segunda-feira, 10 de março de 2025

POEMAS CANTADOS DE CAETANO VELOSO

O Que Será (À Flor da Pele)

Caetano Veloso


O que será que me dá

Que me bole por dentro, será que me dá

Que brota à flor da pele, será que me dá

E que me sobe às faces e me faz corar

E que me salta aos olhos a me atraiçoar

E que me aperta o peito e me faz confessar

O que não tem mais jeito de dissimular

E que nem é direito ninguém recusar

E que me faz mendigo, me faz suplicar

O que não tem medida, nem nunca terá

O que não tem remédio, nem nunca terá

O que não tem receita.

O que será que será

Que dá dentro da gente e que não devia

Que desacata a gente, que é revelia

Que é feito uma aguardente que não sacia

Que é feito estar doente de uma folia

Que nem dez mandamentos vão conciliar

Nem todos os unguentos vão aliviar

Nem todos os quebrantos, toda alquimia

Que nem todos os santos, será que será

O que não tem descanso, nem nunca terá

O que não tem cansaço, nem nunca terá

O que não tem limite.

O que será que me dá

Que me queima por dentro, será que me dá

Que me perturba o sono, será que me dá

Que todos os tremores me vêm agitar

Que todos os ardores me vêm atiçar

Que todos os suores me vêm encharcar

Que todos os meus nervos estão a rogar

Que todos os meus órgãos estão a clamar

E uma aflição medonha me faz implorar

O que não tem vergonha, nem nunca terá

O que não tem governo, nem nunca terá

O que não tem juízo


O Que Tinha de Ser

Caetano Veloso


Porque foste na vida

A última esperança

Encontrar-te me fez criança

Porque já eras meu

Sem eu saber sequer

Porque és o meu homem

E eu tua mulher


Porque tu me chegaste

Sem me dizer que vinhas

E tuas mãos foram minhas com calma

Porque foste em minh'alma

Como um amanhecer

Porque foste o que tinha de ser


Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Antonio Curiel [Discografia]

  Publicações solo do cantor valladolidiano Antonio Curiel 'Curi', que nos anos 80 seria um dos integrantes da banda Altos Hornos de...