Adolfo nasceu em Luanda mas cresceu entre Vieira do Minho e Braga.[2] No ano de 1978 foi estudar Direito para Lisboa onde viveu até 1999.
Adolfo Luxúria Canibal é, desde 1984, letrista e vocalista do grupo Mão Morta[2], depois de ter estado em grupos como Bang-Bang (1981), Auaufeiomau (1981-1984)[3] e PVT Industrial (1984).
Encenou e actuou em performances e espectáculos multimédia como Rococó, Faz o Galo (1983), Dos Gatos Brancos que Jazem Mortos na Berma do Caminho de Ferro (1983), Labiu e a Pulga Amestrada (1984) e mais tarde em Müller no Hotel Hessischer Hof (1997). Apareceu como ator em Maldoror (2007), encenado por António Durães e na peça Eis o Homem! da companhia Mundo Razoável, encenada por Marta Freitas (2013). Fez espetáculos de spoken word, a solo (1999) ou com António Rafael (desde 2004), sob a designação de Estilhaços. Com João Martinho Moura e Miguel Pedro concebeu a performance de arte digital Câmara Neuronal para a exposição FrameArt da Capital Europeia da Cultura - Guimarães 2012. Participou na concepção colectiva e actuou, com os Mão Morta, José Mário Branco, Fernando Lapa, Amélia Muge e Pacman, no musical Então Ficamos..., espectáculo de comunidade de encerramento da Capital Europeia da Cultura - Guimarães 2012 encenado por António Durães. Com António Rafael concebeu, gravou e interpretou ao vivo a banda sonora para a instalação The Wall of Pleasure do artista plástico Tiago Estrada na Rooster Gallery, em Nova Iorque (2013). Ainda com António Rafael e Miguel Pedro compôs e actuou no musical Chão (2014), um espectáculo de comunidade, com a participação de 70 mulheres de Paredes de Coura, encenado por João Pedro Vaz para o décimo aniversário da companhia de teatro Comédias do Minho.
Concebeu a colectânea de bandas bracarenses À Sombra de Deus tal como o primeiro volume À Sombra de Deus - Braga 88 (em conjunto com Berto Borges e o quarto volume À Sombra de Deus IV - Braga 2012 em conjunto com Miguel Pedro. Em 2002 criou, com António Rafael e Miguel Pedro, a editora independente Cobra, tendo editado vários discos de Mão Morta e de artistas como Anger, Erro!, Houdini Blues, Fat Freddy, Jazz Iguanas, Umpletrue, Mundo Cão ou At Freddy's House.
Teve pequenas participações como actor nos filmes Gel Fatal de António Ferreira e O Dragão de Fumo de José Carlos de Oliveira. Concebeu, com João Onofre, o filme de videoarte S/título (мій голос), exibido no 19.º Festival Internacional de Cinema - Curtas de Vila do Conde. Em 2012 foi objecto do documentário Fado Canibal, realizado por Timóteo Azevedo.
Escreveu textos diversos para jornais e revistas, como a Vértice ou a 365, e foi, de 2000 a 2004, correspondente do jornal Blitz. Teve uma coluna de opinião no semanário O Independente (1999) e manteve uma crónica semanal na rádio Antena 3 (2001-2004), uma crónica quinzenal na revista Vidas do diário Correio da Manhã (2008-2010) e uma crónica quinzenal no semanário Sol (2014-2016). Por convite da rádio Antena 3 foi autor e locutor de uma série de 14 programas de 2 horas sobre música e poesia, emitidos semanalmente entre Setembro e Dezembro de 2016 sob o título Cantigas de Amigo. Tem desde Janeiro de 2011 uma rubrica mensal na revista Domingo do diário Correio da Manhã.
