quarta-feira, 31 de julho de 2024

Review: Bruce Springsteen - Magic (2007)

 


Existem alguns artistas cuja obra possui uma ligação tão forte e intrínseca com sua terra natal que, fora de seus países, seu trabalho acaba não alcançando o tamanho e o reconhecimento que lhes é conferido em seu chão.

Bruce Springsteen é um desses caras. Mais conhecido no Brasil por ser o autor de "Born in the U.S.A.", mega-hit oitentista que por aqui foi considerado erroneamente uma apologia aos Estados Unidos da era Ronald Reagan (quando na verdade fazia justamente o contrário, criticando em sua letra as políticas adotadas pelo ex-ator, um dos principais responsáveis pela onda de conservadorismo que varreu aquele país nos anos 1980), Springsteen é uma espécie de working class hero para o povo americano.

Dono de uma carreira longa e sólida, que teve início em 1973 com Greetings From Asbury Park, N.J., alcançou seu ápice criativo em trabalhos como Born to Run (1975), Darkness on the Edge of Town (1978) e Nebraska (1982), e que tomou e assalto o mundo com o desconcertante desfile de hits de Born in the U.S.A. (1984).

Mas Bruce andava dando voltas ao redor do próprio rabo entre o final dos anos 1990 e a primeira metade da década de 2000, com bons discos mas que, inegavelmente, estavam abaixo de seus melhores momentos. Ainda que os álbuns que lançou nesse período indicassem um gradativo retorno a tempos mais criativos, foi com um disco de releituras que Springsteen conseguiu entregar aos seus fãs um trabalho digno de sua história após anos onde a temperatura, ainda que com picos ocasionais, permaneceu predominantemente morna. We Shall Overcome: The Seeger Sessions, lançado em 2006 e focado na obra do compositor Pete Seeger, fez com que Bruce olhasse para as suas origens, fator fundamental para o nascimento de Magic, seu décimo-quinto disco de estúdio e o início efetivo da ótima fase que se mantém até hoje.

A magia retomada por Springsteen apresenta uma qualidade desconcertante. Coeso, consistente e inspirado, o álbum olha para o passado do compositor, pescando suas melhores características, mesclando-as com a experiência acumulada pelos anos, injetando novos ares na história de um artista que há décadas não precisa provar nada para ninguém.

Suas doze faixas (sim, doze, porque há uma última, "Terry's Song", escondida) proporcionam um imenso prazer a quem se aventurar pelo CD. Há desde rocks de arena oitentistas até hinos estradeiros, passando por lindas baladas e momentos mais intimistas. Bruce fala sobre relacionamentos nas letras de todo o disco, sejam elas com a pessoa que você ama, com os seus amigos, com os indivíduos que você vai encontrando pelo caminho e que, mesmo inconscientemente, mudam a sua vida. São pequenos contos que aproximam o trabalho do artista de pessoas como nós, que estamos do outro lado, ouvindo o álbum, fazendo com que a identificação seja imediata e inevitável. Você já viveu o que Bruce canta, e ele sabe disso.

Músicas como "Radio Nowhere", "You'll Be Coming Down", a deliciosa "Girls in their Summer Clothes", "Magic" e "Long Walk Home" estão entre as melhores de toda a carreira de Springsteen, e são destaques em um disco que apresenta um artista renovado, inspirado e de bem com a vida, no ponto de partida para uma das etapas mais arrebatadoras de sua trajetória e que deu aos fãs álbuns ótimos como Working on a Dream (2009), Wrecking Ball (2012) e High Hopes (2014).

Magic é um excelente trabalho, uma prova de que a experiência fez bem à Bruce Springsteen. Um disco do mais alto nível, à altura de um cara que não carrega a alcunha de The Boss à toa.



Review: Rebel Machine – Wathever It Takes (2019)

 


Estocolmo, 1994. Com o desejo de fazer um som mais acessível porém não menos energético, o quarteto Nicke Andersson (Entombed), Andreas Svensson (Backyard Babies), Kanny Hakansson (Entombed) e Robert Ericksson (Strindbergs) une forças e monta o The Hellacopters, nome tirado da gíria que os mexicanos usavam para identificar os helicópteros da CIA que sobrevoavam os campos de maconha por todo o México.

