O Thin Lizzy tem uma história trágica. Uma banda brilhante e com um catálogo cheio de ótimas canções, mas que foi vítima dos seus próprios problemas: abuso de drogas que levou ao vício pesado do vocalista e baixista Phil Lynott e do guitarrista Scott Gorham, gerou inúmeros problemas com promotores, empresários e afins, e condenou a banda ao declínio. Uma trajetória que deu ao mundo discos absolutamente brilhantes como Jailbreak (1976) e Bad Reputation (1977), entre outros, mas que prejudicou a consolidação do quarteto como uma das maiores bandas dos anos 1970 – em relação à qualidade, isso não se discute.
Porém, o legado do Thin Lizzy vive no Black Star Riders. A banda surgiu em 2012 a partir da então formação do Thin Lizzy, que decidiu gravar um novo material e optou por começar uma nova história com outro nome. A banda já soltou quatro discos, sendo que o mais recente, Another State of Grace, acabou de sair.
Sucessor de Heavy Fire (2017), Another State of Grace traz duas mudanças na formação: na banda desde 2017, o baterista Chad Zeliga (Breaking Benjamin, Black Label Society) substitui Jimmy DeGrasso, enquanto o guitarrista Christian Martucci (Stone Sour) entrou em 2019 no lugar de Damon Johnson. Na prática, essas alterações pouco influenciaram o som do novo disco, já que o núcleo criativo do quinteto está na parceria entre o guitarrista Scott Gorham e o vocalista e guitarrista Ricky Warwick – o baixista Robbie Crane completa o time.
Musicalmente, o Black Star Riders segue sem maiores pretensões de se afastar do universo do Thin Lizzy. Canções como “Tonight the Moonlight Let Me Down” e “Ain’t the End of the World” conversam de maneira direta com o legado de Lynott, mas a banda dá as suas pisadas fora da zona de conforto – como fez em todos os discos até agora, diga-se de passagem – no hard agradável de “Underneath the Afterglow”, no inesperado groove funkeado de “Soldier in the Ghetto” e na aproximação com uma sonoridade meio Bruce Springsteen em “What Will It Take?”, que conta com a participação de Pearl Aday, filha de Meat Loaf, dividindo os vocais com Warwick. Merece destaque também o clima celta da faixa título, a mais pesada do disco.
Another State of Grace é mais um bom disco do Black Star Riders. Uma banda que transmite uma aura low profile, descompromissada e relax, e que vem entregando bons rocks para quem é fã não apenas do Thin Lizzy, mas também de boa música.
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