terça-feira, 5 de novembro de 2024
Roger Waters – Amused to Death (1992)

Contra tudo e contra todos, Roger Waters entrega ao público em 1992 um disco conceptual quando o formato estava completamente morto e enterrado. Talvez o mais marcante da sua carreira a solo.
Depois da aventura The Pros and Cons of Hitch Hiking e do rotundo falhanço da digressão de Radio K.A.O.S., a qual não conseguiu competir com uma máquina bem oleada chamada Pink Floyd, Waters estava num limbo criativo no início da década de 90.
A sua raiva interior perante o sucesso colossal que os seus antigos colegas de banda estavam a atravessar fez com que se atirasse a composição de um álbum deliberamente rock, mas com um toque bem “floydiano” onde iria abordar os habituais temas que se lhe atravessavam na mente desde Dark Side: a guerra, a alienação do individuo, a religião e a política.
Waters montou um disco conceptual onde a personagem central (o macaco) assiste pela TV ao bombardeamento dos noticiários. O tema-chave é a canção, “What God What Wants” que tal como “Another Brick in the Wall” uns anos antes é dividida em três partes. Com solos de Jeff Beck, (a fazer por momentos o espectro de David Gilmour), Waters apresenta uma canção feroz onde critica de A a Z o sistema capitalista, a sociedade de consumo e a religião. Tema tipicamente saído de Waters a deixar destilar todo o seu veneno tal como fez no passado em “Not Now John” ou “Waiting for the Worms”.
A “guerra” prossegue com “Perfect Sense”, tema mais atmosférico, e que contém um dueto com a cantora soul P.P. Arnold que mais tarde o acompanhou ao vivo na digressão de “In The Flesh”. Os duetos continuam na acústica “Watching TV” com uma aparição inesperada de Don Henley dos Eagles. Curiosamente a parelha de vozes destes senhores multi-milionários acaba por resultar na história da rapariga chinesa que foi esmagada pelos tanques de Tiananmen em 1989.
O disco em jeito de ópera-rock segue num crescendo e depois de “The Bravery of Being Out of Range” temos os majestosos e mais longos “It’s a Miracle” e o tema homónimo que empresta o nome ao disco. Ao contrário do macaco que fica entretido para sempre com o estado do mundo, Waters demorou alguns anos a recuperar dos traumas psicológicos que sempre o afetaram (nomeadamente a perda do pai com a tenra idade de um ano). Mas felizmente a história conheceu um final feliz. Em 1999, após 12 anos de ausências das digressões (apenas apareceu na encenação de “The Wall” em 1990 em Berlin), Waters cresceu e apareceu.
Desde então nunca mais parou, e em 2017 publicou finalmente o sucessor (digno) de Amused: Is This The Life We Really Want?. Quanto às canções do disco de 1992, Waters tocou a sua maioria nos dois concertos que deu na altura no Pavilhão Atlântico. E que bem que elas soaram ao lado dos clássicos habituais dos Pink Floyd. Pois dizem os fãs acérrimos de Waters que Amused To Death é a peça final do puzzle de uma suposta trilogia que começou muitos anos antes com The Dark Side of the Moon e The Wall.
Roger Waters – Radio K.A.O.S. (1987)
No mesmo ano em que os Pink Floyd lançam o primeiro disco sem a sua participação, Roger Waters continua a sua senda anti-guerra, obedecendo à sua matriz de álbum-conceito, mas, desta vez, o resultado final não foi tão bem aceite como os seus trabalhos anteriores.
Considerado por muitos fãs e críticos como o génio criativo dos Pink Floyd após a saída de Syd Barrett, Roger Waters foi responsável pelos conceitos dos seus discos mais incontornáveis e escritor das mais emblemáticas canções. Quando a banda começou a dar sinais de divórcio, Waters decidiu que era a hora de acabar com ela. Os outros, especialmente Gilmour, acharam que não e decidiram continuar, arrastando-a para uma certa mediocridade, expressão nunca antes utilizada para descrever Pink Floyd.
