aspecto sentimental dado ao disco.
Com a chegada de 23 de Novembro, música precedida de um dos muitos interlúdios que ajudam Lima a construir a narrativa do disco, a cantora abre passagem para a porção final do trabalho. Contraponto ao material entregue nos minutos iniciais do registro, em essência regido pela força das emoções e desejo explícito nos versos, a trinca de canções que pontua o álbum destaca de forma melancólica a temática do rompimento. São criações marcadas pelo apuro dos versos, reforçando a vulnerabilidade da artista, porém, musicalmente limitadas quando próximas do restante da obra, vide o fechamento moroso em A Última.
Ainda assim, quando observado em totalidade, esses tropeços em nada prejudicam a grandeza explícita durante toda a execução do trabalho. Embora monotemático, Ín.ti.mo estabelece nessa divisão em três atos um precioso componente de dinamismo e nítida distinção quando próximo de outros exemplares do gênero. Mesmo quando voltamos os ouvidos para as criações de estrangeiros como Kehlani, Jorja Smith e demais protagonistas dentro do estilo, Aysha Lima em nada deixa a desejar, fazendo do repertório entregue no presente disco um delicado exercício criativo que encanta, provoca e emociona na mesma proporção.
Crítica Pangaea: “Changing Channels”
Produtor conhecido pela criação do selo Hessle Audio, por onde passaram artistas como Olof Dreijer, Anz e Shanti Celeste, Kevin McAuley está de volta com mais um novo trabalho de inéditas como Pangaea. Com o título de Changing Channels (2023), o registro de sete canções se apresenta por completo logo nos minutos iniciais, em Installation. São pouco mais de três minutos em que o artista londrino destaca a construção das batidas enquanto espalha fragmentos de vozes e camadas de sintetizadores que apontam para a produção da década de 1990 sem necessariamente corromper a identidade criativa e a própria originalidade.
São movimentos rápidos, sempre calculados, como uma fuga das criações extensas que tradicionalmente embalam obras do gênero. Exemplo disso fica ainda mais evidente com a chegada da canção seguinte, Hole Away. Tão imediata quanto a composição que a antecede, a faixa marcada pela firmeza das batidas e vozes ritmadas funciona como um aceno para a cena eletrônica inglesa. Instantes em que McAuley evoca nomes como MJ Cole a Disclosure em uma abordagem que destaca o lado acessível e dançante do artista. É como uma simplificação de tudo aquilo que o produtor havia testado no trabalho anterior, In Drum Play (2016).
Embora descomplicado e capaz de dialogar com uma parcela ainda maior do público, Changing Channels em nenhum momento deixa de encantar o ouvinte pelos detalhes. Exemplo disso fica bastante evidente em If. Um pouco mais extensa do que as canções que a antecedem, porém, marcada pelo mesmo dinamismo, a faixa chama a atenção pela forma como McAuley lida com a sobreposição dos elementos. São incontáveis camadas de sintetizadores e texturas que ampliam os limites da composição sem necessariamente reduzir o destaque dado aos vocais, componente que continua a reverberar mesmo após o encerramento da obra.
Vem justamente desse maior aproveitamento das vozes o estímulo para a composição seguinte, The Slip. Partindo da voz como um elemento de marcação rítmica, McAuley garante ao público uma criação talvez simplista quando próxima de outras músicas apresentadas ao longo do disco, mas não menos interessante. É como uma interpretação particular daquilo que os conterrâneos da dupla The Chemical Brothers haviam explorado no ainda recente For That Beautiful Feeling (2023), vide a forte similaridade com músicas como No Reason e todo o potente repertório assinado em conjunto pelos produtores Ed Simons e Tom Rowlands.
Com a chegada da própria faixa-título do registro, McAuley mantém a fluidez dos elementos, porém, utiliza de uma abordagem completamente distinta em relação ao restante da obra. É como se o produtor deixasse de lado o caráter emergencial e dinamismo explícito na abertura do trabalho para investir em uma canção marcada pelo caráter imersivo, por vezes íntima das criações de The Field e outros nomes do gênero. Não se trata de uma composição ruim, mas de uma quebra em relação ao restante do material. Nada que Squid, vinda logo em sequência, com suas batidas e sintetizadores sempre em destaque, não dê conta de resolver.
