Salvo engano (mas acho que estou certo), Revolution Come … Revolution Go é o primeiro álbum do Gov’t Mule a ganhar uma edição nacional. E isso é, ao mesmo tempo, motivo de alegria e de tristeza. Alegria porque finalmente temos, a um preço acessível, um disco de uma das melhores bandas surgidas nas últimas décadas. E motivo de tristeza porque, mesmo tendo sido formada em 1994, contar com mais de uma dezena de álbuns e ter superado a marca de duas décadas na estrada, por qual motivo isso ainda não havia acontecido? Nem a desculpa de que o ouvinte brasileiro de rock possui um ouvido conservador e avesso à novidades é aplicável neste caso, já que a banda liderada por Warren Haynes faz um classic rock estupendo e que cai no gosto de qualquer rocker de bom gosto. Isso é muito mais um sinal do quão atrasada está a indústria musical brasileira e o quão defasados e distantes da realidade estão os caras que tomam decisões nas salas refrigeradas das gravadoras nacionais, do que qualquer outra coisa.
A responsável por esse presente para os brasileiros que curtem os bons sons é, mais uma vez, a Hellion Records, que está lançando o álbum por aqui após a representante nacional da gravadora do Gov't Mule não demonstar interesse em disponibilizar o disco no Brasil e, mesmo assim, complicar o licenciamento para outro selo. Coisas de um país onde a cultura não é prioridade, infelizmente.
Revolution Come … Revolution Go é o décimo-primeiro álbum do Gov’t Mule, foi lançado nos Estados Unidos em junho de 2017 e sua produção ficou a cargo de Warren Haynes, Gordie Johnson e Don Was. O quarteto formato por Haynes (vocal e guitarra), Danny Louis (teclado e guitarra), Jorgen Carlsson (baixo) e Matt Abts (bateria) conta com a participação de nomes como Jimmie Vaughan, Gordie Johnson e mais uma turma para transformar o disco, como de costume, em mais um trabalho consistente e de ótimo gosto.
Pra quem nunca ouviu o Gov’t Mule, a banda tem em Warren Haynes a sua figura principal. Vocalista, guitarrista e compositor, Haynes é o centro, o coração e a alma dessa banda que transita com absoluta tranquilidade por gêneros como southern rock, blues rock, hard e inesquecíveis jams. O resultado é um som cativante, que possui uma profundidade e uma riqueza musicais vindas direto das fontes que inspiram suas canções (blues, jazz, soul e toda a rica tradição sonora dos Estados Unidos). Haynes, pra quem não sabe, integrou a lendária Allman Brothers Band por um longo período - mais precisamente entre 1989 e 2014 -, e levou o Gov’t Mule em paralelo enquanto foi fundamental para manter fortemente aceso o legado da banda que foi a vida de Gregg Allman.
Musicalmente, Revolution Come … Revolution Go traz o Gov’t Mule seguindo um caminho seguro e sem maiores aventuras por outros gêneros musicais, como o que ocorreu em Mighty High (2007) e By a Thread (2009), por exemplo. O que se ouve é uma banda extremamente madura, que domina completamente a sua sonoridade e entrega composições muito bem feitas e que, invariavelmente, proporcionam uma audição emocionante.
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