Neste novo mundo, e sem o apoio da sua banda de sempre, Roger Waters lançaria The Pros and Cons of Hitch Hiking, projecto que já teria sido proposto aos Pink Floyd na altura de The Wall e que apresentava como conceito uma crise de meia-idade; a autópsia de um casamento a ruir; a traição, o desejo, a culpa. Estavam lá todos os ingredientes que fizeram de Waters o homem do leme nos últimos anos dos Pink Floyd.
Em 1987, porém, o som que marcava a década era muito mais pop e Roger Waters não conseguiu fugir dele, tal como os seus antigos companheiros o fizeram no primeiro disco sem a sua participação. A diferença entre os discos é que Waters consegue fazer um disco conceptual, com significado, mesmo piscando o olho ao som do momento.
O conceito de Radio K.A.O.S. é fora do comum. Conta a história de Benny, mineiro galês e do seu irmão gémeo, Billy, um jovem deficiente em estado vegetal numa cadeira de rodas. Benny é um amante de rádio amador e todas as noites Billy escutava as transmissões do seu irmão. Uma certa noite, Benny leva Billy para uma noite de copos pela vila. Levemente embriagado, Benny revolta-se ao ver uma loja cheia de televisores a mostrar a primeira-ministra Margaret Tatcher e, em forma de protesto, resolve assaltar a loja, levando um telefone portátil. Desiludido com a vida, Benny sobe para o parapeito de uma ponte. Nessa mesma noite um motorista é morto por uma pedra atirada de uma ponte similar. Benny é acusado do crime e é preso, não sem antes esconder o telefone debaixo da cadeira de rodas de Billy. Curiosamente, Billy tem um talento diferente de todas as outras pessoas. Recebe ondas de rádio dentro da sua cabeça e começa a explorá-las neste seu novo instrumento, o telefone portátil. Sem a protecção de Benny, Billy é enviado para Los Angeles, para casa de um tio que esteve envolvido no projecto Manhattan. O Tio David também é adepto do rádio amador e Billy começa a utilizar os seus novos talentos para comunicar com Jim, um renegado DJ de rádio e tornam-se amigos. Tatcher e Reagan bombardeiam a Líbia e Billy acha que se atingiu o limite. Com o seu poder, Billy encontra uma maneira de manipular os sistemas de mísseis de todo o planeta de modo a simular um ataque nuclear, um acto que serve para assustar o mundo. Confuso? Roger Waters fornece, no velhinho booklet, um guia explicativo, que juntamente com as letras, dão uma ajuda a navegar pelo álbum.
Narrativas à parte, é a música que nos dá a história do disco. Enérgica onde Hitch Hiking era bastante lânguida, mas sempre íntegra e convincente, efeito similar ao que obtemos quando “Not Now John” entra a cortar a sonolência de The Final Cut. Radio K.A.O.S é, certamente, o disco mais pop de Roger Waters, mas consegue manter os princípios básicos da sua música, em que se destacam a pop otimista de “Radio Waves”, a depressiva “Me or Him” ou a áspera “The Powers That Be”. A última faixa, “The Tide Is Turning (After Live Aid)”, outro dos pontos fortes do álbum, é uma balada que vislumbra uma pequena esperança de futuro num mundo que parecia estar condenado.
Radio K.A.O.S é envolvente e ambicioso, como sempre foi apanágio de Roger Waters, e a cada audição conseguimos detectar pequenas nuances. Do seu catálogo a solo, será o disco mais fácil para começarmos a descobrir o seu mundo.
Apesar de ter um conceito bizarro e ser um disco claramente ligado a uma década e a um som muito particulares, a mensagem continua, como sempre, forte e actual. Curiosamente, Radio K.A.O.S. não seria muito bem recebido pela crítica, tendo vendido pouco e afectado, e muito, os seus concertos. Para agravar a situação, Waters via os seus ex-companheiros a embarcar em tournées esgotadas e a ganhar milhões.