Esse mesmo direcionamento criativo, porém, partindo de uma abordagem totalmente reformulada, acaba se refletindo na música de encerramento do disco, Bad Lines. Enquanto parte da canção dialoga com os mesmos elementos incorporados ao bloco inicial do trabalho, difícil não perceber no caráter eufórico dos sintetizadores e vozes uma forte similaridade com a obra de Two Shell e demais representantes da nova cena inglesa. É como se McAuley proporcionasse uma viagem musical que vai dos primórdios da produção eletrônica ao presente cenário em uma excitante combinação de estilos, diferentes ritmos e referências.
Review: Crobot – Motherbrain (2019)
Review: Wolftooth – Wolftooth (2018)
Review: Gallo Azhuu – Treva (2019)
PEROLAS DO ROCK N´ROLL (SILOAH - Same - 1970)
Silhoah foi uma típica obscura pérola alemã de Krautrock. Formada em Munique no fim dos anos 60 o grupo lançou dois álbuns raríssimos (1970/72), com um número muito pequeno de cópias. Posto aqui o primeiro deles.
O disco homônimo de 1970 traz um som experimental, viajante e psicodélico, caracterizando o grupo como Krautrock. A maior diferença é o não uso de teclados e órgão (típicos dos outros grupos nesse estilo), sendo mais voltado para canções acústicas e "folk", tendo flauta e violão. As letras são em inglês e têm tema hippie. Destaque para as faixas Krishna's Golden Dope Show e Road to Laramy
Boa pérola, recomendado para fãs de psicodélico e krautrock.
Thom Argauer - Violão, guitarra e vocal
Wolfgang Görner - baixo
Manuela Freifrau - percussão, tamborim
Heinrich Stricker - vocal, shehnai
1. Yellow Puppets Hanging In The Sky (0:48)
2. Krishna's Golden Dope Show (6:13)
3. Road To Laramy (6:30)
4. Acid Eagle (2:42)
5. Aluminum Wind (18:22)
6. Pink Puppets Hanging In The Sky (0:46)
Piti – EP 7 – 1970
PITI
RGE – CD 80.278
Tropicália – Psych – 1970
Faixas:
Lado A
01 – A Luta Contra As Latas
02 – Espuma Congelada
Lado B
01 – Hall
02 – Nono Andar
Em 1964, participou do espetáculo “Nós, por exemplo”, que marcou a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, onde se apresentou ao lado de Caetano, Gal Costa, Maria Bethânia, Djalma Corrêa, Alcivando Luz, Fernando Lona e Gilberto Gil. Nesse ano, o grupo ainda apresentou, no mesmo teatro, o show “Nova bossa velha, velha bossa nova”.
Nasci na chuva de um domingo, e só agora, sinto que as minhas pernas ficaram mais compridas que as do meu pai. E já a dôr se fêz ausente da cabeceira do meu peito de madeira.Ante os olhos, nego minha imagem retorcida, refletida no espélho, desprendendo cheiro de naftalina.Mas os insetos que passarem pela porta do portal, da sala do meu apartamento, não serão por mim atingidos…nem mortalmente feridos.
Piti
P.S.- O Pesô dos documentos fere a minha sensibilidade também.
Com os baianos , Augusto Boal e Macalé
Com Janis Joplin na Bahia em 1970
Beto Fae, Piti & Leno , show ” Alma e Carne”, direção: Sidney Miller.Sala Funarte, Rio de Janeiro – 1979
Fiquem com Hall e viva Maria Bethânia e Maria Joana
Tamba Trio – Tamba Trio (1975)
Companies, etc.
- Recorded At – Estudios RCA, Rio De Janeiro
- Mixed At – Estudios RCA, Rio De Janeiro
Credits
- Arranged By, Piano, Electric Piano [Fender Piano], Synthesizer [Arp], Vocals – Luiz Eça
- Artwork By – Ney Tavora
- Artwork By [Photographic Effects] – Sérgio De Garcia
- Bass, Percussion, Flute [In C And G], Vocals [Solos] – Bebeto*
- Coordinator, Directed By – Raymundo Bittencourt
- Design – Carlos Guarany
- Guitar – Hélio Delmiro
- Mastered By – José Oswaldo Martins
- Percussion, Drums, Vocals – Hélcio Milito
- Photography – Ivan Klingen
- Recorded By, Mixed By – Nestor Vitiritti
Notes
Destaque
What the folk is going on?
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