sexta-feira, 14 de abril de 2023

Review: Nazareth – Hair of the Dog (1975)

 


Fundado em 1968 na Escócia, o Nazareth possui uma legião de fãs no Brasil – o que inclusive rendeu uma turnê pelo interior do país nos anos 2000 – e uma longa discografia. Ainda assim, raramente a banda é citada quando se fala do hard rock dos anos 1970. No entanto, ao menos um dos álbuns do quarteto merece ser colocado entre os grandes discos da história do rock pesado.

Lançado em 30 de abril de 1975, Hair of the Dog é o sexto álbum de Dan McCafferty (vocal), Manny Charlton (guitarra e sinterizador), Pete Agnew (baixo) e Darrell Sweet (bateria). Produzido pelo próprio Charlton, é um disco decisivo na carreira da banda, já que transformou o Nazareth de um sucesso local em um fenômeno de alcance mundial. Até então, a banda tinha no currículo bons trabalhos como Razamanaz (1973) e Loud ‘n’ Proud (1973), além de alguns singles de destaque como “Bad Bad Boy” e “This Flight Tonight”, cover de Joni Mitchell. Porém, ainda faltava "O" álbum na trajetória dos escoceses, e ele veio com Hair of the Dog.

A canção que dá nome ao disco abre a audição e é um dos grandes clássicos da banda e do hard rock. A introdução de bateria é seguida por um riff emblemático, e o solo central traz Manny Charlton fazendo uso do talk box. A voz de McCafferty, bastante semelhante à de Brian Johnson do AC/DC, é uma das marcas registradas da banda, sempre com muita energia e interpretações sanguíneas. “Miss Misery” traz um dos riffs mais pesados daquela primeira metade da década de 1970 e é sensacional, enquanto “Changin’ Times” vem com grandes doses de groove. O destaque é Charlton, voando alto em uma das melhores e menos comentadas músicas da banda.

O clima se mantém nas alturas com “Beggar’s Day”, com ótimo refrão e a dupla Dan e Manny à frente em uma performance arrebatadora para a canção originalmente gravada pelo Crazy Horse, uma das bandas de apoio de Neil Young. Ela se une à “Rose in the Heather”, instrumental do próprio Nazareth e que funciona como um belo epílogo. O blues dá as caras em “Whiskey Drinkin’ Woman”, enquanto a psicodélica “Please Don’t Judas Me” encerra o disco como uma espécie de spiritual transcendental.

Um fato interessante sobre o álbum é que ele deu ao mundo o maior sucesso do Nazareth, a balada “Love Hurts”, porém de maneira indireta. Pra começar, pouca gente sabe que, na verdade, “Love Hurts” é uma versão para uma canção gravada pelo duo The Everly Brothers em julho de 1960. O Nazareth gravou uma versão que foi lançada somente como single em novembro de 1974, com forma de antecipar o álbum que estava vindo, e não deu muita importância para a canção. O jogo mudou quando a A&M Records, gravadora da banda nos Estados Unidos, ouviu todas as faixas vindas das sessões de gravação e decidiu incluir “Love Hurts” no lugar de “Guilty” na edição norte-americana. A faixa foi então lançada como single nos EUA e vendeu como água, transformando-se em uma das baladas mais conhecidas do hard rock e acabou inclusive mudando o direcionamento musical do Nazareth, que desde então sempre passou a incluir uma balada mais acessível e adocicada em seus álbuns, buscando repetir o sucesso de “Love Hurts”.

Hair of the Dog ganhou reedições com o passar dos anos, sempre trazendo faixas extras. A primeira saiu em 1997 pela Castle e trouxe como bônus “Down” (o lado B do single “Love Hurts”), “Railroad Boy” e uma versão editada para “Hair of the Dog”. Em 2001 foi lançada uma edição celebrando os trinta anos do álbum e ela trouxe, além dos bônus acima, a faixa “Holy Roler” em sua gravação original e com uma mixagem alternativa (essa versão saiu no Brasil pela ST2 e é a que tenho em minha coleção). E em 2010 Hair of the Dog foi remasterizado e relançado em CD duplo com oito músicas extras, incluindo covers de Frank Zappa e do Little Feat.

Vale mencionar também que a música “Hair of the Dog” recebeu versões de diversos artistas ao longo das décadas, com destaque para a releitura feita pelo Guns N’ Roses no disco de covers The Spaghetti Incident? (1993), além de versões gravadas por Paul Di’Anno, Warrant, Britny Fox e Michael Schenker Group.

Álbum essencial do Nazareth, Hair of the Dog é discoteca básica e o registro definitivo de uma das grandes bandas da história do hard rock.

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