Cantata em tupi. Música e letra de BAPTISTA SIQUEIRA
Para côro misto, orquestra sinfônica e soprano
Solista: ALICE RIBEIRO
Coral: Murillo de Carvalho - Regente: JOSÉ SIQUEIRA
"A palavra CANGERÊ foi registrada pela primeira vez no século XVI por Jean de Léry em sua famosa obra "Viagem à Terra do Brasil", quando trata da "religião dos selvagens". A obra de Jean de Léry é da mais alta significação para nosso país, seja no domínio histórico, etnológico ou musical: fornece têrmos, ritmos e até mesmo contos dos Tupinambás e Tamoios do tempo colonial, anteriores à chegada do elemento negro ao solo do Brasil. O viajante do século XVI que nos fornece tão precioso acervo intelectual é, entretanto, um simples missionário calvinista que viera ao Brasil ajudar Villegagnon na construção da malograda França Antártica.
Em 1956 foi iniciado o trabalho de composição da Cantata CANGERÊ, na base do sistema que o autor chamou de Pentamodalismo Nordestino, divulgado em obra especializada. O processo pentamodal se orienta em cinco escalas modais encontradas na temática popular do alto sertão, notadamente nos Estados da Paraíba, Ceará e Pernambuco. A forma estrutural das sete Catiras que compõem a Cantata CANGERÊ obedece ao corte da canção popular brasileira, incluindo-se, obrigatoriamente, duas temáticas contrastantes. O ambiente harmônico nasce das próprias escalas utilizadas na construção melódica. Os modos em que foram escritos os cantos sagrados, ou catiras, têm caráter místico determinado. Nascem daí grupos rítmicos que sintetizam o conjunto das circunstâncias que estão, por seu turno, ligados às celebrações rituais de povos silvícolas. É necessário frisar, todavia, que os ameríndios faziam seus festivais sagrados sob a direção de Caraibas, empregando, de preferência, coros e instrumentos suaves e não as buzinas estridentes que usavam nos momentos de combate ou nos poracés.
Nesta cantata o autor evoca certos motivos da Teogonia Tupi, na língua geral, através de dados obtidos nas distantes regiões do Brasil Central e instrumentos originais dos indígenas brasileiras, tais como: INKÉ (instrumento de invocação da Iara); IUXÉ (instrumento de invocação do caboclo Cachoreira); ARREMÊDO de Inambu e Jacutinga.
A tradição do CANGERÊ, como festa mágico-religiosa, foi assinalada entre remanescentes paracanãs do alto Tocantins, no início dêste século, segundo pesquisas fornecidas ao autor por seu discípulo Dr. Niedermeyer, de Goiânia."
Para côro misto, orquestra sinfônica e soprano
Solista: ALICE RIBEIRO
Coral: Murillo de Carvalho - Regente: JOSÉ SIQUEIRA
"A palavra CANGERÊ foi registrada pela primeira vez no século XVI por Jean de Léry em sua famosa obra "Viagem à Terra do Brasil", quando trata da "religião dos selvagens". A obra de Jean de Léry é da mais alta significação para nosso país, seja no domínio histórico, etnológico ou musical: fornece têrmos, ritmos e até mesmo contos dos Tupinambás e Tamoios do tempo colonial, anteriores à chegada do elemento negro ao solo do Brasil. O viajante do século XVI que nos fornece tão precioso acervo intelectual é, entretanto, um simples missionário calvinista que viera ao Brasil ajudar Villegagnon na construção da malograda França Antártica.
Em 1956 foi iniciado o trabalho de composição da Cantata CANGERÊ, na base do sistema que o autor chamou de Pentamodalismo Nordestino, divulgado em obra especializada. O processo pentamodal se orienta em cinco escalas modais encontradas na temática popular do alto sertão, notadamente nos Estados da Paraíba, Ceará e Pernambuco. A forma estrutural das sete Catiras que compõem a Cantata CANGERÊ obedece ao corte da canção popular brasileira, incluindo-se, obrigatoriamente, duas temáticas contrastantes. O ambiente harmônico nasce das próprias escalas utilizadas na construção melódica. Os modos em que foram escritos os cantos sagrados, ou catiras, têm caráter místico determinado. Nascem daí grupos rítmicos que sintetizam o conjunto das circunstâncias que estão, por seu turno, ligados às celebrações rituais de povos silvícolas. É necessário frisar, todavia, que os ameríndios faziam seus festivais sagrados sob a direção de Caraibas, empregando, de preferência, coros e instrumentos suaves e não as buzinas estridentes que usavam nos momentos de combate ou nos poracés.
Nesta cantata o autor evoca certos motivos da Teogonia Tupi, na língua geral, através de dados obtidos nas distantes regiões do Brasil Central e instrumentos originais dos indígenas brasileiras, tais como: INKÉ (instrumento de invocação da Iara); IUXÉ (instrumento de invocação do caboclo Cachoreira); ARREMÊDO de Inambu e Jacutinga.
A tradição do CANGERÊ, como festa mágico-religiosa, foi assinalada entre remanescentes paracanãs do alto Tocantins, no início dêste século, segundo pesquisas fornecidas ao autor por seu discípulo Dr. Niedermeyer, de Goiânia."
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