quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Review: Jon Bon Jovi – Blaze of Glory (1990)

 


O Bon Jovi vinha da explosão planetária e da conquista do mundo proporcionada pelos álbuns Slippery When Wet (1986) e New Jersey (1988) quando Jon Bon Jovi e os demais músicos sentiram necessidade de dar uma parada para respirar e absorver melhor tudo que estava acontecendo com a banda. O período, que seria de pausa, acabou levando os dois principais compositores do quinteto, Jon e o guitarrista Richie Sambora, a explorarem novos caminhos e darem início às suas carreiras solo.

Enquanto Sambora colocou Stranger in This Town nas lojas em 1991, o vocalista estreou um ano antes com Blaze of Glory. A ideia para o álbum veio do convite do ator Emilio Estevez, que conversou com Jon para conseguir a permissão para incluir “Wanted Dead or Alive” na trilha do seu então novo filme, Young Guns II (no Brasil, Jovens Demais Para Morrer). Bon Jovi entendeu que a letra não conversava com a história contada no filme e decidiu compor uma música que tivesse mais a ver com período e o cenário da obra. Rapidamente, escreveu “Blaze of Glory” acompanhado apenas do violão e tocou a canção para Estevez e para o roteirista John Fusco. A recepção foi excelente e nova composição se tornou a música tema do longa. Isso motivou Jon, que mergulhou de cabeça no projeto e concebeu as outras nove canções que fizeram parte da trilha de Jovens Demais Para Morrer.

Musicalmente, Blaze of Glory traz Jon Bon Jovi equilibrando novos caminhos com sonoridades familiares aos fãs. A música que abre o álbum, “Billy Get Your Guns”, poderia estar tranquilamente nos dois discos anteriores do Bon Jovi. Mas o que dá um tempero todo especial para Blaze of Glory é a inserção de elementos country e de western para as baladas do vocalista. Isso acontece não apenas na música título, que se tornou um dos seus maiores sucessos e foi tocada inúmeras vezes pelo Bon Jovi em seus shows, mas também em pérolas como “Miracle” e “Santa Fe”. A primeira é uma típica balada hard rock e que se tornou hit no mundo todo, enquanto a segunda traz uma das melhores interpretações vocais de Jon em toda a sua carreira e é uma das pérolas de seu repertório.

É preciso mencionar o time de músicos que tocou em Blaze of Glory, que inclui Jeff Beck (responsável pelos solos antológicos de “Miracle” e “Blaze of Glory”), Robbin Crosby (guitarrista do Ratt), Kenny Aronoff (baterista com longa ficha corrida e um dos mais requisitados músicos de estúdio dos EUA), Elton John (que toca piano em todas as canções), Aldo Nova (guitarrista que tocaria no próximo álbum solo de Jon, Destination Anywhere, lançado em 1997), o lendário Little Richard (que canta e toca piano em “You Really Got Me Now”), e muitos outros.

O sucesso foi enorme e mostrou que Jon Bon Jovi era uma marca forte mesmo descolado de sua banda. O disco chegou ao terceiro lugar do Billboard 200, ao segundo posto na Inglaterra, vendeu mais de 2 milhões de cópias nos Estados Unidos, venceu o Globo de Ouro de Melhor Trilha e foi indicado ao tanto ao Oscar quanto ao Grammy. Além disso, marcou a estreia cinematográfica do vocalista, que a partir de então faria diversos filmes e séries e teria até mesmo um papel recorrente no seriado Ally McBeal (2002). 

Jovens Demais Para Morrer teve a sua trilha perfeita. E Bon Jovi comprovou na prática que, não importasse a idade de sua música, ela jamais seria esquecida.


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