Editou os livros Rock & Roll, Estilhaços, Estilhaços e Cesariny e Todas as Ruas do Mundo.[4] Escreveu o prefácio para uma edição de Os Cantos de Maldoror, do Conde de Lautréamont. Foi autor de uma súmula sobre a história do Parque Nacional da Peneda-Gerês e de um ensaio ecocrítico sobre os romances de Valter Hugo Mãe. Criou com o fotógrafo e artista plástico Fernando Lemos o livro-objecto Desenho Diacrónico, editado no Brasil por ocasião da inauguração da sua exposição retrospectiva Lá e Cá, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Traduziu Heiner Müller (1997) e Vladimir Maiakovski (2006). Coligiu e seleccionou os artigos de imprensa e fez o prefácio para o livro Revista de Imprensa - Os Mão Morta na Narrativa Mediática (1985-2015) (2016) que faz a biografia dos Mão Morta a partir de notícias, criticas de discos e de concertos, reportagens e entrevistas saídas na imprensa portuguesa durante 30 anos.
Foi considerado em 2003, pelo semanário Expresso, uma das 50 personalidades vivas mais importantes da cultura portuguesa.[4] Em 2011, nas Comemorações do Centenário da Universidade de Lisboa, foi um dos 100 ex-alunos convidados para proferir uma palestra no ciclo 100 Lições, a que deu o título Profissão: Diletante. Da Música à Conservação da Natureza.
De 2000 a 2009, e de novo entre 2015 e 2016, integrou o grupo luso-francês Mécanosphère, como vocalista. Participou ainda como vocalista ou letrista em diversos discos e espectáculos de mais de uma dezena de grupos e artistas portugueses e estrangeiros, como Pop Dell'Arte, Clã, Moonspell, WrayGunn, Houdini Blues, Jorge Palma, Pat Kay & The Gajos, Steve Mackay, Mark Stewart ou Hilmar Orn Hilmarsson.
Vida pessoal
Entre 1979 e 1982, Luxúria Canibal foi casado com Eva Machado, bisneta do antigo Presidente da República Bernardino Machado, com quem teve uma filha, Isabel Sofia, nascida em Braga em Fevereiro de 1980: Isabel Sofia vive em Cork, na Irlanda, desde 2007, onde em Dezembro de 2011 terminou o doutoramento em engenharia alimentar na University College Cork. De 2012 a 2014 Isabel Sofia habitou em Chicago, nos Estados Unidos, onde em Maio de 2014 nasceu Leonardo, o primeiro neto de Adolfo Luxúria Canibal. O segundo neto, Gabriel, nasceu em Cork em Abril de 2016.
Entre 1993 e 2004 viveu com a cineasta francesa Mariana Otero, com quem teve o segundo filho, Mateus, nascido em Lisboa em Julho de 1997 e desde 1999 a viver em Paris, com a mãe. Actualmente vive com Marta Abreu, antiga baixista dos grupos Voodoo Dolls e Mão Morta e gestora hoteleira, que entre 2007 e 2015 foi proprietária do restaurante japonês Hocho em Braga.
Após terminar o curso de Direito, exerceu advocacia e consultoria jurídica. Na qualidade de especialista em Direito do Ambiente foi orador convidado em diversos congressos e seminários, portugueses e estrangeiros, e professor em cursos de formação, de pós-graduação e de mestrado. Integrou de 1993 a 1999 um Grupo de Peritos Jurídicos da Convenção de Berna, junto ao Conselho da Europa, em Estrasburgo.[3] No final de 1999 foi habitar para Paris, cidade onde praticou diversos misteres, como tradutor, actor de figuração, gerente comercial, jornalista, cronista, voz para telemóveis, estudos de mercado, crítico musical ou gestor liquidatário de sociedades cinematográficas. No final de 2004 regressou a Braga, cidade onde reside e onde se dedica à consultoria jurídica.[5]
Carreira política
Em 2021, foi eleito vereador autárquico do PS à Câmara de Braga através do candidato socialista Hugo Pires[6].
Discografia
- Estilhaços. Transporte de Animais Vivos. Vila Nova de Famalicão: 2006. CD.
- Desenho Diacrónico. Perve. Lisboa: 2011. Catálogo + CD.
- Estilhaços e Cesariny. Assírio & Alvim. Lisboa: 2011. Livro + CD.
- The Wall of Pleasure. Rooster. Nova Iorque: 2013. LP + 3 desenhos de Tiago Estrada.
- Estilhaços Cinemáticos. Cobra. Braga: 2014. CD.
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