The Marías – CINEMA (2021)

 

The Marías são um mundo de influências. Misturam pop, jazz, latinidades, eletrónica e até salpicadelas de reggaeton. O pior, ou neste caso o melhor, é que resulta num disco bastante equilibrado.

Este é o primeiro disco dos The Marías, duo composto por Maria Zardoya e Josh Conway, e havia uma certa expetativa em torno deste CINEMA (escrito assim, tudo em maiúsculas), pelo que deixavam antever com os sons psicadélicos-pop-eletrónicos dos anteriores trabalhos. Metidos então nesta caixa da indie pop, a banda oferece uma mistura e diversidade de estilos que se combinam numa atmosfera interessante de um pop à meia luz.

Se gostam da onda de Chvrches, Fka Twigs, e outros por aí, este álbum merece definitivamente uma audição. Como influências o duo cita Nina Simone, Erykah Badu, Tame Impala ou Radiohead, estes últimos bastante notórios em “The Mice Inside This Room”.

No geral CINEMA deixa que sejamos levados, por exemplo, em “Fog as a Bullet” por um lado mais suave e sonhador, em “Hush” por uma onda mais dominada por sintetizadores e coros de bom pop sobre não ligar a opiniões ou até Porto Rico em “Un Millón”.

Depois dos EP’s Superclean Vol. I e Vol. II, com este primeiro disco, mostram que é possível inovar e abordar a música com vários estilos e uma perspetiva fresca.

Com cinco das canções cantadas em castelhano e totalmente gravado em casa apenas pelo duo, o disco mexe-se por diferentes emoções e faz com que nos deixemos levar pelos ambientes e emoções construídas. Nota-se o seu à vontade em criar atmosferas sem pudores de misturar vários estilos.

É um bom disco para ouvir de noite, ainda que peque por ter algumas canções menos interessantes entre as 13 que compõem o álbum, como “Spin Me Around”. Ainda assim é um disco equilibrado e interessante, bastante maduro para um primeiro lançamento. Fica agora a questão de se vão cair mais para o pop ou para o indie em trabalhos futuros.