Mais de trinta anos depois do seu lançamento original, Radio K.A.O.S. acabou por envelhecer melhor do que se pensava, não envergonhando ninguém, nem os fãs de Roger Waters, nem os dos Pink Floyd.
Pink Floyd – The Dark Side Of The Moon Immerse Edition Boxset (2011)

“Não existe lado oculto da lua. De facto é tudo negro.”
Para os verdadeiros fãs, as edições remasterizadas (revistas, aumentadas e especializadas) são um autêntico achado arqueológico (e um bom sinal de investimento na carteira). Não só permitem ter uma visão quase total sobre o processo de criação da obra, como de vez em quando trazem à luz algumas pérolas que se julgavam perdidas nos confins dos baús dos sótãos das editoras.
No caso desses “gigantes adormecidos” Pink Floyd, o formato “super-deluxe” não é apenas uma edição “chapa 4” para tentar captar novos fãs ou atrair algum mais distraído julgando-se tratar de novas músicas. Serve essencialmente para espalhar ainda mais o lastro numa supernova musical com mais de 40 anos de existência.
Na maioria destas edições expandidas, temos dois discos, no máximo três. Veja-se o exemplo dos relançamentos recentes de Nevermind dos Nirvana ou de Achtung Baby dos U2.Com os Floyd temos nada mais, nada menos do que uma caixa contendo seis discos. Três CDs áudio, um Blue-ray e dois DVDs Uma gigantesca fanfarra muito apetecível, mas que não está ao bolso de qualquer carteira. Quem tem dinheiro compra a caixa por 150€. Quem não tem…contenta-se em ouvir um som de qualidade duvidosa num qualquer serviço de streaming.
Claro que no caso desta banda específica, o pobre sai a perder porque perde “o sentir” da embalagem, “o visualizar” das obras icónicas de Storm Thorgerson e uma data de pormenores que só quem gosta de mergulhar a fundo no universo místico dos Pink Floyd é que sabe o que realmente isso é.
Com tanto à disposição o pobre desconfia. Afinal foram muitos os anos que estivemos à espera de uma coisa destas. Ou como diz a letra de “Time” (a canção que nos põe sempre a pensar na vida): “And then one day you find ten years have got behind you..No one told you when to run, you missed the starting gun”. O sempre céptico, poeta, Roger Waters sabia do que andava a escrever em 1972.
O que porém os Pink Floyd de certeza que não sabiam era do efeito que este disco (que começou por ter o título inicial de “Eclipse”) iria ter no resto das suas vidas quer como músicos quer como indivíduos. Parecia que quanto mais eles queriam desprezar o dinheiro (“Money get away…”) mais as rádios passavam o single “Money” gerando vendas astronómicas do disco por todo o mundo. Só na tabela norte-americana Billboard Dark Side detém um recorde inimaginável com mais longevidade que já ultrapassou as 741 semanas consecutivas!
Mas concentremo-nos no melhor que há nesta versão titânica da obra-prima: a música. Escutemos a versão alternativa do disco. O lado oculto da criação. Ponham o terceiro CD áudio, o tal que contem uma versão integral do disco com uma mistura do engenheiro de som Alan Parsons.
Lá está o Dark Side mais cru, mas com mais sentimento, sem grandes orquestrações, overdubs ou coros femininos. A magia já lá está toda, mas ainda faltavam sacar uns coelhos da cartola. É o caso de “The Great Gig in The Sky” aqui ainda sem a voz de Clare Torry, mas com as vozes dos astronautas da missão “Apollo 13”. Talvez na altura isto tivesse feito mais sentido para uma obra que deveria ser o supra-sumo dos reis do rock espacial.
E falta também aqui o pormenor das “vozes” que dão consciência ao disco. Um processo que só foi acrescentado na mistura final do produto. Porém os risos que se ouvem nesta versão da perturbante “Brain Damage” são muito mais violentos daqueles que estamos habituados.
