O The Enid foi formado em 1973 por Robert John Godfrey, após este sair do Barclay James Harvest por motivos um tanto nebulosos. Robert é o cabeça do grupo e apesar de funcionar como uma banda, está mais para um projeto solo dele. Sundialer [1995] é em sua maioria instrumental, com algumas pouquíssimas passagens vocais. A ideia nos anos 70 era fazer rock com muita sinfonia, que foi mudando aos poucos com o passar dos anos. Nos anos 90, época desse álbum, Robert inclui até mesmo uma certa batida "dance" de forma a deixar a sonoridade do The Enid um pouco mais palatável ao público. Robert deixou a banda em 2014 devido a um diagnóstico de Alzheimer e esta continuou fazendo shows mesmo sem seu principal líder. Porém, ele voltou no início deste ano depois de mais uma ressonância magnética em que desta vez, nada acusou em relação a doença. Logo, o The Enid continuará com o velho britânico novamente comandando as rédeas da banda. Veja como nossos consultores avaliaram o disco!
01 Sundialer
André: Início fortemente orquestrado, amo esse tipo de introdução.
Mairon: Conheço esse disco há um bom tempo. Barclay James é daquelas bandas que estão no segundo, talvez terceiro escalão das minhas audições. Aprecio bastante os discos do grupo, e alguns de seus galhos musicais também são igualmente admiráveis, como é o caso do The Enid. Em especial, esse álbum traz como diferencial uma sonoridade mais "dance", o que pode assustar aos fãs da banda, mas tem lá seu charme
Alisson: Essa intro me lembrou os trabalhos do Prince pra trilha sonora. Aliás, não tem a ficha técnica do disco no RYM, quem toca os synths?
André: Quem toca é o próprio Robert, Alisson.
Mairon: O que eu curto mesmo são esses trechos viajantes, meio Vangelis. Adoro!!
Alisson: Você pesou a descrição com sendo Prog Sinfônico mas -- tudo bem que não tem tanto tempo de play -- mas esse tá sendo longe de ser o definidor do disco. Dance eletrônico, as guitarras indo e vindo, paisagens futuristas e tal, tá ruim não. Beberam da fonte certa (RIP Prince).
André: A orquestra aparece bastante, Alisson, daqui a pouco vai ver muito mais dela.
02 Chaldean Crossing (remix)
Mairon: Aqui o disco realmente"COMEÇA". Até então, era só uma pequena amostragem. Agora a doideira irá exalar das caixas de som.
Alisson: Eu ia falar da produção antes mas acabei empolgando por lembrar do rei do pop lá atrás.
Mairon: Esse disco >>>>>>>>>>>>>>> abismo >>>> Prince
Alisson: Enfim, parece que não tem abertura pros instrumentos "ressoarem", saca? O grave é bem definido, quase saturando. Mas tipo, é tudo muito comprimido. Noob demais.
Mairon: As orquestrações surgindo timidamente, junto a um andamento suave, sintetizadores viajantes. Sinto-me no show do Kitaro, mas com dignidade ao menos.
André: Não me incomoda esse grave, por enquanto as melodias mesmo estão ao fundo surgindo aos poucos. Agora o baterista começa a aparecer um pouco mais com as batidas nos bumbos.
Alisson: Instrumentação indo e vindo, apesar de "sutil" fica até previsível de saber quando e como vem os ápices.
Mairon: Para quem conhece a carreira do The Enid, vale ressaltar que nem todos os discos tem essa vibe. Acho que aqui eles aproveitaram a onda New Age e fizeram algo nessa linha. Buddha's Bar é outra referência que me vem à cabeça ouvindo "Chaldean Crossing (remix)". Aliás, nunca descobri se existe uma "Chaldean Crossing".
André: Acho esse instrumental viajante excelente. Há espaço para os outros integrantes aparecerem mesmo que por alguns poucos segundos.
Alisson: Vocês focaram bastante no sinfônico da coisa mas eu só aproveitei mesmo durante os espaços de repetição. Quando o sinfônico surge, fica meio caricato e plástico.
Robert John Godfrey (tecladista e líder do The Enid) |
03 Dark Hydraulic (remix)
Mairon: Mas não considero sinfônico. Não esse disco.
André: Essa é a minha música favorita da banda.
Mairon: A melhor faixa de Sundialer surge.
André: O baixo que virá é maravilhoso. O The Enid em sua maioria faz composições de início calmo que vai crescendo aos poucos em nossos ouvidos.
Alisson: Tem algo parecido em alguma OST de algum jogo antigo...
Mairon: Essa retorna ao clima Vangelis, com um adendo das trompas e metais, mas principalmente, um baixo fudidamente chocante. Sonzeira.
Alisson: Não comprei esse timbre de teclado não.
Mairon: Imagina a galera que em 1995 ouvia É O Tchan e Mamonas, chegando numa loja de discos de um roots prog que estivesse ouvindo esse "lançamento", o pânico da criatura, ahuahuaha.
Alisson: O que uma coisa tem a ver com a outra, bicho? o.O
Mairon: As passagens de guitarra, o ritmo da bateria, orquestração, teclados, tudo encaixando perfeitamente.
André: Bastante reverb nessa guitarra. Aliás, eu adoro o efeito reverb.
Alisson: Esses "sopros" também, viu... tá difícil.
André: Orra, acho que dá de chamar essa faixa de sinfônica não é mesmo?
Alisson: Continuo achando o lance bem mais pra um Prog Eletrônico mesmo, bicho.
Mairon: Acho que não André. É experimental. Concordo com o Alisson.
Alisson: Aliás, alguém botou tag no RYM como Alternative Rock...
Mairon: O que não impede de ser uma boa audição. Virada sensacional!!! Sonzeira do cão.
