A vinha e o olival
Pierre Aderne / Mú Carvalho
Repertório de Cristiana Águas e Pedro Moutinho
Janelas vão-se abrir
Os olhos marejar
Telhados vão sorrir
Os barcos vão dançar
Nas ruas de Alfama
Vai ter festa e procissão
Nos rossios de quem ama
Nas quadras da oração
Na luz dessa cidade
Nascente de água pura
Sacio a saudade
Recebo minha cura
Na luz do teu olhar
Fui fogo e tive frio
Com o Sado a desaguar
Nos fados que copio
Já fui vinha e olival
Lá gastei as minhas vidas
No açúcar e no sal
De chegadas e partidas
A volta prometida
Carlos Leitão / Custódio Castelo
Repertório de Carlos Leitão
Há mel nesses teus olhos desenhados
Pelas mãos de um criador que eu inventei
Escondido nos trejeitos mais ousados
Sou eu a querer ser Deus porque não sei
Dói tanto esta saudade anunciada
Agora que de ti só fico eu
A história de nós dois, imaginada
Será o que partiu mas não morreu
Sou eu na lezíria já despida
Na presunção errada de te ver
À espera de um regresso feito vida
Para que eu possa ficar sem te perder
E agora, meu amor, enquanto espero
A volta prometida que inventei
O mel do teu olhar é o desespero
Sempre que Deus me esconde o que não sei
A voz
Diogo Clemente / Armando Machado *fado licas*
Repertório de Carminho
Às vezes há uma voz que se levanta
Mais alta do que o mundo e do que nós
E faz chover-me os olhos, quando canta
Num pranto que emudece a minha voz
Afunda-me os sentidos e o tempo
Ao ponto mais distante do que sou
E abraça aquele lugar que tão cinzento
Se esconde sobre a névoa que ficou
E grita-me no peito quando sente
Chegar a face triste de um amor
Mais alta do que o mundo e do que a gente
A voz já não é voz... chama-se dor
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