Victor Assis Brasil (Rio de Janeiro, 28 de agosto de 1945 — Rio de Janeiro, 14 de abril de 1981), foi um saxofonista brasileiro e um dos mais aclamados instrumentistas do jazz nacional.
Irmão gêmeo do pianista clássico João Carlos Assis Brasil, começou a tocar profissionalmente em 1965, indo depois estudar naBerklee College of Music, Estados Unidos, entre 1969 e 1973. Lá tocou ao lado de Dizzy Gillespie, Jeremy Steig, Richie Cole,Clark Terry, Chick Corea, Ron Carter, Bob Mover entre outros.
Morreu muito jovem, aos trinta e cinco anos, devida a uma doença circulatória rara e grave, a poliarterite nodosa.
Biografia
Infância e iniciação musical
Nascido em uma família de classe média do Rio de Janeiro, Victor, desde pequenino, sempre se mostrara interessado por música. Seus familiares, percebendo tal afeição pela arte, sempre o incentivaram e garantiram a ele um ambiente propício a sua educação musical. Cresceu portanto ouvindo boa música, do clássico ao jazz. Seus primeiros instrumentos foram uma gaita e uma bateria, que ganhara ainda criança. Com eles, Victor começou a tocar e a praticar as músicas que ouvia, sempre tendo o jazz como preferência. Mas foi só aos dezessete anos que ganhou de uma tia o instrumento que o consagraria, um saxofone alto.
Um novo mundo se abrira para Victor. Ele realmente gostava de sua gaita, e sempre copiava os solos dos discos de jazz que ouvia. Mas ela era muito limitada, sem recursos. Seu novo instrumento, por outro lado, o saxofone, era o mesmo utilizado pelos seus ídolos. Logo Victor começou a praticá-lo incansavelmente e mesmo sem nunca ter estudado formalmente música, começou a apresentar-se ao público, seja na escola onde estudava ou nas festas dos amigos. Em 1963, faz a sua primeira gravação, amadora, na casa de um amigo. Em 1964 passa a freqüentar as boates da zona sul, onde dava “canjas” nas jam sessions, prática comum na década de 60. Sob forte influência da bossa-nova e do jazz, Victor começa a desenvolver-se como um exímio improvisador, tanto que apenas um ano depois já estreava como profissional, na inauguração do “Clube de Jazz e Bossa” em Copacabana.
Primeiros discos, concursos e estudos no exterior
Em 1966 lança seu primeiro disco, o LP Desenhos, que foi recebido com muito entusiasmo pela crítica especializada, chegando a ser citado como o “primeiro grande disco de Jazz gravado no Brasil”[carece de fontes]. Com o intuito de aprimorar seus conhecimentos teóricos e sua técnica começa a estudar com o saxofonista e maestro Paulo Moura. Ainda no mesmo ano viaja para Áustria e participa do Concurso Internacional de Jazz em Viena ganhando o terceiro lugar entre os saxofonistas. Depois do concurso permanece na Áustria estudando por quase um ano. No mesmo período inscreve-se no Festival de Jazz de Berlim, Alemanha, e obtém o título de melhor solista do Festival, além de uma bolsa de estudos na Berklee College of Music, Estados Unidos, considerada uma das melhores escolas de música do mundo.
Volta ao Brasil, antes de ir para a Berklee, e lança seu segundo disco, o LP Trajeto, também sucesso na crítica especializada. Em 1967 e 1968 fez apresentações com quartetose quintetos, inclusive um importante concerto na Sala Cecília Meirelles do Rio de Janeiro com seu sexteto tocando junto com o Quinteto Villa-Lobos (sopros) e a companhia de dança Sandra Diekens. O sexteto era formado por Claudio Roditi (trompete), Ion Muniz (sax tenor), Haroldo Mauro Jr., (piano), Ricardo Pereira dos Santos (contrabaixo) e Alfredo Gomes (bateria). Empreendeu turnês por vários estados brasileiros. Seu espetáculo, Calmalmas, era patrocinado pela USIS e consistia em apresentações em teatros, universidades, rádio e TV.
Graduação na Berklee College of Music: evolução e amadurecimento
Em 1969 viaja para os Estados Unidos e conclui seus estudos no ano de 1973. Durante o período de sua graduação, Victor evolui e amadurece musicalmente. Desponta como um compositor hábil que consegue unir os elementos do Jazz, clássico e MPB fundindo-os com maestria, em uma união quase perfeita entre harmonia e melodia. Em uma de suas férias, em 1970 viaja ao Brasil para gravar mais dois discos, os LP‘s Victor Assis Brasil toca Antônio Carlos Jobim, lançado no mesmo ano, e Esperanto, lançado em 1974. Ambos os discos, quando lançados, também foram muito bem recebidos pela crítica.