Terminada a versão alternativa ainda há mais sete faixas bónus. E aqui é que reside o verdadeiro “Saurceful of Secret”. O santuário sónico dos Pink Floyd que durante anos foi a Meca dos “bootlegers”, os piratas do som.
A começar por “The Hard Way” uma faixa que sobrou do projecto falhado –“ Household Objects” – na qual os Floyd pretendiam gravar um disco inteiro usando garfos, facas, borrachas, copos e outras coisas que tais. A avaliar aqui pela amostra se tivessem sido persistentes talvez tivessem inventado outro género musical à margem de Stockhausen.
Também de se escutar é o melancólico “Us and Them” com Richard Wright a solo no piano. Um tema muito triste, mas ao mesmo tempo muito forte que começou a ganhar vida uns anos antes sob a forma de “The Violent Sequence” no filme de Antonioni: “Zabriskie Point”. Na altura (1969) completamente vetado ao abandono.
Mais experimental tem aqui um instrumental chamado “The Morality Sequence”, uma versão ao vivo de “Any Colour You Like” (com direito a grandes solos de David Gilmour) e a famosa jam “Travel Sequence”, que mais tarde seria descartada em favor dos ambientes mais hipnóticos e futuristas dos primeiros sequenciadores electrónicos de “On the Run”.
Para terminar em beleza, há a versão acústica de “Money” com Waters ao leme. Uma composição tipicamente “blues” e que soa quase descaradamente adolescente.
Faltou “apenas” incluir a versão inicial, acústica de “Time”. O que prova que os Pink Floyd ainda não deitaram todos os segredos cá para fora. Talvez haja mais uns truques fora da manga. Só não lhes peçam mesmo é para baixar os preços destas edições, porque tal como refere a letra de Money: “it’s no surprise that they’re giving none away…”
Neil Young – After the Gold Rush (1970)

Em After the Gold Rush, Neil Young descobre-se pela primeira vez um melodista fora de série. São melodias memoráveis, umas atrás das outras, sem qualquer gordura no entremeio. Só filé mignon.
O que é mais importante na música pop? A técnica dos executantes? O bom gosto dos arranjos? O arrojo experimentalista? Todos esses elementos têm a sua relevância; mas se a fundação de um edifício estiver mal construída não há pintura da fachada que lhe valha. A estrutura da casa é, claro, a própria canção. Nenhuma manobra de diversão estética pode redimir uma melodia desinspirada ou uma letra medíocre.
Ora o que mais chama a atenção em After the Gold Rush é, justamente, a solidez dos seus alicerces- a beleza das suas canções. O disco anterior (Everybody Knows This is Nowhere) é brilhante na vitalidade da sua expressão (com os Crazy Horse a chegarem a sítios inacreditáveis, onde mais ninguém consegue chegar), mas não tinha, apesar de tudo, um lote tão vasto de canções tão inspiradas. Em After the Gold Rush, Neil Young descobre pela primeira vez a sua veia de melodista. São melodias memoráveis, umas atrás das outras, sem qualquer gordura no entremeio. Só filé mignon.
E o que faz uma canção ser memorável? Porque é que da primeira vez que ouvimos “Only Love Can Break Your Heart” já a estamos a cantarolar? Porque é que basta ouvir o tema-título uma única vez e ele fica gravado no nosso córtex auditivo para todo o sempre? Por várias razões, entre as quais a sua depurada simplicidade. Só um artista tão complexo como Neil Young consegue chegar a melodias tão magicamente simples. Na álgebra da pop, é bom lembrar, menos é sempre mais.
After the Gold Rush tem outra virtude: criou o molde para o maravilhoso Harvest, o clássico que se lhe seguiu. Dois álbuns unidos pela mesma inventividade melódica, pela mesma doce melancolia, pela mesma simplicidade country e folk. Mas o disco pai é, apesar de tudo, um pouco superior. Harvest esborrata dois temas com as orquestrações estridentes de Jack Nitzsche. After the Gold Rush nunca incorre na vulgaridade de gritar aos nossos ouvidos.