Porto Alegre, 2016. Influenciados pelo Hellacopters e por bandas como Foo Fighters, Kiss, Danko Jones e AC/DC, os amigos Marcelo Pereira (vocal), Murilo Bitencourt (guitarra), Marcel Bitencourt (baixo) e Chantós Mariani (bateria) formam o Rebel Machine, gravam o álbum Nothing Happens Overnight (2016) e mostram que todo fã de rock deve ficar de olho no grupo.

Corta para 2019. Depois de três anos e diversos shows nas costas, incluindo aberturas recentes para gigantes como Black Label Society e Slash, o Rebel Machine está de volta com Whatever It Takes. O segundo disco do quarteto gaúcho foi disponibilizado nesta sexta-feira (24/05) nos apps de streaming e ganhará uma versão física nas próximas semanas. Lançado pelo selo sueco Big Balls Productions e masterizado por Mats Lindström, o álbum teve a sua bela capa criada pelo ilustrador brasileiro Henry Lichtmann e traz doze faixas. O acerto do Rebel Machine começa por aí: os dois discos da banda são compostos totalmente por músicas autorais. E elas são, meu amigo, muito acima da média.

Equilibrando inspirações em nomes clássicos e contemporâneos, o grupo trouxe uma presença maior de elementos pop para a sua sonoridade em Whatever It Takes, o que fez com que a música da banda, que já era cativante, ficasse com essa característica ainda mais evidente. Com um pensamento bem old school no sentido de que boas canções devem trazer doses extrovertidas de melodia e de que uma banda de rock tem como alicerce os riffs de guitarra, o Rebel Machine empolga mais uma vez com um álbum excelente.

O trabalho de composição mostra-se muito maduro, segue ideais bem definidos e desvia-se dessas crenças de maneira apenas sutil e com o objetivo de tornar a sua música ainda mais forte. Isso fica claro em faixas como as grudentas “Underdogs”, “Dancing Alone” e “What You Feel”, destaques imediatos de um disco pra lá de consistente. No outro lado da moeda, canções como “Square One”, “In My Heart” e “Fall Into Temptation” reafirmam a aura hellacoptersiana presente no DNA do Rebel Machine e aceleram o ritmo do disco.

Em um cenário como o do rock brasileiro, dominado por nomes veteranos e onde bandas cover têm prioridade sobre artistas autorais na hora de conseguir espaço nos palcos, uma banda como o Rebel Machine ganha relevância e importância que vão muito além de seus discos. Criando material próprio e de excelente qualidade, o quarteto gaúcho não apenas possui enorme potencial para conquistar fãs em todo o país e também no exterior (como já está acontecendo, diga-se de passagem), como inspira toda uma nova geração de bandas a acreditar em seus sonhos e não abrir mão dos seus ideais artísticos.

Como diria Nicke Andersson: “I’m in the band, by the grace of God”.



Marianne Faithfull – Negative Capability (2018)


Plastic People – Visions (2018)


George Harrison – Brainwashed (2002)


 

Lançado postumamente, Brainwashed é prova de vida do incrível talento de George Harrison e é, acima de tudo, uma viagem pelo que sempre o definiu – humor, humanismo e, claro, espiritualidade.

Ser George Harrison nunca foi fácil. Tirando o facto óbvio de 90% da população mundial aceitar ficar sem um (ou mais) dedos de uma mão para ter sido parte integrante dos Beatles, o facto é que o George Harrison teve que batalhar muito para ser visto, para muitos, como o seu Beatle favorito (até porque todos temos um, certo?).

Nascido em 1943, o mais novo dos Beatles sempre foi olhado pelos seus companheiros como o “puto” da banda. George ainda era menor de idade aquando da residência dos Beatles nos clubes de reputação duvidosa de Hamburgo, o que chegou a  valer-lhe a deportação por parte das autoridades alemãs. O facto de ser o mais novo de quatro irmãos, ao contrário de Paul e John, que eram irmãos mais velhos, sempre o fez sentir-se em desvantagem em relação aos outros, e isso reflectia-se na (pouca) influência que tinha na banda.