Regresso ao Brasil
Em 1974 muda-se definitivamente para o Brasil. Retoma sua carreira profissional, empreendendo viagens pelos diversos estados. Grava um disco em concerto, no Teatro da Galeria. Em 1976 apresenta a composição Suite para Sax Soprano e Cordas, de sua autoria, acompanhado pela Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, sob a batuta domaestro Marlos Nobre. Em 1977 participa dos concertos no Museu de Arte Moderna e na Concha Verde, no Rio de Janeiro. No mesmo ano compõe trilhas sonoras para o cinema e televisão. Em 1978 é o destaque do Festival de São Paulo, deixando platéia, críticos e músicos impressionados.
Últimos anos e morte
Em 1979 grava seus últimos discos, os LP‘s Victor Assis Brasil Quinteto e Pedrinho: Victor Assis Brasil Quarteto. Esta fase, que compreende os três anos que antecedem sua morte, é marcada como o ponto alto de sua carreira, onde ele consegue demonstrar mais claramente toda a maturidade de sua musicalidade. É nesta fase também que começam a surgir os problemas de saúde que o levaram à morte.
Por fim, Victor Assis Brasil falece no Rio de Janeiro no dia 14 de abril de 1981, vítima de uma doença circulatória rara e grave, a periartrite nodosa.
Reconhecimento nacional e internacional
Embora tenha estudado fora do país, Victor consolidou sua carreira profissional no Brasil, mas mesmo sendo um músico consagrado, era mais reconhecido no exterior do que em seu próprio país, e isso lhe doía muito. Apesar de ser aclamado como um mestre em um estilo originalmente americano, o jazz, Victor nunca esquecera suas raízes brasileiras, e sempre as expressou musicalmente seja em suas composições, seja em suas performances. Como músico enfrentou muitas dificuldades financeiras, principalmente porque os brasileiros não têm uma cultura de apreço à música instrumental. Em entrevista à Folha de São Paulo em junho de 1977, disse :
É uma barra viver e sobreviver dentro desse esquema a que me propus. É preciso ter peito, garra, passar fome, como eu passei nos Estados Unidos |
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Obras póstumas
Após a morte de Victor, sua mãe, Elba, achou duas malas do filho trancadas. Estas malas permaneceram fechadas até que em 1988 dona Elba resolveu entregá-las ao irmão gêmeo de Victor, o pianista João Carlos Assis Brasil. Quando abriu as malas, João teve uma grata surpresa, nelas estavam contidas mais de 400 partituras com composições inéditas. Peças para piano solo, para orquestra, quarteto de cordas, jazz erudito e música popular.
Victor Assis Brasil – Desenhos (1966)
Selo Forma
(sax)
Tenorio Jr.
(piano)
Edison Lobo
(bass)
Chico Batera
(drums)
Track List
01 – Naquela Base (João Donato)
02 – Devaneio (Victor Assis Brasil)
03 – Primavera (Carlos Lyra / Vinicius de Moraes)
04 – Simplesmente (Édison Lobo)
05 – Feitiço da Vila (Noel Rosa)
06 – Dueto (Victor Assis Brasil)
07 – Amor de Nada (Marcos Valle / Paulo Sergio Valle)
08 – Eugenie (Victor Assis Brasil)
09 – Minha Saudade (João Donato)
10 – Desenhos (Victor Assis Brasil)
Victor Assis Brasil – Trajeto (1968)
Selo Equipe
(sax alto)
Paulo Moura
(sax alto)
Juarez Araujo
(sax tenor)
Oberdan Magalhaes
(sax tenor)
Ion Muniz
(sax tenor)
Claudio Roditi
(piston)
Aloisio Aguiar
(piano)
Sergio Barroso
(bass)
Claudio Caribe
(drums)
Helio Delmiro
(guitar)
Ed Maciel
(piston)
George Andre
(arrangements)
Track List
01 – Stole Stuff (Victor Assis Brasil)
02 – Plexus (Aloísio Aguiar)
03 – Round About Midnight (Thelonious Monk)
04 – What’s This Thing Called (Cole Porter)
05 – Mercy Mercy (J. Zawinul)
06 – Search For Peace (McCoy Tyner)
07 – Summertime (Heyward / George Gershwin)
Victor Assis Brasil – Jobim (1970)
Selo Quartin
Esse disco teve 2 versões de capa
(sax alto)
Dom Salvador
(piano)
Edison Machado
(drums)
Helio Delmiro
(guitar)
Edson Lobo
(bass)
Track List
01 – Wave (Tom Jobim)
02 – Só Tinha de Ser Com Você (Tom Jobim / Aloysio de Oliveira)
03 – Bonita (Tom Jobim)
04 – Dindi (Tom Jobim / Aloysio de Oliveira)
Victor Assis Brasil – Esperanto (1970)
Selo Tapecar
Contracapa, Victor e o produtor Roberto Quartin
Personnel
Victor Assis Brasil
(sax alto, sax soprano)
Dom Salvador
(piano, organ)
Helio Delmiro
(guitar)
Edison Lobo
(bass)
Edison Machado
(drums)
Track List
01 – Ginger Bread Boy (Victor Assis Brasil)
02 – Marilia (Victor Assis Brasil)
03 – Quarenta Graus à Sombra (Victor Assis Brasil)
04 – Ao Amigo Quartin (Victor Assis Brasil)
Bônus:
05 – Children (saiu na versão em cd com o nome de Legacy em 2000)
Participação de Claudio Roditi (em “Children”) – Trompete
Técnicos de Gravação Original: Jorge Teixeira. Remasterizado por CD Master Gravado nos estúdios da EMI, Rio de Janeiro, entre 01 e 23 de agosto de 1970, sob a supervisão direta de Roberto Quartin.
