Afinal, nesse ponto já não se espera muita coisa nova de Bob Dylan, e qualquer sinal de vida criativa do maior “Singer-songwriter” que esse mundo já viu causa um enorme burburinho. Nesse caso não é pra menos, já que fomos pegos de surpresa por um épico de quase 17 minutos de duração, que, na bomba atômica de informação que é a internet, já foi devidamente dissecado e “decifrado” por seus entusiastas.
A canção parte da narração de um fato histórico icônico: o assassinato de John F. Kennedy, pelo qual Dylan, mesmo negando, sempre demonstrou certa obsessão. Mas, genialmente, sua voz, como se recitasse um poema, sob uma névoa instrumental sutil, nos leva a uma viagem cultural pelos EUA a partir dos anos 60 (muito bem descrita por meu amigo Túlio como o Forrest Gump em forma de canção). A ascenção dos Beatles, o festival de Woodstock, a lendária ópera-rock do The Who “Tommy”, a guerra do Vietnã, poderia ficar horas especificando cada referência a artistas, músicas, fatos, filmes, mas recomendo que façam por vocês mesmos, e degustem dessa letra que é praticamente um documento histórico.
O mais importante, para mim, é o momento em que a música foi lançada. Enquanto estamos em nossas casas (!) esperando por dias melhores, Dylan nos entrega uma obra que ressalta a arte como um raio de sol em meio à tempestade. Nesses tempos de caos global, podemos sempre contar com as eternas canções de Zimmerman, e “Murder Most Foul” veio em bom momento.
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