Em oposição a John e Paul, Harrison tinha uma vida familiar mais “normal”, naqueles que eram os padrões de vida da classe operária de Liverpool dos anos 40 e 50. O pai de Lennon abandonara a sua mãe bem cedo e esta acabaria por falecer, vítima de atropelamento quando John ainda estava a entrar na idade adulta. Esta conjunção de episódios traumatizantes acabariam por moldar a personalidade de Lennon para sempre, fazendo que, desde cedo, encontrasse um escape na guitarra e começasse a escrever canções. Embora de forma menos contundente, também Paul foi vítima de infortúnio na sua família devido à morte da sua mãe, Mary, quando tinha apenas 14 anos, o que fez com que tivesse de crescer mais rapidamente do que outros rapazes da sua idade.

Estas foram circunstâncias que fizeram Paul e John conectarem-se a nível emocional e que faziam de George, menino “caçula”, bastante apoiado pela sua mãe e pai, ser visto como apenas um membro de apoio desta nova banda que começava a surgir no final dos anos 50.

A sua maturação e batalha começaram, precisamente, em Hamburgo, no início dos anos 60, onde horas a fio a tocar, num ambiente boémio e alternativo, bem longe do conforto da sua família, fizeram George começar a moldar a sua personalidade. Alguém que tentava não dar muito nas vistas, mas que suportava o peso da luta titânica de egos da dupla Lennon/McCartney.

Entre 1962, altura da edição de “Love Me Do” e 1970, lançamento do último disco, Let It Be, a evolução de George foi notável. De guitarrista principal, mas figura de retaguarda a quem, de vez em quando, lhe era dado o microfone, George tornar-se-ia um compositor exímio e com um estilo de guitarra muito seu.

Quem o ouviria a cantar a primeira canção que escrevera, “Don’t Bother Me”, lançada no segundo LP de originais With The Beatles, nunca poderia imaginar que este rapaz de apenas 20 anos acabaria por se tornar num homem feito e num músico completo poucos anos mais tarde. Em Rubber Soul começamos a ver essa evolução devido, sobretudo, à mudança nos seus gostos pessoais (a influência de Dylan e dos Byrds é por demais notória) e, acima de tudo, pelo interesse na cultura indiana e sua música, a qual o fez começar a ter uma visão diferente do mundo e a ter aversão a toda a loucura causada pela Beatlemania.

O George Harrison que se despede dos Beatles, em 1970, e que caminha, livre, para uma carreira a solo, é, não apenas uma pessoa diferente daquele que conhecemos em 1962, pois o seu humor e personalidade já eram bem visíveis em várias entrevistas que foi dando no pico da fama, mas sim uma pessoa avessa a problemas mundanos e invejas. George tornou-se uma pessoa espiritual, particularidade pouco compatível com o mundo que havia ajudado a criar.

A partir de 1965, George começara a sentir-se capaz de ombrear com Lennon e McCartney, mas estes, vidrados em si próprios ainda não viam George como contendente, e continuavam apenas a dar-lhe “borlas” nos álbuns seguintes. “Taxman”, faixa que abre Revolver, mostra que as suas músicas já estavam preparadas para lutar taco a taco com qualquer composição do duo mais consagrado da história do pop/rock.

Sentindo-se cada vez mais sufocado pelos seus pares, e ainda longe de imaginar que os Beatles estariam prestes a implodir, George lançaria pérolas, disco após disco: “Within You Without You”, “While My Guitar Gently Weeps”, “Here Comes The Sun”, “Something”, entre outras.