André: Ah, vocês estão considerando pelos rótulos, eu considero pelo uso das orquestrações em grande parte das canções.
Alisson: Se pegar e ver que os synths e teclados são centrais e dão até a estética retrô do disco, puxa bem mais pro Eletronico/prog.
André: Sim, o disco está mesmo muito mais para prog eletrônico, mas independente disso, acho melhor não ficarmos restritos a classificações. Vão nos considerar uns malas nos comentários hahahahahahahaha.
Alisson: E tá errado?
Mairon: Alisson, tira os teclados e vai dizer que essa guitarra não lembra o Belew em seus melhores dias???
Alisson: Quem é Belew?
Mairon: Adrian Belew.
Alisson: Ah.... nope. Agora que associei o nome.
Mairon: Lembra né?
Alisson: Eu lembro mais dele no Discipline e tipo: "TALKING HEADS". Mas sério, nem é forçando a barra nem nada, mas o estilo de guitarra lá na primeira faixa eu fiquei "caramba, o cara toca bem parecido com o Prince".
Mairon: Pior que não achei. Final de faixa para cair o cu da bunda.
André: Conheço pouquíssimo do Prince, logo, não vou opinar para não falar bobagem.
04 Ultraviolet Cat
Alisson: Kraftwerk na área.
André: Uma canção de início mais espacial, misturada a algo levemente industrial.
Alisson: Poxa, tava tão bom quando era só uma vibe Trans Europe Express... agora entrou esse clima meio lounge.
Mairon: Voltamos a um som mais pop. Lounge é uma bela definição. Parabéns Alisson.
Alisson: Foi pejorativamente.
Mairon: Eu curto esse tipo de som, ainda mais em um dia chuvoso como hoje aqui em São Borja. Dá um clima legal.
Alisson: Lounge só funciona ironicamente pra vaporwave.
Mairon: Acho que to chapado de mais.
Alisson: Peste dum zé droguinha...
André: Dorgas.
Mairon: Ando assistindo muito programa partidário
André: Que riff de guitarra! Simples mas eficiente!
Mairon: Cara, som muito bom. Vocais bem encaixados, guitarra com timbres legais. Gosto bastante.
Alisson: Nem to considerando as passagens com voz porque eles surgem esporadicamente e meio que não me acrescentaram nada. E essa vibe de música africana?
Mairon: Mas se encaixam legal.
Alisson: Destaque da faixa: didjeridu ao fundo, pena que dura pouco.
André: Para ir de Kraftwerk até a África, é uma viagem meuito louca, não Alisson?
Alisson: Fala isso pro cara que compôs a música kkkk.
Mairon: kkkkkkkkk.
André: Mais louco sou eu que vou ficar tendo que fazer essa postagem daqui a pouco para entrar amanhã.
05 Salome 95
Mairon: Essa é uma nova versão para a faixa de 86, do álbum homônimo. Foi mantida a linha de piano e algumas passagens aqui e acolá. É a mais fraca do álbum, em minha humilde opinião.
Alisson: Se é a mais fraca, nossa senhora...
André: A primeira versão é melhor, mas eu gosto desta também. O que eu gosto dela são as constantes trocas de notas do baixo.
Mairon: Eu acho que exageraram aqui. Não me soa no mesmo nível que as demais do álbum. Mas longe de ser ruim.
André: Por outro lado, os vocais líricos femininos não ficaram bons nessa canção, apesar de que imagino que o Robert quis trazer a "Salomé" para o disco.
Alisson: Harmonizar os vocais na faixa não ajudou em nada, pra ser sincero. O ritmo hipnótico de fundo funciona, mas quando entra o protagonismo dos teclados, não fica legal.
Mairon: Concordo fortemente.
Alisson: Tem horas que soa brega e piegas. Estendo isso para todas as faixas.
Mairon: Daí eu discordo.
André: Aí eu já penso diferente porque tirar o teclado da sonoridade descaracterizaria toda a banda.
Considerações Finais
Mairon: Bom, jamais esperaria que o André indicasse esse disco. Aprecio a Barclay James Harvest, e os discos do The Enid são misturas de engodos, enganações, obras primas e bras muito boa de serem audíveis. Sundialer se encaixa nessa última. Não ouço com tanta frequência, mas sempre que o ouço, curto a sensação. Passa rápido nas caixas de som.
Alisson: Prog eletrônico/sinfônico bem do operante. Apesar de ter sido lançado nos anos 90, faria bem mais sentido ter sido lançado nos anos 70. A influência de Vangelis é óbvia, mas não sei se por falta de criatividade ou coisa do tipo, mas as composições não encaixam. Seja por evolução batida e previsível, ou seja até pela produção saturada. Se você curte muito o estilo e quer continuar garimpando os "perdidos", vai fundo.
Mairon: Da banda, recomendo também In The Region Of The Summer Stars (1976), Aerie Faerie Nonsense (1977) e Six Pieces (1979).
André: Eu sempre gostei muito do The Enid e mesmo eu estando já há 4 anos escrevendo para a Consultoria do Rock, eu vi que andei adiando demais em trazer uma matéria que enfatizasse a banda. Recomendei este Sundialer porque vejo a banda soando muito diferenciada em misturar as batidas eletrônicas, quase dance, junto a orquestrações e elementos do rock e do prog. O disco me agrada muito e sinto que o The Enid precisa ser mais conhecido.
Mairon: Entra amanhã, André?
André: Sim, vou editar daqui a pouco, Mairon.
Mairon: Senhores, necessito deslocar-me do meu recinto, mas foi uma alegria inquestionável a audição desse álbum com vossas presenças. Grato de .
Alisson: Valeu galera, abraços ae.
André: Até mais, e obrigado pelos comentários.
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