quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Review: Modern Talking – 25 Years Of Disco-Pop (2009)


O Modern Talking nasceu em 1983 com a união do vocalista Thomas Anders e do produtor, compositor e guitarrista Dieter Bohlen. Quase que imediatamente, a banda se tornou um sucesso em seu país natal, a Alemanha, e em toda a Europa. A dupla é apontada como uma das precursoras do euro-disco, variação da disco music que foi muito popular na década de 1980, inclusive aqui no Brasil, onde as músicas da banda eram presença certa nas festas da época.

Desde o primeiro single, “You´re My Heart, You’re My Soul”, o Modern Talking sacudiu não só as pistas de dança, mas também o mercado. O compacto com a música chegou ao top 10 em 35 países e vendeu mais de 8 milhões de cópias em todo o mundo. Esse sucesso estabeleceu a fórmula vencedora da dupla Thomas e Dieter: melodias grudentas amparadas por batidas dançantes, que cresciam nos refrãos cantados em coro e repetidos em falsete. Essa receita está em todos os maiores clássicos do Modern Talking: a já citada “You’re My Heart, You’re My Soul”, “Cheri Cheri Lady”, “Brother Louie” e “Geronimo’s Cadillac”. As quatro foram lançadas em sequência, encabeçando o quarteto de álbuns que a banda gravou entre 1985 e 1986.

25 Years of Disco-Pop é uma compilação dupla que foi lançada em comemoração aos vinte e cinco anos do single de estreia do Modern Talking. O CD duplo traz 32 faixas que reúnem o melhor da produção de Anders e Bohlen, além de takes alternativos, remixes e músicas raras. A Sony Music lançou a coletânea no Brasil no mesmo ano do lançamento internacional, sabendo da popularidade do duo por aqui. A edição brasileira vem em um digipack de três faces e conta com um encarte de oito páginas totalmente em português, que conta a história da banda.

Ouvindo a compilação, fica evidente o motivo pelo qual o Modern Talking foi um fenômeno, e também porque esse fenômeno perdeu força rapidamente. Dieter Bohlen nunca conseguiu se distanciar da fórmula que tornou a música do grupo famosa, e os singles que não alcançaram sucesso planetário deixam isso bem claro, transmitindo a sensação de estarmos ouvindo variações sobre um mesmo tema. Ainda que canções como “Just Me Two (Mona Lisa)” e “Atlantis is Calling (S.O.S. For Love)” tentem sair da fórmula padrão, são apenas ingredientes sutis dentro de uma receita de sucesso que vendeu milhões de discos.

Musicalmente, o som do Modern Talking é baseado em bateria eletrônica e com uma profusão de teclados, que além das melodias criam também camas onde o vocal agradável de Thomas Anders deita e rola. A música do duo soa totalmente deslocada para ouvidos mais jovens, mas carrega um aspecto emocional e geracional muito forte, pois marcou quem a conheceu em uma época onde a vida era menos complicada. E, nesse ponto, entra o fator que torna a música a mais subjetiva das artes: o significado que as canções da dupla alemã possuem para ouvidos hoje na casa dos 40 e 50 anos, que variam entre recordações saudáveis e o entendimento que só a maturidade é capaz de trazer. Pois, mesmo não curtindo tanto na época – como é o meu caso -, revisitar esse passado traz uma sensação prazerosa que vale a pena sentir em tempos como o que vivemos, onde a música, a cultura e própria vida passam na velocidade da luz e as pessoas se tornam cada vez mais incapazes de perceber os pequenos detalhes que tornam a música, e a própria vida, uma experiência única e que sempre vale a pena.

25 Years of Disco-Pop está fora de catálogo há um bom tempo aqui no Brasil. O que é uma pena, pois o Modern Talking marcou uma época mais inocente da música eletrônica e dançante com seus hits, além de fazer história como o artista pop alemão de maior sucesso de todos os tempos, com mais de 120 milhões de discos vendidos.

Tudo isso não é pouca coisa, convenhamos 


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