Com o fim dos Beatles, George lançou-se rapidamente para a sua merecida carreira a solo. O início foi brilhante. All Things Must Pass, obra-prima do guitarrista, antevia um bom futuro para Harrison. Apesar de ter lançado bons trabalhos durante a década de 70, o processo de plágio a “My Sweet Lord”, a conturbada tour norte-americana e o fim do seu casamento com Patti, que acabaria por se juntar ao seu grande amigo Eric Clapton, fizeram com que o ex-Beatle começasse a ligar cada vez menos à música e mais ao seu lado de jardineiro. O decénio seguinte foi pouco produtivo para George até que Jeff Lynne o “obrigou” a sair do obscurantismo e ajudou a produzir Cloud Nine, trazendo-o de volta à ribalta. Seguiu-se uma tour no Japão e o projecto The Traveling Wilburys acompanhado de glórias do passado como Dylan, Petty ou Roy Orbison. A meio dos anos 90 ajudou a produzir a antologia dos Beatles, completando duas músicas inacabadas de Lennon – “Real Love” e Free As a Bird” – e acabaria por voltar para a sua propriedade neo-gótica Vitoriana Friar Park, perto de Londres.

Nesse tempo de hibernação, Harrison continuou a compor músicas mas sem qualquer preocupação em ir lançando discos. Já não era essa a sua principal motivação neste mundo, pelo que estava em paz consigo mesmo. No entanto, o fim da década de 90 foi penosa para Harrison. Diagnosticado com um cancro na garganta, devido, provavelmente, a anos intensos de fumador, o seu fim esteve ainda mais próximo aquando de um ataque na sua própria casa, na véspera do fim do milénio, onde foi esfaqueado quase até à morte. Este episódio mexeu muito com Harrison e, aparte a vontade de estar presente para o seu filho, mais nada o estava a prender ao mundo “terreno”. Nem de propósito, apenas pouco mais de um ano após estes acontecimentos, George sucumbiria a um outro tumor, desta vez cerebral. Um fim triste para uma pessoa tão importante e inspiradora.

Um ano após a sua morte é lançado Brainwashed, uma colecção de músicas que George tinha vindo a gravar e que planeava, um dia, lançar. Por sua vontade, as músicas seriam editadas na sua forma original, gravações caseiras e sem grandes adornos, quase como demos. Eram esses os planos que Harrison tinha dado ao seu filho, Dhani, para que este pudesse concluir as gravações, pois sabia que o seu fim estava próximo.

Editado e produzido por Jeff Lynne e pelo seu filho Dhani, este conjunto de 12 canções acabaria por não ir completamente ao encontro do combinado com o ex-Beatle. Jeff Lynne, amigo de longa data de George, tendo produzido o seu último registo de originais, Cloud Nine, participado no supergrupo Traveling Wilburys e ajudado na produção de “Free As Bird” e “Real Love”, achou que este último capítulo da vida de George Harrison merecia uma produção superior que lhe fizesse jus. Verdade seja dita, Jeff Lynne é conhecido por adociçar demasiadamente as suas produções. A sua própria banda, os E.L.O. ficaram conhecidos pelo excesso de glicose nas suas músicas. No entanto, tirando o facto de se ter alongado em demasia em algumas faixas – “Marwa Blues” ou “Rising Sun” – o resultado final foi muito bem conseguido.

O disco começa com Harrison a pedir para lhe darem bastante som da guitarra em “Any Road”, uma música simples com adição de um ukelele, instrumento de preferência de George. Uma canção que fala da grande viagem que o fab four fez por esta vida, argumentando que não interessa se não sabemos por que caminho vamos, pois qualquer estrada nos levará lá.

Em seguida, o disco entra na sua viagem espiritual, falando de obrigações religiosas católicas (“P2 Vatican Blues”), da sua própria vivência, mortalidade e aceitação do fim em “Pisces Fish” e “Looking For My Life”, enquanto em “Rising Sun” fala-nos da sua experiência de ter sido atacado e quase morto em sua própria casa (‘…almost a statistic inside a doctor’s case’) numa perspectiva etérea, onde a sua famosa slide guitar faz mais uma aparição.

O álbum tem o seu interlúdio com “Marwa Blues”, instrumental delicioso que peca por se alongar demasiadamente, repetindo-se quase ao ponto de cansar. Após esta pausa, George volta com a música mais tocante e bonita do álbum, “Stuck Inside A Cloud”. Uma faixa delicodoce, imagem de marca das composições de Harrison, falando sobre as suas vivências e dificuldades em ser uma estrela de rock, apenas tentando ser uma pessoa igual às outras.

