sexta-feira, 2 de maio de 2025

POEMAS CANTADOS DE CAETANO VELOSO














 Outro Retrato

Caetano Veloso


Minha música vem da

Música da poesia de um poeta João que

Não gosta de música


Minha poesia vem

Da poesia da música de um João músico que

Não gosta de poesia


O dado de Cabral

A descoberta de Donato


O fato, o sinal

O sal, o ato, o salto:


Meu outro retrato


Padrão

Caetano Veloso


O esforço é grande e o homem é pequeno.

Eu, Diogo Cão, navegador, deixei

Este padrão ao pé do areal moreno

E para diante naveguei.


A alma é divina e a obra é imperfeita.

Este padrão sinala ao vento e aos céus

Que, da obra ousada, é minha a parte feita:

O por-fazer é só com Deus.


E ao imenso e possível oceano

Ensinam estas Quinas, que aqui vês,

Que o mar com fim será grego ou romano:

O mar sem fim é português.


E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma

E faz a febre em mim de navegar

Só encontrará de Deus na eterna calma

O porto sempre por achar.


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