Se o disco anterior é dominado pela violência roqueira à Stones, After the Gold Rush segue a tradição do mestre Dylan, a da intimidade de um cantautor. Mas Young, impaciente, não consegue resistir a rockar em dois temas: o furioso “Southern Man” e o despenteado “When You Dance I Can Really Love”. A excepção que confirma a regra num disco dominado por baladas bucólicas e introspectivas.
Young foi tão feliz neste regresso à pura canção que uma segunda vaga de singer-songwriters explode em seu redor. É o tempo em que Joni Mitchell, Jackson Browne e Carole King escrevem as suas obras-primas, aclamando Neil Young como seu mentor. Mas o canadiano nunca se deu bem com movimentos e etiquetas. Sacudiu as mãos papudas que o queriam prender e seguiu sozinho o seu caminho.
Unknown Mortal Orchestra – Sex & Food (2018)

Ao quarto capítulo da sua discografia, os Unknown Mortal Orchestra não deixam de fascinar, mas perdem alguma da definição que lhes vinha trazendo progressivamente novos fãs.
O projecto de Ruban Nielson saltou para os ouvidos dos conhecedores com o extraordinário II, de 2013, com o seu psicadelismo a conquistar-nos pelas melodias, arranjos lo-fi e um charme old school que nos levava para outros tempos. No passo seguinte, Multi-Love, de 2015, as guitarras do passado misturaram-se com os sintetizadores e até um inesperado sentido funk, deixando os Unknown Mortal Orchestra mais perto do que nunca de um reconhecimento mainstream. A questão seria sempre o que fariam a seguir, agora que estavam com um pé na porta da divisão maior das bandas rock actuais?
A resposta nunca seria fácil nem sequer poderia agradar a todos. Ou faziam mais do mesmo, ou aprofundavam o som do disco anterior numa espécie de Currents, ou recuavam para caminhos mais experimentais. Entre estas tendências, a última acabou por falar mais alto.
O primeiro avanço para este disco foi “American Guilt”, que insinuava um rumo mais duro, mais sujo, pelo de guitarras distorcidas. E sim, há disso por aqui. Mas há também ecos do funk minimal recém-descoberto, como em “Hunnybee”, a lembrar a construção de um certo pop mascarado de hip-hop, feito de subtileza de estúdio mas apenas elevado a algo mais relevante quando a guitarra de Nielson arranca um solo confiante que, no entanto, acaba por parecer desperdiçado num tema que lhe é estranho.
Sex & Food tem muito disto, pérolas escondidas no meio de coisas banais, às vezes, e de detritos, noutras. Já a lenta – e de soturna letra – “Chronos Feasts on His Children” é uma curta vinheta de doce instrumental como os UMO já nos habituaram.
Segue-se a narcotizada e narcotizante “The Internet of Love (That Way)”, que se arrasta num murmúrio de solidão, com “Everyone Acts Crazy Nowadays” a levar-nos, com a sua bateria electrónica, de volta ao universo de Multi-Love. Depois aparecem coisas como “Not In Love We’re Just High”, que tem no centro uma melodia óptima que podia ser um single de Stevie Wonder, se Stevie Wonder quisesse deliberadamente boicotar a sua própria carreira.
Essa é uma das conclusões de Sex & Food, a desconstrução e até destruição de algumas músicas, enterradas sob uma montanha de efeitos e de soluços de estúdio. Algo que sempre foi típico dos UMO mas que, por vezes, impede de ver, na sua plenitude, a beleza das melodias que estão sabotadas, por baixo.