Mais duas músicas se destacam em Brainwashed. A encantadora “Between the Devil and the Deep Blue Sea” que deixa qualquer ouvinte com um sorrisinho no canto dos lábios ao ouvi-la. A canção, uma cover dos anos 30, com George outra vez no seu ukelele, foi gravada para um especial de Jools Holland, em 1992. A outra grande canção é a própria faixa-título “Brainwashed”, canção mais roqueira e a mais politicamente assertiva do disco, onde Harrison apela a Deus para nos fazer também ele uma lavagem cerebral, pois se todas as outras entidades e empresas nos fazem, mais vale ser alguém com sabedoria e interesse a fazê-lo. Um misto de espiritualidade e intervenção que acaba com um mantra oriental, fazendo justiça à devoção à religião hindu por parte de George Harrison.

Brainwashed é, acima de tudo, uma bonita despedida de George Harrison para todos nós. Um último capítulo da sua fantástica história de vida neste planeta desde a sua timidez inicial, passando pela loucura da Beatlemania, pelo seu início de carreira a solo, as suas alegrias e desalentos até ao seu desaparecimento final. Brainwashed não nos clarifica se os traumas de ter sido um Beatle alguma vez lhe passaram, mas o facto é que não descortinamos qualquer sentimento angustiante ou de arrependimento nas suas músicas, antes aceitação e libertação. O quiet Beatle nunca tentou dar demasiado nas vistas pelo que a sua música sempre falou por si e, como sempre, bem.

Tendo em conta a qualidade geral de álbuns póstumos, Brainwashed é, com certeza, uma bela adição ao catálogo do ex-Beatle e em nada o fará envergonhar, esteja ele em que mundo estiver…



Joana Espadinha – O Material Tem Sempre Razão (2018)


 

Material Tem Sempre Razão, segundo álbum de Joana Espadinha, mostra uma artista apurada nas composições, sem medo de arriscar e abraçar o lado mais dream pop do seu som. É um disco sólido que revela a cantora, sem vergonhas, ao mundo.

Foi com um sorriso nos lábios que escutei pela primeira vez “Leva-me a Dançar”, primeiro single deste novo álbum. Avesso, primeiro trabalho da cantora, não é um estonteante e inovador lançamento mas havia ali alguma coisa na voz de Espadinha que chamava a atenção. Uns anos depois aparece assim o primeiro single de um novo trabalho e ainda por cima em português. Mas desta vez com tudo no sítio certo.

Joana Espadinha tem créditos de sobra no mundo da música, entre composição para outros autores à participação em bandas como os Happy Mess, passando pelo seu percurso inicial no jazz. Nada disso é grande novidade, mas a escrita de canções nota-se mais aprumada, sofisticada e delicada e o toque de Luís Nunes (mais conhecido como Benjamim) na produção é definitivamente um ponto a favor em O Material Tem Sempre Razão.

O toque do produtor está presente ao longo de todo o trabalho, o que pode jogar tanto a seu favor como contra, e neste caso dá saldo positivo. Benjamim é um excelente músico e produtor, e a noção de que o álbum podia estar preso ao som de Luís Nunes perdeu-se com cada nova audição. E este é um daqueles discos que ganha todas as vezes que o voltamos a ouvir. Um som que não tínhamos notado, um verso que tinha escapado num disco em que, além da voz de Joana Espadinha, o que brilha são as letras.
Acima disso tudo, Espadinha parece ter perdido toda a vergonha de fazer canções que ficam no ouvido. Como canta em “Sem Emenda”: “dizem que eu não tenho emenda mas eu vou dar que falar”.

Segundo os envolvidos, O Material Tem Sempre Razão demorou dois anos a ver a luz. Ainda bem que assim foi e este é o resultado. Dream pop ou pop melancólico com uma boa dose de piada, que fica no ouvido e dá vontade de cantar.



Cat Power – Wanderer (2018)

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