“Maria” é sabor a ferro adocicado que escorre pela boca e coagula na barba, onde a saída de um quente baile na noite fria de terra alta se torna num episódio de intolerante violência, onde a luz quase se apaga e essa penumbra é inflamada pelas luzes de sirenes e rasgada por gritos e raiva pela indiferença de quem passa e as gargalhadas e os aplausos por quem assistiu, do desembaraço fugaz e heróico a um cobarde coletivo de merda, de um punho de ferro com ferrugem e uma dura pedrada na cara à traição.
Estes locais são uns porcos, estes locais são um monte de merda, filhos de gente insegura e que ardam 25 vezes na alvorada.
4 anos de revolução nos cornos, 1 ano de Lusoqualquercoisa, um oceano de saudade e uma eternidade de rancor com a fuga das balas de kalashnikov e G3 que fizeram tombar irmãos, irmãs, amigos, colegas e vizinhos e a família com náuseas do balanço das ondas que explodem no casco do Lenita numa desesperada rota para sul do Atlântico para desaguar em outros matos e voar para mais mato de cimento.
“Maria” é uma adaptação de um excerto do clássico “Maria Oh Maria” dos Mão Morta com um tempero embebido em grogue aqui e ali. Este é um tema retirado do mais recente álbum de “Nez Txada skúru dentu skina na braku fundu” e video realizado e produzido por João Garrinhas / Outros Ângulos.
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