Victor Assis Brasil – Ao Vivo (1974)
Selo Magic Music
01 – Pro Zeca (Victor Assis Brasil)
02 – Somewhere (L. Bernstein / S. Sondhein)
03 – Puzzle (Victor Assis Brasil)
04 – Waving (Victor Assis Brasil)
In 1974, Victor Assis Brazil performed live with a Quintet at Teatro da Galeria in Rio de Janeiro, this LP, Victor Assis Brazil – Ao Vivo (1974), released by Magic Music is the live recording of the session performed in September, 2.
The quintet is Victor Assis Brasil (sax), Lula (drums), Paulinho Russo (bass), Alberto Farah (piano) and Márcio Montarroyos (trumpet), directed and produced by Durval Ferreira.
Victor Assis Brasil – Victor Assis Brasil Quinteto (1979)
Selo EMI/Odeon
Victor Assis Brasil
(tenor sax, soprano sax)
Paulo Russo – baixo acústico
Hélio Delmiro – guitarra
Fernando Martins – piano
Ted Moore – bateria
Track List
01 – Tema Pro Einhorn (Victor Assis Brasil)
02 – Balada Para Nadia (Victor Assis Brasil)
03 – Waltz For Phil (Victor Assis Brasil)
04 – Blues For Mr Saltzman (Victor Assis Brasil)
05 – Waltz For Trane (Victor Assis Brasil)
06 – Lydian Dreams (Victor Assis Brasil)
Victor Assis Brasil Quarteto – Pedrinho (1980)
Selo EMI/Odeon
(sax alto)
Jota Moraes
(piano)
Paulo Russo
(bass)
Ted Moore
(drums)
02 – Nada Será Como Antes (Milton Nascimento / Ronaldo Bastos)
03 – Pedrinho (Victor Assis Brasil)
04 – S’wonderful (George Gershwin / Ira Gershwin)
05 – Penedo (Victor Assis Brasil)
06 – O Cantador (Dori Caymmi / Nelson Motta)
07 – Night And Day (Cole Porter)
Luiz Eca & Victor Assis Brasil – Ao Vivo no Museu de Arte Moderna (1997)
Personnel
Luiz Eca
(piano)
Victor Assis Brasil
(sax alto)
Track List
01 – The dolphin (Luiz Eça)
02 – Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso)
03 – Fotografia (Tom Jobim)
04 – You must believe in spring (Michel Legrand)
05 – Samba de uma nota só (Newton Mendonça / Tom Jobim)
06 – Hi-lili hilô (Bronislaw Kaper / Helen Deutch)
07 – Insensatez (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
08 – O cantador (Nelson Motta / Dori Caymmi)
09 – The man I love (George Gershwin)
10 – Maracangalha (Dorival Caymmi)
11 – Travessia (Milton Nascimento / Fernando Brant)
Esse show foi realizado no MAM (Museu de Arte Moderna) no Rio de Janeiro no final dos anos 70.
Trilha Sonoro Novela – O Grito (Rede Globo) – 1975
Som Livre
01 – O Grito (abertura)| Victor Assis Brasil
(Victor Assis Brasil)
02 – Tema em 5/4 | Victor Assis Brasil
(Victor Assis Brasil)
03 – Vice Versa | Victor Assis Brasil
(Victor Assis Brasil)
Victor Assis Brasil – 1° Festival de Jazz de Sao Paulo (1978)
Bootleg
Personnel
Victor Assis Brasil
(sax)
Paulo Russo
(bass)
Fernando Martins
(piano)
Ted Moore
(drums)
Track List
01 – Love for Sale ( Cole Porter)
02 – Balada para Nádia (Victor Assis Brasil)
03 – Arroio (Victor Assis Brasil)
04 – Walking (Victor Assis Brasil)
Fiquem com Arroio ao vivo no Primeiro Festival de Jazz em São Paulo em 1978
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