Sex & Food é, assim, um disco que vai a muitos dos universos já visitados anteriormente mas que se recusa a ser linear e a deixar-se compreender facilmente. Um álbum rarefeito e solitário, que nos mostra um Nielson a fazer a música que quer fazer, sem qualquer cedência a um eventual desejo de subida de divisão. Longe ficam as malhas psicadélicas e algo soalheiras de que tanto gostamos, sacrificadas perante uma recusa de uma linearidade, algo que, a partir de agora, não mais devemos esperar dos Unknown Mortal Orchestra. O que não tem nada de errado.
Os pontos-extra que merece pelo arrojo e pela identidade perde-os, talvez, por algum excesso de estúdio e de efeitos sabotadores, como alguém que quer esconder a sua própria genialidade,sem o conseguir por inteiro.
EDEN ROSE ● One Way to Eden ● 1970 ● França [Psychedelic Prog]
EGG ● Egg ● 1970 ● Reino Unido [Canterbury Sound/Symphonic Prog]
Diferente de qualquer outra coisa no álbum, "Blane" investiga o mundo bizarro e esquisito da manipulação eletrônica e experiências bizarras. A faixa balbucia, bloops e buzina por mais de 5 minutos e ainda oferece momentos de melodia suficientes para manter o ouvinte aterrado, apesar da intensa desolação industrial que a encerra. "Movement 3" foi removido do álbum original lançado em 1970, provavelmente devido a limitações de tempo, mas está de volta ao seu local original previsto nas novas versões remasterizadas em CD do álbum. Nitidamente justificado devido ao fato de ter emprestado muito do clássico Stravinsky (e tinha problemas legais por causa disso), mas ainda fornece uma série decente de corridas de órgãos, bateria e baixo e soa como algo saído da cartilha de Gustav Holst de suas suítes orquestrais em "Os Planetas". "Movement 4" continua com uma mistura mais Rock de drum and bass com os órgãos pontuados para adicionar um pouco de melódico de vez em quando, mas este é o local em que Brooks mostra suas habilidades de bateria e ele arrasa! Os CDs mais recentes têm duas faixas bônus "Seven Is A Jolly Good Time" e "You Are All Princes", que valem a pena, pois se encaixam perfeitamente no fluxo do álbum original.
FOCUS ● In and Out of Focus/Focus Play Focus ● 1970 ● Holanda [Eclectic Prog]
FRUMPY ● All Will Be Changed ● Alemanha [Heavy Prog]
Após a curta faixa de abertura "Life Without Pain", um Soul de altíssima qualidade, seguem "Rosalie, Part 1/Otium/Rosalie, Part 2", três faixas interligadas compondo uma peça muito dramática cheia de ótimos solos de hammond e vocais Blues de Rumpf. Com "Indian Rope Man", o álbum atinge de cheio o ouvinte com sua melodia cativante. "Morning" é mais uma peça cheia de energia. As faixas "Floating part 1"/"Baroque"/"Floating part 2" é mais uma peça "atormentada" por solos longos e experimentais, o lado Progressivo da banda e que conta com um bom solo de bateria. O lançamento em CD têm duas faixas bônus, que soam bem diferentes e com uma guitarra, remetendo ao o segundo álbum da banda, uma vez que o guitarrista Rainer Bauman se juntaria a eles.
Certamente um produto de seu tempo, com aquele som cru típico que apenas bandas alemãs elevam a uma forma de arte, o álbum de estréia do FRUMPY é um álbum totalmente Prog que merece ser ouvido.
01. Life Without Pain (3:50) ◇
02. Rosalie, Part 1 (6:00) ◇
03. Otium (4:22)
04. Rosalie, Part 2 (4:14)
05. Indian Rope Man (3:19) ◇
06. Morning (3:24)
07. Floating, Part 1 (7:39)
08. Baroque (7:36)
09. Floating, Part 2 (1:25)
Time: 41:49
Bonus Tracks (1991/2008) CD:
10. Roadriding (1971 Single) (4:02)
11. Time Makes Wise (1971 Single) (2:49)
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