quinta-feira, 23 de março de 2023

POEMAS CANTADOS DE CAETANO VELOSO


Água

Caetano Veloso

Eu vou ficar aqui torcendo
Para tudo melhorar
Juro que vou
E sei
Vai passar o seu rancor
O sangue não se torna água

Eu vou ficar aqui torcendo
Pra você se recuperar
Eu vou ficar, sim
Cantando pra você ninar
Eu quero que tudo melhore

Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa

Calma, tenha calma
Ninguém pode viver assim
Calma, tenha calma
Que o mundo não tem fim

Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa

Eu vou ficar aqui torcendo
Para tudo melhorar
Juro que vou
E sei
Vai passar o seu rancor
O sangue não se torna água

Eu vou ficar aqui torcendo
Pra você se recuperar
Eu vou ficar, sim
Cantando pra você ninar
Eu quero que tudo melhore

Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa

Calma, tenha calma
Ninguém pode viver assim
Calma, tenha calma
Que o mundo não tem fim

Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa
Pa, pa, pa, pa


Águas de Março

Caetano Veloso

É pau é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o Sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo na ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumieira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é um tremendo desconto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama

É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração


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